domingo, 25 de dezembro de 2016

Bella`s Ayres



Desde  2 de agosto de 2013, o nome do Ayres estampa na placa do  Salão de Beleza, do bairro Santo Elias Mesquita, Rio de Janeiro.  A descendente de 5° geração de  José Fernandes Ayres com Maria Ribeiro Souza Lima, Janaina Ayres, abriu o seu próprio negócio e leva o sobrenome para  além das Minas Gerais. Mas o embrião estava lá na cidade de Pouso Alto...

A moça tem pedigree


Os avós de 5° grau
O blog da Família Ayres vem aqui resgatar o sobrenome dos Ayres na sua história. Bem, comecemos com os seus...  Bem os avós de 5° grau de Janaina, João José de Lima e Silva e Joana Thereza Ribeiro de Lima. Eles foram registrados no Sensu da cidade de Pouso Alto, no ano de 1839. Este é o mais antigo registro da Família Ayres, cedido gentilmente pelo Arquivo Publico Mineiro. Eles ja tinham 3 filhos, Virgolina Balbina de Lima, José de Lima e Joana Tereza Ribeiro. A sua avo de 4° grau, Maria Ribeiro de Lima, que se casaria com José Fernandes Ayres, o Trançador -pai, originando aí o ramo da Família  Ayres,  ainda não havia nascido até esta data.
Joao José de Lima e Silva, seu tatataravô foi um senhor de escravos. Por volta dos anos de 1850  se mudou para a região do Chapeu, hoje bairro da cidade de Baependi e la criou sua família.

Seus avós de 4° grau
José Fernandes Ayres e Maria Ribeiro de Lima.
Seu avo de 4° grau escreveu outra história. Ele foi tropeiro e possuidor de terras na cidade de Caxambu, que segundo contava-se na família ia deste onde é o bairro Trancador, que leva o seu nome até as divisas com a cidade vizinha Conceição do Rio Verde, terras porém perdidas em disputas jurídicas com a família Carneiro.

Seus avós de 3° grau
José Ayres de Lima o Trancador-filho foi agricultor e tropeiro, casado com Gervásia Maria da Conceição. Aqui um Ayres encontrou a ramificação dos "Da Conceição", isto é, ele casou-se com Gervásia Maria da Conceição, que fora filha Sabina Maria da Conceição e  que foi filha de Justiniana Maria de Conceição,  ambas escravas. A partir desse ramo que tem grande representação  na cidade e estado do Rio de Janeiro,  e que leva o nome para as novas gerações. 
Os filhos e filhas:
José Ayres, Silvio Ayres, Josino Ayres, Luiz Ayres,Mercedes Ayres/Soller, Maria Ayres/Rodrigues, Silvia Ayres/Diório, Palmira Ayres, Celia Ayres/Lima Araujo

Seus bisavós 
Seus bisavós moraram em Caxambu. José Ayres (foto)  casou-se de primeira núpcias com Alzira dos Santos Ayres. Ele exerceu a profissão de eletricista, na cidade de Caxambu até se aposentar. Casou-se de segundas núpcias com Arminda Maria Ayres.

José Ayres e Alzira dos Santos Ayres
Seus filhos e filhas:
Geralda dos Santos Ayres, Jane dos Santos Ayres, Eni dos Santos Ayres, Lindenberg dos Santos Ayres.



Seus avós 
Geralda dos Santos Ayres
Seus filhos e filhas
Jorge Ayres 

Seus Pais
Jorge Ayres e Terezinha Goncalves Ayres
Seus filhos e filhas: Jorge dos Santos Ayres, Janaina Ayres, Alexandre Ayres, Adriana Gonçalves Ayres, Anderson dos Santos Ayres Junior.




Mas muitas pequenas, grandes lutas foram sendo travadas antes de Janaína poder abrir o seu próprio salão. Ela trabalhava em eventos e cerimoniais,  quando aconteceu o divorcio, ha 6 anos atras.  Se vendo sozinha para criar os seus 3 filhos, Mariana Ayres Lima, Matheus Ayres Lima e Fernando Ayres Lima, resolveu ampliar suas rendas organizando um salão  de beleza.

