quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Fantasmas na Funabem / "Mamãe, gente existe? Mamãe, tenho tanto medo de gente!"



-Deve ser aqui mesmo. Veja no mapa, Julião!
-Ah, veja você  Sebastião!
É melhor o João ver..."

E com estas falas, abre-se a cena da peça, Pluft, o fantasminha, de Maria Clara Machado (1921-2001), encenada pela primeira vez em Caxambu no... Teatro da Escola Wenceslau Brás, conhecida por Funabem, no ano de 1977. O prólogo se passa à frente das cortina, como se vê na foto, quando os 3 marinheiros, bebados e cantando, abrem a cena.

O diretor era José Dantas Filho, que também fazia o papel do Pirata-Perna-de-Pau, terror da criançada, quando entrava em cena. O cenário quase surreal foi concebido por Carlos Figueiredo pintado por ele e José Dantas Filho. José Pereira Dantas fazia o suporte técnico, coordenando a confecção do cenário, que ele montava e desmontava. Foi ele quem abriu dois buraquinhos nos olhos do Capitão Bonança (foto abaixo), para acompanhar as cenas escondido. Os olhos se moviam... Mágico!

A trupe era composta por Lucimere Ferreira (mae fantasta) ; Tania Pertele (Pflut, o fantasminha) ; José Dantas Filho (Perna de Pau); Gina Pertele (Maribel) e Matilde (tio Gerúndio).  Solange Ayres, Flavia SalumCarlos Figueiredo faziam os piratas Sebastião, Julião e João.

Derramando o mar todo pelos olhos

Ao alto à esquerda, Gina Pertele, como Maribel; José Pereira Dantas, cenógrafo; Nilta, fantasma; José Pereira Dantas Filho, o Pirata Perna de Pau; Matilde, como tio Gerúndio; Lucimeri Ferreira (sentada) a mãe; Monica, como fantasma; abaixo, da esquerda para a direita (marinheiros) Flavia Salum, como João; Henrique Lahmas; Solange Ayres, como Sebastião; Carlos Figueiredo, como Julião; Tania Pertele, como Pflut/ Ao Alto os três marinheiros: Flavia Salun, Carlos Figueiredo e Solange Ayres
A peça foi encenada pela primeira vez pelo grupo O Tablado no Rio de Janeiro, em dezembro de 1955 e se tornou um clássico da literatura infantil. A história conta o rapto da Menina Maribel pelo Pirata Perna-de-Pau. Ele esconde a menina num sótão de uma casa abandonada, onde vivia uma família de fantasmas. A trama principal é o pirata tentando achar o tesouro escondido do Capitão  Bonança, avo de Maribel. 

A poesia do texto se concentra na amizade da Menina Maribel com o Fantasminha Pflut. Uma das cenas mais poéticas se dá  quando Pflut se surpreende com as lágrimas derramadas por Maribel com medo do pirata. "Que lindo, que lindo, que lindo... Mamãe, mamãe, acode! A menina esta derramando o mar todo pelos olhos". A mãe explica que gente é diferente de fantasma, e Pflut diz que também queria chorar e a mãe retruca sem dó: "Fantasma não chora, Pflut, senão derrete".
Tudo isso aconteceu no Teatro da antiga Funabem há... 41 anos. Uau, o tempo passa.


Nem com todo o mar derramado de lágrimas poderíamos imaginar o abandono que a antiga escola poderia sofrer. Revitalizar aquele espaço é reconstruir sua história, ou muitas histórias. A despeito de toda a simpatia que o Pflut nos causa, que os fantasmas que talvez ocupem aquela antiga escola sejam espantados, e que o espaço volte a ser ocupado por muitas trupes de teatro.
Fotos:
Arquivo privado de Solange Ayres.
Fotografias: Lucinha Baião
Cartaz confeccionado por Carlos Figueiredo
Agradecimentos: 
Julio Jeha

domingo, 26 de agosto de 2018

100 anos da fundação do templo presbiteriano no Chapeo/ Baependi /Homens de terno escuro vendendo livros pretos

