Muitos anos depois gerações ainda recordavam com saudade do ensino recebido no Grupo Escolar Padre Correia de Almeida. Sim, sim, educação era coisa que valia ouro, e hoje ainda é a chave para o sucesso de um país. E tudo começa lá, na escola primária, onde as crianças aprendem a decifrar as letras do alfabeto, juntam as sílabas, formam palavras. Ler... Um mundo. Um universo. Este lugar, este pequeno grande lugar de aprendizagem, o Grupo Escolar Padre Correia da Almeida tem lugar na memória dos seus ex-alunos espalhados pelo Brasil afora e continua prestando valoroso serviço à cidade: a educação básica.
Tudo começou nos anos de 1920, quando a cidade floria como Estancia Hidromineral, suas ruas eram calçadas, o Parque das Àguas embelezado pelas mãos do paisagista Chico Casteiro e seu jardineiro Ramiro Rodrigues Freitas, preparando a cidade para ser uma das mais charmosas e frequentadas estancias hidrominerais do Brasil.
A construção desta instituição de ensino iniciou, em setembro de 1926, exatamente no ano em que tomou posse o governador de Minas Gerais, Antonio Carlos Ribeiro de Andrade, sendo seu secretario de educação Francisco da Silva Campos. Nascido em Barbacena, e talvez por isso, resolveu homenagear o seu compatriota, José Joaquim Correia de Almeida, conhecido como Padre Correia de Almeida, dando o seu nome à escola que teve sua construção concluída ainda no seu governo.
Em 1848, a conselho médico, estiveram em Caxambu, o padre Joaquim Camillo de Britto, vigário de Barbacena, que viria a ser "um preconizador d`aquelas águas" e que tinha uma dispepsia antiga. Ele veio em companha do seu amigo padre Correia de Almeida. Na época o parque não era parque, era uma mata fechada, cujo pântano escondia as fontes que hoje conhecemos. Eles tiveram que fazer uma picada na mata e abrir caminho para seus passeios. A cura do seu amigo Camillo de Britto se espalhou e muitas outras figuras "de vulto", como barões e políticos passaram a frequentar o local. Foi um grande divulgador das propriedade das Águas de Caxambu. E da sua visita a sátira:
Por me faltar saúde
Bem, bem, voltemos às obras. Elas foram concluídas, em abril de 1928, estando na vice presidência do país Fernando Mello Viana e seu secretário do interior, o banqueiro, advogado e político Dr. Sandoval Soares Azevedo. Sua instalação, ou melhor sua inauguração oficial se deu, em 13 de outubro de 1929 (foto ao alto). Portando as obras tiveram uma duração de um ano e 7 meses. Um recorde para a época, considerando sua arquitetura e seus painéis de azulejos em suas fachadas laterais.
À nossas mestras com carinho
Sua primeira diretora foi Maria de Lourdes Costa Guedes, neta do comerciante e benfeitor da cidade, José Maria Costa Guedes e suas primeiras professoras: Árgia Castilho Moreira, Georgina Meireles, Adelina Guedes Carvalho, Maria Antonieta Menezes, Guiomar Pannoia Accioly e Julia Magalhães Viotti, esposa de Francisco Viotti, médico da cidade, que depois se tornaria sua segunda diretora.
E aqui, como estamos contando a história da Família Ayres, que tiveram muitos de seus filhos como alunos do Grupo, teremos que meter a Célia Lima Ayres no meio (foto). Célia formou-se Normalista na Escola Normal Santa Terezinha e trabalhou na instituição, por quase 9 anos. Ela que foi protagonista da disputa da Rainha da Primavera-1946 para arrecadar fundos para a Caixa Escolar e conta as suas memórias. Segundo ela a diretora era muito exigente com as professoras. No tempo que ela lecionou na instituição, trabalhou com a competentíssima Regina Andrade, designada de Belo Horizonte para o cargo de diretora. Célia também citou a convivência com outras grandes educadoras como Nadir Siqueira, Ruth Nogueira, Luiza Machado, bem como as irmãs Meneses, Antonieta e Maria. Um time de primeira com uma tarefa gigante: serem educadoras num país onde a educação era artigo de luxo.
Tudo começou nos anos de 1920, quando a cidade floria como Estancia Hidromineral, suas ruas eram calçadas, o Parque das Àguas embelezado pelas mãos do paisagista Chico Casteiro e seu jardineiro Ramiro Rodrigues Freitas, preparando a cidade para ser uma das mais charmosas e frequentadas estancias hidrominerais do Brasil.
A construção desta instituição de ensino iniciou, em setembro de 1926, exatamente no ano em que tomou posse o governador de Minas Gerais, Antonio Carlos Ribeiro de Andrade, sendo seu secretario de educação Francisco da Silva Campos. Nascido em Barbacena, e talvez por isso, resolveu homenagear o seu compatriota, José Joaquim Correia de Almeida, conhecido como Padre Correia de Almeida, dando o seu nome à escola que teve sua construção concluída ainda no seu governo.