O pai como força e inspiração 


Ela começou a administrando um salão de uma amiga e decidiu fazer um curso de cabeleireiro. O conhecimento acumulado serviu de base e experiência para o próximo passo. Assim confessa: "Impulsionada pela coragem e garra que recebi de meu pai, Jorge Ayres, criei o Ayres Bella`s. Criei este nome porque acredito na força  dele. Somos um Salão de bairro. Os serviços prestados são de corte, escovas, mechas, tratamento, alisamento, serviço de estética, manicure e pedicure, além de design de sobrancelha". Ah,  serviço completo de beleza. Bem visto aí na foto. Entra lá no salão  Gata Borralheira, sai Princesa!

Com o impulso de sempre estar se aperfeiçoando e poder dar aos seus clientes um serviço cada vez melhor, cursa atualmente no Instituto L`Oreal profissional, na cidade do Rio de Janeiro. O lema é: "Para melhor se colocar no mercado de trabalho e oferecer bons serviços". No futuro presente ampliar os serviços para outros pontos da cidade. O tempo não pára. Força Janaína!
Passem lá virtualmente! Rua Veronica, 45 Santo Elias, Mesquita, Rio de Janeiro 

Foto:
Mariana Ayres

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

veraneio caxambu 1952


Assim era uma das mais charmosas Estancias Hidrominerais, Caxambu, no ano de 1952.
Lutem para preservar o que restou.


sábado, 17 de dezembro de 2016

A nossa árvore de Natal, a árvore da vida



Esta é a nossa árvore de Natal, confeccionada por Anna Carolina Pereira Pinto, filha de Rosana Pinto Pereira. Para localizar vocês, a Anna Carolina pertence ao ramo dos Rodrigues Freitas, que não tem Ayres, pois a tia vó Maria José Ayres de Lima adotou o sobrenome do marido, Ramiro Rodrigues Freitas. Os descentendes hoje tem outros sobrenomes, mas são TODOS descendentes de José Fernandes Ayres, o Trançador-pai, casado com Maria Ribeiro de Souza Lima, que originou a Família Ayres.


Inspirada em nosso trabalho de recuperação da memória e historia de nossos antepassados, Anna Carolina fez uma colagem na parede de sua casa. Assim a história da família vai sendo passada para frente. Que muitas outras árvores venham crescer e florir. Ah, para lembrar ela traz o colar da trisavô Mariquinha, aquele colar que ela deixou de herança para as meninas. Depois falaremos desta preciosa herança. Aguardem! 
A todos familiares um feliz Natal, que a paz esteja no coração de todos e todas.


sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Izabel, a primeira escrava liberta na povoação de Caxambu


Sensacional! A primeira "alforria", ocorrida em Caxambu é datada do ano de 1871.  Estamos aqui mais uma vez contando  um pouco a história da cidade. A certidão foi descoberta pelo Blog da Família Ayres, que agora publicamos com exclusividade e a transcrevemos no texto abaixo.

O ato aconteceu na "Fazenda Caxambu", uma das duas que existiam na povoação; a outra era a Fazenda do Palmital. Bom lembrar que Caxambu não existia como Caxambu e sim como Freguesia Nossa Senhora dos Remédios. A Fazenda levou o nome da característica geográfica que marcou o lugar desde as primeiras visitas dos Bandeirantes, que procuravam ouro na região: o Morro de Caxambu. O morro foi marco de disputas territoriais acirradas por mais de 200 anos, entre Minas e São Paulo.

Para esse histórico evento haveria de ter sido realizado  dentro de um templo, mas Izabel  teria  que esperar, pois na época a Capela de Nossa Senhora do Remédios ainda estava sendo construída. Os batismos e casamentos eram registrados na paroquia da vizinha, Baependi. E na falta de um lugar para realizar as cerimonias, oratórios eram eregidos nas casas e fazendas,  como provavelmente aconteceu aqui. Os registros escritos eram feitos pelos párocos, assentados em livros e guardados nas Igrejas, e só vieram a ser feitos em cartórios, após a instalação da República, ou seja, em 1889. O Reverendo Marcos  Pereira Gomes Nogueira fez o batismo e o registro, consumando o ato da libertação da pequena Izabel, com duas testemunhas: Joaquim Roque de Souza e Pedro Simphronio Rodrigues de Castro,  moradores da povoação. Então...