Templo Evangelico do Chapeo, Baependi
E o tempo passou, os escravos foram libertos, causando grandes mudanças na política e na economia da região do Sul de Minas. O caro tabaco, vendido na corte do Rio de Janeiro, já tinha perdido sua pujança, e os fazendeiros reclamavam a falta de braços para tocarem suas lavouras. Embora o comércio de produtos, por meio de tropas e tropeiros entre as fazendas do Sul de Minas, Rio e São Paulo, ainda florescesse, a economia não era mais a mesma.  Nem as crenças religiosas. Muitas mudanças estariam ainda por vir. As comunidades vivenciavam a transição do século, a passagem da sociedade escravista para a de cidadãos livres. Quais motivos os moradores teriam para trocar de religião?

Os primórdios dos luteranos no Brasil

E lá vamos nós contar um pouco mais de história.  Com o acordo comercial entre Brasil e Inglaterra que "abriu seus portos às nações amigas", chegaram aqui protestantes americanos, suecos, franceses, alemães e suíços, de tradição luterana. A primeira capela dos luteranos foi inaugurada no Rio de Janeiro,  em 1816.

O artigo 5° da Constituição Política do Império, de 1824, rezava:

"A Religião  Cathólica Apostólica romana continuara a ser a Religião do Império. Todas as outras Religiões serão permitidas com seu culto domestico, ou particular, em casas para isso destinadas, sem fórma alguma exterior de templo".

Com o Brasil independente, e a separação de Estado e Igreja  tendo ocorrido em 1890, por um decreto republicano, a Igreja Católica agora iria enfrentar a concorrência de outras tendências religiosas, como o positivismo e o espiritismo. No mesmo período, houve necessidade de atrair imigrantes europeus para substituir a mão de obra escrava, e , com eles veio sua religião. Os movimentos culturais que abalavam a Europa chegavam ao Brasil, influenciando os intelectuais, políticos e os... sacerdotes e fiéis .

A expansão da comunidade presbiteriana no Sul de Minas se deu ao longo da Estrada Real. Fulgêncio Batista descreve o penoso trajeto que faziam  aqueles que pretendiam chegar a Caxambu em 1873, passando pelo arraial de Pouso Alto, pelo Sengó no lombo de animais. A partir de 1880, o acesso ao Sul de Minas foi facilitado pela ligação das povoações por dos trilhos. O trem chegou à vizinha Soledade de Minas em 14 de junho de 1884. A viagem seguia daí em cavalos e carroças até Caxambu, que só teve só teve trem em 1891, quando a Viação Férrea Sapucaí chegou à povoação. Com a ferrovia os pastores presbiterianos alcançaram o Sul de Minas.

Uma Igreja no Chapeo

No final do século XIX, no início de 1908, foram iniciados os trabalhos da comunidade evangélica no Chapeo, hoje bairro de Baependi. Sim, sim, na pequena comunidade do Chapeo, situada num dos caminhos alternativos da Estrada Real. Outras crenças vieram ocupar o espaço espiritual de seus habitantes, tendo como referencia espiritual Erasmo Braga, que esteve na comunidade. 

Erasmo Braga (1877-1932) (foto de 1901) iniciou os estudos de teologia aos 16 anos, tornando-se pastor e professor. Foi líder presbiteriano e, com grande esforço, ativou a cooperação entre as igrejas evangélicas do Brasil na década de 1910, nas área de literatura, educação cristã e teológica. Para ele, os evangélicos deveriam se unir e vincular sua fé às mudanças sociais do país. Erasmo se destacou como um dos maiores líderes evangélicos de seu tempo. 