E agora vocês perguntariam quem foi José Joaquim Correia de Almeida? José Joaquim Correia de Almeida (1820-1905), foto ao alto, nasceu e viveu, em Barbacena e lá exerceu o sacerdócio, magistério e também suas críticas, como escritor satírico. Foi considerado o mais importante cultor da poesia satírica, em Minas Gerais e muito popular no Brasil do século XIX. No conceito literário, sátira é uma composição política jocosa ou indignada contras as instituições, os costumes, as idéias da época.
Em 1848, a conselho médico, estiveram em Caxambu, o padre Joaquim Camillo de Britto, vigário de Barbacena, que viria a ser "um preconizador d`aquelas águas" e que tinha uma dispepsia antiga. Ele veio em companha do seu amigo padre Correia de Almeida. Na época o parque não era parque, era uma mata fechada, cujo pântano escondia as fontes que hoje conhecemos. Eles tiveram que fazer uma picada na mata e abrir caminho para seus passeios. A cura do seu amigo Camillo de Britto se espalhou e muitas outras figuras "de vulto", como barões e políticos passaram a frequentar o local. Foi um grande divulgador das propriedade das Águas de Caxambu. E da sua visita a sátira:
Por me faltar saúde
Vou ausentar-me daqui:
Quero gozar a virtude
Das águas de Bapendy;
E hei de fazer um lundú
Às águas de Caxambu
Bem, bem, voltemos às obras. Elas foram concluídas, em abril de 1928, estando na vice presidência do país Fernando Mello Viana e seu secretário do interior, o banqueiro, advogado e político Dr. Sandoval Soares Azevedo. Sua instalação, ou melhor sua inauguração oficial se deu, em 13 de outubro de 1929 (foto ao alto). Portando as obras tiveram uma duração de um ano e 7 meses. Um recorde para a época, considerando sua arquitetura e seus painéis de azulejos em suas fachadas laterais.
À nossas mestras com carinho
Sua primeira diretora foi Maria de Lourdes Costa Guedes, neta do comerciante e benfeitor da cidade, José Maria Costa Guedes e suas primeiras professoras: Árgia Castilho Moreira, Georgina Meireles, Adelina Guedes Carvalho, Maria Antonieta Menezes, Guiomar Pannoia Accioly e Julia Magalhães Viotti, esposa de Francisco Viotti, médico da cidade, que depois se tornaria sua segunda diretora.
E aqui, como estamos contando a história da Família Ayres, que tiveram muitos de seus filhos como alunos do Grupo, teremos que meter a Célia Lima Ayres no meio (foto). Célia formou-se Normalista na Escola Normal Santa Terezinha e trabalhou na instituição, por quase 9 anos. Ela que foi protagonista da disputa da Rainha da Primavera-1946 para arrecadar fundos para a Caixa Escolar e conta as suas memórias. Segundo ela a diretora era muito exigente com as professoras. No tempo que ela lecionou na instituição, trabalhou com a competentíssima Regina Andrade, designada de Belo Horizonte para o cargo de diretora. Célia também citou a convivência com outras grandes educadoras como Nadir Siqueira, Ruth Nogueira, Luiza Machado, bem como as irmãs Meneses, Antonieta e Maria. Um time de primeira com uma tarefa gigante: serem educadoras num país onde a educação era artigo de luxo.
O trabalho das dedicadas professoras consistia não somente ensinar, mas educar no mais amplo sentido da palavra. Lá se formariam os futuros cidadãs e cidadãos para a vida. Caxambu tinha, em 1939 10.537 habitantes, sendo 4.237 abaixo de 15 anos. Então os poucos que estudavam já poderiam ser considerados privilegiados.
O Grupo como toda a instituição de ensino da época, era respeitado como um templo, sendo exemplo de limpeza e organização. As professores gozavam de um grande respeito e autoridade, não somente dentro da escola como fora. As classes possuíam de 25 a 30 alunos de todas as cores, e níveis sociais. Muitas crianças chegavam à escola descalças, mas mesmo assim não eram destratadas por não usarem sapatos. Realidade. E Celia repetia o ditado chinês: Descalço também se aprende, para motivar os pequenos.
Guedes e os Viottis
E aqui não podemos deixar de falar nos benfeitores desta cidade, os Guedes e os Viottis. Por onde li e pesquisei, registrei várias iniciativas dessas duas famílias em prol da cidade, na paróquia, na escola, ou divulgando a cidade como estância hidromineral.Em 1937 é constituída Caixa Escolar "Dr Policarpio Viotti", que angariava fundos para as atividades escolares, como merenda, material escolar para os alunos mais necessitados. Com o dinheiro arrecadado foi possível ter o dentista José Felisale Filho, (vide anuncio) "atender a criançada pobre, socorrida pela Caixa escolar". E como a Caixa sozinha não dava conta de cobrir todas as necessidades da escola, havia as tais quermesses, para arrecadação de dinheiro. Os turistas mais aquinhoados que frequentavam a cidade também contribuíam para a tal Caixa Escolar. Celia repetia, faltava muita coisa na escola, o que não faltava eram professoras dedicadas. Sim, sim acreditamos em suas palavras.