Aos quatro dias do mês de julho de mil oitocentos e setenta e um anos nesta Fazenda do Caxambu, batizei e puz os santos olhos a Isabel, inocente, filha natural de Maria  escrava de Dona Maria Candida de Castro, nascida ha um mês mais ou menos: foram padrinhos: Pedro Simphronio Rodrigues de Castro, e a mesma Sra. Dona Maria Candida de Castro. E logo no mesmo acto compareceu perante mim a mesma Sra Dona Maria Candida de Castro, solteira, moradora e parochiana desta Freguesia, que ser ser a própria e por ella na presença dos testemunhas Joaquim Roque de Souza, e Pedro Simphronio Rodrigues, moradores e paroquianos desta mesma Freguesia, me foi dito, que sendo senhora e possuidora da supramencionada Izabel, muito de sua livre vontade e sem constrangimento de pessoa alguma a libertava na parte que tinha, para que hoje em diante gozasse de usa liberdade, como se nascida houvesse de ventre livre: do que tudo para constar faço este assento, que depois de lido e conferido perante a referia Sra Dona Maria Candida de Castro, e das testemunhas comigo e assinarão: 

Reverendo Marcos Pereira Gomes Nogueira
Malvina Candida de Castro
Pedro Simphronio Rodrigues de Castro
Joaquim Roque de Souza

Liberdade Liberdade

José Maria da Silva Paranhos,
Visconde do Rio Branco
Concedeu Maria Candida de Castro  alforria a Izabel por convicção?  Acreditamos que não, pois senão ela teria "libertado" também sua mãe, que era escrava. Alforria que no árabe significa "liberdade", era o ato pelo qual um proprietário libertava os seus próprios  escravos. Possivelmente ela seguiu os debates acalorados entre o Partido Conservador e o Parlamento, que em suas discussões tentavam tomar medidas para extinguir o trabalho escravo. A lei do Ventre Livre, também conhecida como Lei do Rio Branco, foi junto com a Lei dos Sexagenários, de 1887,  feita para atender uma "lenta e gradual" passagem da mão de obra escrava, para a mão de obra livre, atendendo as pressões dos agricultores. O projeto foi aprovado na Camara dos Deputados com 65 votos a favor e 45 contrários. Quem foi contra? Claro, os cafeicultores de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. O passo foi ainda muito tímido para colocar o fim na escravidão.

Maria Candida assinou o ato de libertação de Izabel, em 4 de julho, dois meses antes da aprovação final da Lei do Ventre Livre, em 28 de setembro de 1871, no Artigo 1: "Os filhos de mulher escrava que nascessem no Império desde a data desta lei serão considerados na condição de livres".

Izabel teve sorte, assim como vó Gervásia Maria da Conceição, que nasceu em 1881, dez anos após a proclamação da lei.  A minha bisavó Sabina Maria da Conceição (1865-?) porém teve que esperar pela Lei Áurea, assinada pela Princesa Izabel, em 13 de maio de 1888, que poz definitivamente o fim na escravidão.


Justinianna Maria de Jesus (1843-1913), minha trisavó, a Nana também precisou esperar pela lei Áurea. Ela se casou com Pedro Maria, em 20 de outubro de 1888, na condição de... "Libertos", escrito na certidão de seu casamento, uma jóia! Vejam abaixo.


Mas Izabel, você  ainda não é livre, ainda ... 

Mas... Segundo a lei do Ventre Livre, Izabel ainda seria mantida até 8 anos sob os "cuidados" dos seus ex-donos e até 18 anos para pagar "a educação que recebeu". Esta foi a forma encontrada para satisfazer os críticos da escravidão, sem prejudicar as lavouras e os interesses dos cativos. Izabel, homônima da princesa, teria que esperar.... Assim escrito:

LEI Nº 2040 de 28.09.1871 - LEI DO VENTRE LIVRE

Art. 1.º - Os filhos de mulher escrava que nascerem no Império desde a data desta lei serão considerados de condição livre.

§ 1.º - Os ditos filhos menores ficarão em poder o sob a autoridade dos senhores de suas mães, os quais terão a obrigação de criá-los e tratá-los até a idade de oito anos completos. Chegando o filho da escrava a esta idade, o senhor da mãe terá opção, ou de receber do Estado a indenização de 600$000, ou de utilizar-se dos serviços do menor até a idade de 21 anos completos. No primeiro caso, o Govêrno receberá o menor e lhe dará destino, em conformidade da presente lei.