Bibiano José Ferreira, um dos fundadores do Templo Presbiteriano no Chapeo, e os primeiros cultos religiosos/ Homens de terno escuro vendendo livros pretos


Foram tempos difíceis, pois dos seus primórdios até o estabelecimento definitivo dos trabalhos dos eclesiais na região, os cultos se davam em residências particulares para evitarem que fossem... apedrejados. Em 1901, escrevia o Jornal Diário de Minas, foi muito elogiado o ato do governo suspendendo a proibição dos cultos públicos das congregações protestantes em... Portugal. Até que os ecos das práticas religiosas chegassem ao interior das Minas Gerais, os cultos protestantes eram realizados quase às escondidas.

Assim,  Bibiano José Ferreira recebeu a visita do Pastor Àlvaro Reis em sua casa no Chapeo, em agosto do ano de 1908, onde foi realizado um pequeno culto com sua mulher e seus quatro filhos.

Uma pergunta foi respondida: como Bibiano, batizado na igreja Católica, se converteu ao protestantismo? Loide Lima Loesch nos esclarece: - Bibiano frequentava as missas na Capela do Piracicaba, quando num dos sermões, o padre solicitou que os fiéis "evitassem os homens de terno escuro, vendendo livros de capas pretas".  Segundo ele, "Era coisa do diabo". E como tudo que é proibido desperta a curiosidade, Bibiano foi conhecer pessoalmente os  tais vendedores e assim tomou contato com os primeiros pastores presbiterianos, que também vendiam livros, como mascates, pelo sul de Minas.

A Igreja Presbiteriana do Chapeo ganhava adeptos e também os seus primeiros diáconos. Foram eles Marciano Martins de CastroAdolfo Martins e o próprio Bibiano José Ferreira. Já no início dos trabalhos, em 1906, eles contavam com 85 membros, num total de 6.500 fiéis em todo o Brasil.  Uma vitória para a comunidade presbiteriana, cercada pelos católicos da região da Capela de Santo Antônio do Piracicaba e da Igreja Matriz Nossa Senhora de Mont Serrat de Baependi. Podemos então dizer que uma das primeiras células presbiterianas na região surgiu no Chapeo, posteriormente, foram se expandindo até PiracicabaSengó, município de Pouso Alto e, no ano de 1916, chegaram  a Caxambu.

Em 1913, noticía o jornal O Puritano que Bibiano doara um terreno para a construção de um salão para os Cultos e de um  o cemitério, no Chapeo. Assim, Bibiano José Ferreira, o neto de um dos mais antigos ancestrais da Família Ayres/Lima Loerch, o senhor de escravos João José de Lima e Silva Joana Tereza Ribeiro, escreveu a história, ajudando fundamentar o trabalho dos protestantes na região.

O templo presbiteriano do Chapeo completa 100 anos em setembro de 2018. A comunidade só tem a comemorar.

Fotos:
Arquivo privado da Família de LoideLima/Losch
Fonte:
DIAS, Carlos Alberto -  A FÉ NO CAMINHO DAS ÁGUAS: UMA ABORDAGEM HISTÓRICA DO PRIMEIRO CENTENARIO DA IPS CAXAMBU - MG, Universidade presbiteriana Mackenzie - Escola Superior de Teologia, 2010.
Anuário  de Minas Gerais para o ano de 1890
School of Theology
Site da Igreja Presbiteriana de Caxambu
Igreja Presbiteriana de Pinheiro
PARANHOS, Paulo, Ruim Mais vai / O desenvolvimento da estrada de ferro no sul de Minas Gerais e a chagada do trem a Caxambu.
MATOS, Alderi Sousa, BREVE HISTÓRIA DO PROTESTANTISMO NO BRASIL.
Wikipedia.
Agradecimentos: 
À Loide Lima Loesch pelas informações que ajudaram a compor este texto e também ao meu antigo colega de escola, Carlos Alberto Dias, da Igreja Presbiteriana de Caxambu, por receber a pesquisadora Graça Pereira Silveira  em sua residência em Caxambu, em abril de 2018, e fornecer preciosas informações e rico material iconográfico, que compõem vários textos deste blog. Agradecimentos também  a Julio Jeha.


quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Nonata Ribeiro Guedes e o mal do século


"Após meses de padecimentos, faleceu hotem, em Caxambu, D. Anna Nonata Ribeiro Guedes, filha de distinta família mineira e virtuosa esposa do Sr. José Maria Costa Guedes, noticiava o jornal O País, do Rio de Janeiro.