À mestra sem carinho*
Regina Andrade
O título não é por acaso, da canção do filme "Ao Mestre com Carinho", de 1966, em homenagem ao professor, estrelado pelo ator negro Sidney Poitier. No caso, Regina Andrade, a diretora, que não era casada e não tinha familiares na cidade, adoeceu e foi substituída, vindo a falecer. O que contou-se na cidade foi o pequeno número de presentes no seu enterro, inclusive de seus ex-alunos, lembra Celia Lima Ayres com tristeza. Naqueles tempos "enterro concorrido" significava que a pessoa era bem quista. Mas que fazer? E para enterrar definitivamente o nome da dedicada professora, e apagar da memória da cidade e a escola que levava o seu nome e inaugurada pessoalmente pelo ator e cantor Ivon Curi, filho da cidade, tem hoje outro nome e outra finalidade. E lá se vão nossas memórias...
Pau que nasce torto...
Com todos os esforços de passar valores morais e uma boa educação às crianças, as educadoras nem sempre tiveram sucesso. O jovem J.B. dos S., sabe lá que passado teve, resolveu arrombar a Caixa Escolar do Grupo, logo a caixa que ajudava os alunos mais necessitados. E o Jornal O Patriota, de 1945, fez o julgamento e assim titulou: Pau que nasce torto.
Mas este não seria o último acontecimento deste género que passaria o Grupo. Na década de 60, quando Almerinda era diretora da escola, um ato de vandalismo aconteceu. A cantina, que funcionada no porão, foi depredada, deixando a pequena aluna Janice Dumont impressionada. Ela que tinha a mãe Dona Dolores como professora, era orgulhosa de ser aluna do Grupo, não pode conter a indignação de ver a cena. Até hoje.
A fachada e as musas gregas
Quem sabe o nome da quarta?
Os alunos de ontem e hoje são escoltados por 4 musas gregas, filhas de Zeus com Mnamosine, queimados em ladrilhos portugueses, fazendo de suas fachadas laterais uma verdadeira obra de arte. O prédio impõe. Euterpe, Erato, Clio. Elas estão postadas uma em cada das quatro laterais do prédio. Euterte a musa da música. Erato, a musa da poesia romântica e Clio, musa da história e da criatividade. Falta uma! Pois exatamente esta, nos falta o nome. A nossa corresponde Graça Pereira da Silveira, enviou as fotos, mas pela pouca luminosidade do local, não consegui decifrar o nome da última. Se alguém aí em Caxambu souber, pode nos mandar, ou uma foto com o nome legível, que vai entrar para o posto do Blog!
Quem sabe o nome da quarta?
Os alunos de ontem e hoje são escoltados por 4 musas gregas, filhas de Zeus com Mnamosine, queimados em ladrilhos portugueses, fazendo de suas fachadas laterais uma verdadeira obra de arte. O prédio impõe. Euterpe, Erato, Clio. Elas estão postadas uma em cada das quatro laterais do prédio. Euterte a musa da música. Erato, a musa da poesia romântica e Clio, musa da história e da criatividade. Falta uma! Pois exatamente esta, nos falta o nome. A nossa corresponde Graça Pereira da Silveira, enviou as fotos, mas pela pouca luminosidade do local, não consegui decifrar o nome da última. Se alguém aí em Caxambu souber, pode nos mandar, ou uma foto com o nome legível, que vai entrar para o posto do Blog!
* lundú: Dança de origem africana
Fotos:
CDM- Centro de Documentacao e Memória da Camara de Caxambu.
Caxambu, fotos antigas, facebook
Solange Ayres, arquivo privado
Graça Pereira Silveira
Fonte:
Maria Marta Araujo - Com quantos tolos se faz uma republica?
Padre Correia de Almeida e sua sátira ao Brasil oitocentista.
Ferreira, Antonio Mauricio, Revista Fontes da Vida, n° 1. Caxambu. 1957, Pag.02.
Monat, Henrique, Caxambu, 1894
Monat, Henrique, Caxambu, 1894
Especiais agradecimentos:
À Janice Drumond, colabora deste blog.CDM-Centro de Documentação e Memória da Camara de Caxambu, na pessoa de Lilian Auguto, por ter disponibilizado a foto e informações para o nosso Blog.
Boa Tarde!Moro em Contagem - MG e passei por Caxambu este ano 2018 e fiquei encantado com a beleza da Cidade. Creio que a quarta musa que falta na postagem seja a Calliope, posso enviar foto que tirei durante minha passagem, se quiserem divulgar no BLOG fiquem à vontade.
ResponderExcluirMaravilhoso artigo, sou natural de Liberdade, mas tenho Caxambu como minha segunda terra natal. Parabéns pela pesquisa e por deixar vivo a história dessas ilustres personalidades que fez muito por nossa Caxambu.
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