Ah, as leis...

Fonte:
Arquivo Familia Search, Assentamentos paroquiais de Baependi.
Foto: Wikipédia: Alberto Henschel (1827-1882) - Ermakoff, George. Rio de Janeiro - 1840-1900 - Uma crônica fotográfica. Rio de Janeiro: G. Ermakoff Casa Editorial, 2006

domingo, 4 de dezembro de 2016

Celia Ayres de Lima, a candidata a Rainha da Primavera de Caxambu de 1945



Celia Ayres de Lima, nascia no ano que acontecia a Semana de Arte Moderna. O Brasil vivia turbulências políticas, sociais, econômicas e culturais. Na política, o país   era controlado pelas oligarquias cafeeiras e do outro lado da corda o capitalismo puxava o Brasil em direção à industrialização. Mesmo que os abalos sísmicos ainda não chegassem tão fortes à conservadora Caxambu, a cidade vivia as efervescencias da modernidade. No governo de Camilo Soares, em 1912, foram iniciadas reformas paisagísticas no centro da cidade, transformando a Hidrópolis em uma verdadeira jóia.  O Parque das Águas, com as obras do artista Chico Cascateiro  e os trabalhos de jardinagem de Ramiro Rodrigues Freitas tornavam a cidade ainda mais aprazível para seus habitantes e visitantes. De fato Caxambu esbanjava charme e elegância, uma Estancia Hidromineral em  plena ascensão, impulsionada em parte pela onda de turistas que frequentava a cidade, nas estações de veraneio.

Célia viveu parte de sua juventude na Caxambu dos anos 40, quando a sociedade ainda era extremamente conservadora e cheia de tabus. A rigorosa educação dada pelos pais não facilitava a vida dos filhos e filhas, nem da jovem Célia.

Célia Ayres de Lima, filha de José Ayres de Lima e Trançador -filho e Gervásia Maria da Conceição e  neta de José Fernandes Ayres, o Trançador-pai, aquele que emprestou o seu apelido ao Bairro Trançador da  cidade. Ela foi batizada, na Igreja Matriz Nossa Senhora dos Remédios, pelos padrinhos Argentino Ferreira Murta e  Maria da Conceição Machado, abençoada pelo Monsenhor José João de Deus. Ah,  o padrinho Argentino, ironias do destino, era neto de José Ferreira Simões, antigo proprietário de sua avó Sabina e de sua bisavó Justinianna, a Nana.

Seus avós e bisavós


Célia foi neta pelo lado paterno de Maria Ribeiro de Souza Lima (1841-1903) e  José Fernandes Ayres, o Trançador-Pai (1835-1897). Continuando na linha paterna, (isto é, os pais de Maria Ribeiro), seus bisavós João José de Lima e Silva (1798-1875), um senhor de escravo e Joana Thereza Ribeiro de Lima (1807-1860) que  foram cadastrados no Sensu da cidade de Pouso alto (foto), em 1839. Este é o mais antigo registro da Família Ayres e João José de Lima e Silva, o nosso mais antigo ancestral até agora encontradoque foi disponibizado gentilmente para o nosso Blog, pelo Arquivo Público Mineiro. Ele na época do registro contava com 41 anos, a esposa com 32 e seus 3 filhos (os tios avós de Célia): Virgolina Balbina de Lima, com 6 anos de idade, José Ignacio de Lima e Silva (1835-?), e Thereza Ribeiro de Lima (1837-?), que casaria com José Florencio Bernardes, "o homem dos raios". Sua avó, Maria Ribeiro de Souza Lima (1841-?), que se casaria com o José Fernandes Ayres, o Traçador-pai, ainda não havia nascido até esta data. A família se mudou para o Chapeo entre o anos de 1840 e 1850, hoje bairro de Baependi e la continuou a criar os seus filhos e netos.

