sábado, 26 de dezembro de 2015

Somos todos Bantos!

Retrato de uma negra
por Rugendas
E  pesquisa daqui e dali. A cada dia a ciência vem nos dar mais um esclarecimento: A grande população brasileira é de origem Bantu. Bantu? Quem eram estes tais... "Bantus"?

Bantu, que em língua africana significa "homem", constituía um grupo etnolingüístico, isto é, que falavam determinada língua, localizados na África Sub saareana e tem como língua materna o Yorubá*.

Nossos ancestrais

Em 29 de maio de 2007 o médico geneticista Sérgio Danilo Pena, professor titular de bioquímica da Universidade Federal de Minas Gerais, num estudo, indicou que a maior parte dos ancestrais do grupo analisado, isto é, Bantu, veio do Centro-Oeste da África, região que inclui Angola, Congo e Camarões - seguida pelo Oeste (Nigéria, Gana, Togo, Costa do Marfim) e pelo Sudeste africano.
O que tem a ciencia a nos dizer? Tenham paciência, vamos lá.


Ácido Desoxirribonucleico, o... DNA para os íntimos

Retratos de negros de diferentes nações africanas
no Brasil, por Rugendas
Palavrão? Não! O tal DNA, (do inglês Desoxirribo Nucleic Acid) é o composto orgânico  que contém informações e que coordenam o desenvolvimento e funcionamento de todos os seres vivos e  transmitem as características hereditárias de cada ser vivo.

E segundo o professor que organizou o estudo e que analisou o tal DNA dos indivíduos brasileiros, 44,5% tinham uma ancestral no Centro-Oeste da África, 43%, no Oeste da África e 12,3%, no Sudeste, na região onde fica hoje Moçambique.

400 anos!

Ha um chamado "marcador de linhagem" no DNA e que é passado pela mãe para os filhos. Na prática, o DNA de uma africana que viveu há 400 anos é idêntico ao de um descendente no Brasil, se não tiver havido nenhuma mutação.

Apesar de ter sido feito em um grupo de negros em São Paulo, o estudo tem uma representatividade nacional porque, com as migrações internas, durante e após a escravidão, a cidade se tornou, de certa forma, um caldeirão genético do Brasil. Segundo Pena, a maior parte dos resultados confirma teses históricas sobre o tema, inclusive a descoberta mais recente de estudiosos de que Moçambique teve uma contribuição muito mais expressiva do que se acreditava antigamente.

Para chegar aos números para cada região, Pena analisou as linhagens materna e paterna dos 120 indivíduos que participaram do estudo. O objetivo era chegar aos seus ancestrais mais distantes dos dois lados. Isso é possível pelo estudo do cromossomo Y, que só passa de pai para filho, e do DNA, que é herdado (pelos dois sexos) da mãe.

Esses marcadores de linhagem, salvo casos de mutação, não se misturam com os outros genes e mantêm-se praticamente inalterados ao longo das gerações. Assim, um negro brasileiro 'carrega' no cromossomo Y informações genéticas do seu ancestral masculino de diversas gerações anteriores e no DNA da ancestral feminina.

Então membros da Familia Ayres, ha 400 anos os nossos genes estão aprisionados em cada célula do vosso corpo. Somos todos, em parte, descendentes de africanos, não ha sombra de dúvidas.

As nossas origens nas Minas Gerais

Retrato de negros de diferentes nações africanas
no Brasil, por Rugendas
O tráfico de escravos no Brasil se deu em ciclos: No século 15 vieram negros da Guiné, no século 17 de Angola. No ciclo chamado de Benin e Daomé, no século 18, chegaram negros das nações Yoruba, Jeje, Minas, Haucás, Tapas e Bornus. Quando o tráfico foi reprimido pela Inglaterra (1815-1851) os comerciantes de escravos, para fugir à fiscalização, passaram buscar rotas alternativas ao tráfico tradicional do litoral ocidental africano e passaram a capturar escravos em Moçambique. Uma grande parte deles foram servir aos seus senhores, como Justinianna Maria da Conceição, na Província de Minas Gerais.

