sábado, 17 de setembro de 2022

Graça Pereira Silveira, agora uma cidadã portuguesa/ Valeu vô Ramiro, valeu!


Em 17 de junho de 1889, embarcou Ramiro Rodrigues no porto de Lisboa. Seria a última vez que ele veria Portugal...

Dos 56 passageiros que embarcaram em Havre, um era angolano e dois italianos. Os que embarcaram em Lisboa eram portugueses com diferentes idades. Na lista de passageiros constam 36 do sexo masculino, sendo 11 crianças, a maioria delas acompanhada dos pais, com exceção de Ramiro; 17 do sexo feminino, sendo três meninas. Uma família vinha da Ilha das Flores, pertencente ao arquipélago de Açores. Dentre as profissões declaradas, eram "jornaleiros", isto é, diaristas e "menagerie", traduzido como pessoas que trabalhavam com animais, ou pastores. Todos com certeza venderam o que tinham para comprar um bilhete e transpor o oceano em busca de uma nova vida no Brasil.

E Ramiro? Passageiro de primeira classe? Segunda? Terceira? Como eram anunciados nos bilhetes? Porque quem viajava na primeira pagou de Portugal, 450 francos, e os que viajaram de terceira, 80 francos. Ramiro não pagou nada. Ele teria embarcado clandestino indo trabalhar na cozinha como descascador de batatas. Assim era contado na família. Devia ser para pagar a passagem. A primeira vez que viu terras brasileiras foi quando o navio ancorou no lamarão do Porto de Recife, Pernambuco  no dia 7 de julho.

Ramiro Rodrigues nascido às três horas da manhã do dia 7 de julho de 1877, em Santa Maria dos Sepilhos, Conselho de Amarante, Portugal, filho de Joaquim Rodrigues e Maria de Jesus, profissão "jornaleiros", aqui, diaristas, seguiu em parte a profissão de seus pais: lavrador. Ele passou a assinar no Brasil o sobrenome "de Freitas". Ainda não achamos registros comprovando que seus familiares tivessem esse sobrenome. Ele embarcou cheio de esperanças, assim como milhares de imigrantes, a procura de uma vida melhor. O que encontrou foi uma vida de duro trabalho na hidrópolis Caxambu, no inicio do século, ajudando a embelezar o Parque das Águas como jardineiro.


Ramiro casou-se aos 23 anos com Maria Ayres de Lima e, nove meses depois já era pai de Etelvina. Ao todo, o casal teve 11 filhos, cinco dos quais não chegaram à vida adulta. Izabel (1901-1903) faleceu em consequência de queimaduras aos três anos; Joaquim (1911-1913) faleceu aos dois anos de gripe intestinal; Laura (1913-1915) aos dois anos de pneumonia; José (1916-1921), de Laringite estridulosa aos 4 anos; Haroldo (1922-1923) com um ano, de meningite. Sobrevieram Etelvina Rodrigues (1898-?); Maria Izabel (1906-?); Geralda Rodrigues (1908-?); Romeu Rodrigues (1918-?); Luiza Rodrigues (1918-?) e Agnelo Rodrigues (1920-?).

Ramiro não sabia oque ele poderia estar proporcionando ao seus descendentes.
Graça Pereira Silveira, sua neta, em 16 de dezembro de 2022 se tornou cidadã  portuguesa. Não precisamos dizer mais nada, só agradecer. Valeu a viagem até o Brasil, valeu! 
Fotos:
Graça Pereira Silveira no Consulado Português recebendo sua cidadania.
Arquivo privado da família Ayres/Silveira Pereira. 

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