Pelo lado materno, a coisa fica interessante. Ela foi neta de Sabina Maria da Conceição, escrava de Joao Ferreira Simões, e bisneta de Justiniana Maria da Conceição, também escrava. O curioso é que Justinianna, em algum tempo, entre os anos de 1860, foi propriedade de... João José de Lima e Silva, o bisavô de Célia pelo lado paterno. Isto comprova que as famílias eram vizinhas la no Chapeo e se encontravam, principalmente na Capela de Santo Antonio do Piracicaba, onde muitos de nossos antepassados celebraram seus casamentos, batizados e no cemitério ao lado enterraram pelos seus ente queridos. O João José de Lima e Silva, o bisavô de Celia foi enterrado lá, no ano de 1875.

Da periferia para o centro das atenções

Imaginemos a jovem Célia de pasta na mão indo para a Escola Normal Santa Terezinha,   passando em frente a bucólica pracinha arborizada, (foto). Sendo ela a caçula de 10 filhos de vó Gervásia, era cuidada pela irmã mais velha, a Mercedes que tinha o "comando" da casa,  e por sua decisão colocou-a no colégio. "Batia, a fantasiava para o carnaval e no natal, colocava os presentes para ela no fogão a lenha, pois o Papel Noel descia pela   chaminé", contou.

Escola naquela época ainda era para poucos. Foi uma das únicas filhas de vó Gervásia que chegou a frequentar uma escola, fato inédito para a Família  Ayres. Um verdadeiro privilégio! Assim a bela Célia se formou em Normalista e chegou a lecionar por 9 anos, no Grupo Escolar Padre Correia de Almeida. Mas... O que sobressaia nela era sua  beleza.  Para o bem e para o mal, refutou. A sociedade caxambuense não suportava que ela fosse bonita e "além de tudo" inteligente. Mas havia outro porém. Naquela época as "mais-mais" da cidade moravam "no centro" e ela na periferia.

Tanto ontem como hoje é levado a associar o lugar de moradia, ao status social das pessoas. Pois Célia rompeu todas as barreiras, mesmo "sendo da periferia". Namorava os rapazes mais bonitos, não os da cidade, e sim "os de fora", era uma moça culta, eleita a Madrinha do Tiro de Guerra e ainda subia nos palanques, para discursar nas festas comemorativas da cidade,  7 e 16 de setembro. Ufa! A moça era o diabo! Mas repetindo, pagou o preço pela sua fama e aparência. "Todos os dons que Deus lhe havia dado eram estavam mal empregados", no julgamento da sociedade caxambuense, simplesmente por ser de família pobre, dizia ela. As moças da família Mello estavam no lugar certo, ela  porém morava no lugar errado.

Mas como?

No ano de 1945, Celia se candidatou a  Rainha da primavera da cidade, promovido pelo Grupo Escolar padre Correia de Almeida para  arrecadar fundos para a cantina da escola. Quem vendesse mais bilhetes seria a vencedora. Os soldados, os quais a chamavam de "madrinha", entraram na campanha, vendendo bilhetinhos, arrecadando dinheiro para a festa. Chegou o grande dia. O baile para escolher a representante da cidade foi realizado, no salão do Grupo Escolar Padre Correia de Almeida. Uma das concorrentes era Nadir Mello, (foto) nada mais nada amenos que filha de Domingos Gonçalves Mello e  Henriqueta Mello, proprietários do Hotel Gloria e namorada de Jorge Curi, locutor da Radio Caxambu. Uma candidata "de peso", se comparada a gata borralheira Célia. Claro que ela perdeu para a Nadir, ficando em 2° lugar,  mas o que deu a falar no tal baile foi o vestido de organza azul que Célia trajava e a indignação de muitos, que ainda não tinham compreendido que o concurso não era de beleza e sim de quem mais vendeu votos. Mas como? A Célia é muito mais bonita! Bem, quase 70 anos após os acontecimentos, caros leitores, façam vocês mesmo o julgamento da boniteza das moças. Eu diria difícil, muito difícil...


Nadir Mello, 1958
Correção depois do texto publicado:

Aqui uma correção, o concurso não era de beleza e sim de quem vendia o maior número de bilhetinhos. Nadir conseguiu vender mais que Celia, por isso ganhou o concurso. A indignação foi de alguns que acharam que era concurso de beleza.

Agradecimentos:
Não podia ficar mais agradecida por recuperar esta história da Família Ayres a Julio Jeha que nos enviou a foto de sua também bela tia, Nadir Melo/Curi. Viu Julio, esta tudo ligado.