Na história tráfico de escravos poucas crianças e jovens foram trazidos para o Brasil. Claro, os senhores de escravos que os compravam precisavam deles como mão de obra, braços para a lavoura e o duro trabalho nas minas. Então é de se esperar que Justinianna Maria da Conceição que em todos os registros é dada como "escrava" e portanto negra tenha nascido no Brasil. Ela é  uma das mais antigas ancestrais da Família Ayres até agora encontrada, nascida por volta do ano  de 1843. João José de Lima e Silva  (1798-1875) continua ainda sendo o nosso mais antigo ancestral, o avo  de José Ayres de Lima, o Trançador. Neste período histórico que  Justinianna nasceu e viveu, o tráfico de escravos já havia sido proibido, mas sua filha  Sabina Maria da Conceição, como a maioria dos negros escravos, teriam que esperar mais 50 anos para que  fossem libertos de seus grilhões.

De minha bisavó, Sabina, bem, eu a tenho na lembrança. Um retrato dela pousava na cabeceira da cama de vó Gervásia. Ela tinha um semblante sério, rosto longilíneo, duas finas trancinhas eram unidas no alto da cabeça. Infelizmente este retrato se perdeu e somente alguns da família o teem na memória, como eu. O fato é que Sabina era uma mulata, mistura clássica dos genes de negro com branco e muito bonita, segundo contam.

Então se você tem cabelo castanho, preto ou loiro, enroladinho ou liso, olhos castanhos ou azuis, negro, moreno, branco ou "foveiro", isto é aquela cor misturada, tudo é culpa do tal DNA. Esse código todos nós trazemos em cada célula do nosso corpo, portanto não podemos lavar nem arrancar de nós. Ele é a nossa marca registrada e vem de lá, quando o óvulo da mãe é fecundado pelo espermatozóide do pai.

Não podemos fugir as nossas origens, queiramos ou não a Familia Ayres tem uma perna direta no continente africano e a outra na Europa. Mesmo que não tenhamos mais os traços que caracterizam a raça negra, como cor negra da pele, cabelos encaracolados, temos no nosso sangue, nos genes o tal DNA herdado de Justinianna. Ah virão, estamos todos misturados mesmo neste imenso caldeirão genético e cultural. Isto é Brasil.

Canção de inverno

A pesquisa acima vem então confirmar um pequeno acontecido vivido quando criança: Tive o privilégio  de chegar a ouvir minha avó Gervásia Maria Ayres cantar quase sussurando em Yoruba*, sentada na varanda da sala  tomando sol, numa fria manhã  de maio.
Expliquei?

Desenhos: Rugendas: Viagem Pitoresca atravez do Brasil
*Yorubá era a língua falada pelo povo provindo da  hoje Nigéria, Benin e Togo denominados de Nagô, que foram trazidos e escravizados em massa no Brasil no ano de 1800.

Bibliografia: Francisco Vital Luna, Herbert S. Klein- Economia e sociedade escravista Minas Gerais e São  Paulo em 1830

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Geralda, a primeira netinha da vovó Gervásia

Caros membros da Família Ayres. Hoje publico com exclusividade a foto de Geralda dos Santos Ayres, a filha mais velha de José Ayres com Alzira dos Santos Ayres, sua primeira esposa, e consequente a neta das netas, pois foi ela filha primogênita de José Ayres, assim como ele também filho primogênito de Gervásia.
Parece  que Geralda teve uma infância feliz e foi bem cuidada pela mae, que a vestiu para posar para o fotógrafo com este laço espetacular na cabeça. Era moda.
O ramo da Família Ayres se multiplicou em direção ao Rio de Janeiro, mais precisamente em Nilópolis, onde grande parte de seus descendentes hoje vivem.  Assim sendo Geralda é a primeira neta  de Gervásia Maria da Conceição, bisneta de Sabina Maria da Conceição  e neta de 3° grau de Justiniana Maria de Jesus.


Caxambu, 1933
O lado oposto da foto.




Aqui a certidão de nascimento de Geralda, nascida no dia 31 de janeiro de 1930 e  batizada na Igreja Nossa Senhora dos Remédios de Caxambu, Minas Gerais em 1° de maio do mesmo ano. Seus padrinhos de batismo, Silvio Aires de Lima, escrito sem o "y",  na foto ao lado, o tio Silvio e Ana dos Santos.