Importante figura na história da cidade de Caxambu, Anna Nonata Ribeiro de Carvalho nasceu no dia 3 de agosto de 1856, em Sant'Anna do Capivari, filha de  José Ribeiro de Carvalho e Silva e Marianna Ribeiro de Carvalho. Seu pai foi comerciante em Sant'Ana do Capivari, hoje município de Pouso alto, e proprietário de uma grande rede comercial de distribuição de produtos no sul de Minas Gerais.

Anna Nonata foi a caçula de cinco filhos do casal: Maria Leopoldina de Carvalho, (1894-?); Mariana Ribeiro de Carvalho Filha (1851-1917); Adelina Angela de Carvalho (1853-?); Manoel Ribeiro de Carvalho (1854-?); Ana Nonata Ribeiro de Carvalho (1856-1896).

Nonato, Nonata

O que era para ser um acontecimento feliz no domingo, 3 de agosto, na família dos Ribeiro de Carvalho, se transformou numa grande dor. Marianna, a mãe de Nonata, morreu no parto, inesperadamente, aos 28 anos de idade "sem sacramentos". Na certidão de óbito escrito  consta que "faleceu de encomodos de parto", um choque para todos.

As complicações de parto eram uma das maiores causa-mortis no século passado. Tradicionalmente, os partos e seus cuidados eram deixados às parteiras, mas quando surgiam complicações que exigissem uma intervenção cirúrgica, a ação das parteiras estava longe de ser suficiente.  Profissionais da medicina? Muito raros nos sertões das Minas.  Sendo assim, parir era um ato de alto risco. Os casos mais complicados resultavam na morte da mãe e os recém-nascido.

Morrer no ou em conseqüência dele não era raro. Sua mãe se foi, mas Nonata sobreviveu. O seu nome está associado ao substantivo masculino Nonato, saído do ventre por operação cirúrgica. Outra definição para Nonata é "aquela que ainda estava sendo gerada no ventre da mãe". A criança viveu e cresceu sem mãe.

Marianna ribeiro de Carvalho foi sepultada no interior da Matriz de Santana do Capivari, como era costume na época, em 3 de agosto de 1856. Sua alma foi encomendada pelo Reverendo vigário José Esaú dos Santos. Assim viveu e cresceu Nonata, sem mãe.

Um pai português

Marianna Ribeiro de Carvalho (ao alto à esquerda), irmã de Anna Nonata Ribeiro Guedes
(abaixo à direita); José Ribeiro de Carvalho e Silva (direita abaixo à esquerda)

Seus pais, José Ribeiro de Marianna, se casaram, em 1848, na cidade de Sant'ana do Capivari, e da união nasceram Maria Ribeiro de Carvalho, Mariana Ribeiro de Carvalho, (foto ao alto, à esquerda) Adelina Ângela  de Carvalho, Manoel Ribeiro de Carvalho e Ana Nonata Ribeiro de Carvalho. (foto abaixo à direita)

José Ribeiro era ainda adolescente na cidade do Porto, Portugal, quando foi convocado de Viseu, na cidade do Porto, Portugal, a cooperar com a gerência de negócios de uma importante firma inglesa. A contragosto da família, tomou um navio em direção ao Brasil, em 1843, e aportou no Rio de Janeiro, em busca de maior oportunidades, escrevia o Jornal do Vale do Paraíba do Sul. Ele não gostou do clima da capital e, em 1843, se mudou para Pouso Alto. O clima de montanha o agradou mais, pois se assemelhava ao de sua terra natal e lá sentou bases para o seu negócio. Em 1846, fundou sua casa comercial, em Sant'Ana do Capivari, abrindo filiais no Rio de Janeiro e... em Caxambu.

