sábado, 31 de outubro de 2015

A salvação do galo ou estórias do outro mundo



Encontro com Dona Regina, proprietária de imóveis no centro da cidade de Caxambu,  se surpreendeu ao saber que eu era neta de Gervásia Maria da Conceição, a vó Gervásia, e do baú retira as lembranças que vão mais que meio século. E com toda a vivacida descreve o contato com membros de nossa família e de outros parentes como a tia Mercedes Soler.
Um encontro do... "outro mundo".

Cenas gravadas em fevereiro de 2006 em Caxambu.

domingo, 11 de outubro de 2015

Salviana e Cecílio. Casa grande e sensala enfim unidos!




A expressão "Casa grande e Senzala", é o título de um livro escrito por Gilberto Freire, publicado em 1933 sobre a formação social brasileira. Nele Freire fala sobre a miscigenação entre os brancos, principalmente portugueses, dos negros procedentes de várias nações africanas e os índios no contexto do Brasil Colónia, onde o donos de terras eram considerados donos de tudo que nela se encontrasse, escravos, parentes, filhos, esposa, amantes, padres, políticos...

Alguma coincidência com a história de nossa família? Não temos nenhuma dúvida. Assim foi constituída a Família dos Ayres em seu primórdios. E para quem esta iniciando a leitura deste texto, ha outros que complementam esta visão no "Blog da Família Ayres".

A que penas esta "democracia racial se formou o Brasil? Criticamente temos que dizer que esta miscigenação não foi feita com dignidade e sim a custa de opressão, moral, sexual, principalmente das mulheres negras; uniões mantidas a força, crianças concebidas sem pais, o que confirma em muitos registros de nossos antepassados. No caso de Justiniana, que concebeu Sabina, segundo a nossa biblioteca familiar Célia de Lima, o responsável foi o capataz da fazenda. Nos meus registros até agora foram 4 filhos: Camilo Ferreira Junior, Salviano Cândido, Sabina Maria da Conceição e Salviana da Conceição. Com sua filha Sabina aconteceu o mesmo: Ela teve filhos de diferentes parceiros, alguns deles nos levam a suspeitar que foram concebidos do cunhado seu proprietário, João Ferreira Simões, Bernardino Lopes de Faria, casado com Elvira Ferreira Simões em outra história ja aqui relatada.

Cecílio e Salviana, alguém já tinha ouvido falar?

E depois de muito procurar os arquivos nos presentearam outra história, o casamento de Cecílio José de Souza com Salviana Maria da Conceição. Gentes, e que história! Na verdade  o caso só veio a tona, quando achei a certidão de casamento dos dois, com todos os nomes, não dando chances ao acaso nem de serem confundidas com outras pessoas: Eram os "Ayres" aqui misturado com os "Conceição".
Mas quem seriam estes personagens? Cecílio? Ninguém ouviu falar nele na família, nem mesmo a Tia Célia! Pois ele era um dos filhos de José Fernandes Ayres, pai de José Ayres de Lima, o Zé Trançador.  A outra? A Salviana, filha de Justiniana Maria da Conceição, mãe de Sabina Maria da Conceição. Pronto, embaralhei a cabeça de vocês. Confuso? Não! Casa grande se uniu definitivamente à senzala. Vamos por partes, vamos por partes:


Justiniana, se recordarmos bem, foi de propriedade de João  José de Lima e Silva, aquele senhor de escravos, constado no Censu de 1838 vindo de Pouso Alto e instalando-se mais tarde no bairro do Chapeu na zona rural de Baependi, e que em algum tempo foi vendida para João  Ferreira Simões.

João  José de Lima e Silva por sua vez casou-se com Joana Maria Ribeiro de Lima, (vide no gráfico) que foi mae de  Maria de Souza Lima, e ela mãe de José Ayres de Lima, o Trançador, que casou com Gervásia Maria da Conceição, portanto neta de Justiniana. Para esclarecer cada personagem, teremos que colocar este povo todo num gráfico; Cecílio e Salviana estão em verde e amarelo no gráfico; estou ficando expert em gráficos, para vocês melhor acompanharem o raciocínio.  As setas em vermelho indicam a linha matrilinear




Cecílio e Salviana casaram-se aos 23 de maio, que é considerado mês das noivas, numa fria segunda feira do ano de 1898, em Baependi, com temperatura registrada no jornal "O Baependiano" de  7,8°. O casamento aconteceu praticamente dez anos ano após a assinatura da Lei Áurea, que aboliu a escravidão, tendo como testemunhas o juiz de Paz e político ativo em Baependi, Antonio Pereira Gomes Nogueira e Ignacio Marques da Costa;  e assinaram Frausina Rodrigues Pinheiro e Maria Avelina da Conceição. Casaram-se como livres cidadãos, assim como sua mãe  Justiniana que se uniu a Pedro  Maria dez anos antes, em outubro de 1888. No quadro acima, coloquei Pedro não como  pai de Salviana, pois como consta na certidão que ela foi filha "natural" e o pai não era conhecido.





De Cecílio e Salviana até agora não encontrei mais rastros de suas vidas nem em Baependi, nem em Caxambu. Se mudaram para outra cidade? Tiveram filhos? Onde faleceram? Todas perguntas ficarão em aberto até que eu novamente por sorte ou não  os ache em algum arquivo perdido. Então, até a próxima.

Falecimento de Salviana

No dia 25 de marco do ano de 2016, numa sexta feira da paixão, acho a certidão de óbito de Salviana. Salviana faleceu em 18 de abril de 1903, aos 42 anos de idade, de uma lesão cardíaca, no Caxambu Velho. Assim o tempo continua a contar sua história...

Certidão de óbito de Salviana Maria da Conceição, 

Relação de parentesco na Família Ayres

Cecílio José de Souza é irmão José Ayres de Souza Lima, o Trançador   casado com vó Gervásia Maria da Conceição.
Salviana Maria da Conceição  é irma de Sabina Maria da Conceição e tia da vó Gervásia, por parte de mãe.

Fonte: Wikipédia
Foto: George Leuzinges, Instituto Moreira Sales, Fazenda Quititi 1865, Rio de Janeiro