Ele fez grande fortuna, e como muitos dos comerciantes da época, era benemérito de suas cidades. Fez grandes donativos ao Asilo Visiense da Infância Desvalida, a Câmara Municipal de Viseu, a Santa Casa de Misericórdia de Viseu, em Portugal. No Brasil as doações foram para a Beneficência Portuguesa do Rio de Janeiro, o Governo Imperial, durante a Guerra do Paraguai, a Câmara Municipal de Pouso Alto, a Matriz de Capivari, o Seminário de Mariana. Fez contribuições trimestrais aos párocos de Capivari até sua morte, causada por uma lesão da aorta aos 81 anos.  Ainda hoje é lembrado na cidade.

Destino: Caxambu

E qual seria a ligação de Anna Nonata Ribeiro de Carvalho com a cidade de Caxambu? Ela foi casada com José Maria Costa Guedes, o fundador da Casa Guedes. O pai mandara chamar três portugueses para se casarem com suas filhas: Maria Ribeiro, Mariana e Ana Nonata. No caso de Nonata o casamento não foi tão "arranjado" como o de suas irmãs.  José Maria Costa Guedes era   ajudante de seu pai, de quem se tornou braço direito. Assim teve  a oportunidade de se aproximar de Nonata.

Reynaldo Guedes contou ao jornalista Mauricio Ferreira uma conversa que teria ocorrido entre José Ribeiro e José Maria.

José Ribeiro: - É verdade você quer nos deixar?José Maria: - Efetivamente, vou regressar ao Rio de Janeiro.
José Ribeiro: - Posso saber a razão que o leva a tomar esta atitude?
José Maria: - Eu gosto de sua filha Ana e sou correspondido, mas não me vejo à altura de pretênde-la.
José Ribeiro: - José Maria, você fica e casa com a minha Ana. Você a merece e ela merece você, que é um rapaz digno, honesto, inteligente e muito trabalhador.

O enlace aconteceu no ano de 1874, em Capivari, e eles vieram morar, em Caxambu. O agora marido estaria à frente dos negócios do sogro na cidade. O casal teve 10 filhos. José Maria e Ana consideraram educação como fundamental e os mandaram para internatos Minas afora.

A prole consistia de:
Adelina Guedes (1877-?)
Maria da Conceição Guedes (1878-?)
José Guedes (1879-?)
José Reynaldo Guedes (1883-?)
João Guedes (1884-?)
Leonor Guedes (1885-?)
Alfredo Guedes (1887-?)
Regina Guedes ( )
Sofia Guedes ( )
Laura Guedes ( )

O mal do século


Nonata faleceu antes de seu marido, Costa Guedes, no dia 27 de abril de 1915, de uma doença grave, muito comum na época, a tuberculose. No Brasil muitos escritores do período romântico sofriam de tuberculose e faleceram em decorrência da doença. Esse grupo de poetas ficou conhecida como a "geração do mal-do-século, isto é, da tuberculose.
O pároco José João de Deus ministrou os últimos sacramentos a Anna Nonata, que foi sepultada no jazigo da família Guedes, no Cemitério Municipal de Caxambu. Seu obituário foi publicado nos jornais do Rio de Janeiro, Gazeta de Notícias, Jornal do Brasil e O País.
Foto:
Arquivo privado da Família Costa Guedes
Fonte:
Familia Search
Jornal Vale do Paraíba e Sul de Minas, 2000
Agradecimentos: 
A Izabela Jamal Guedes, bisneta de Ana Nonata Guedes pelo apoio e fornecimento das informações que deram origem a vários textos deste Blog.
Agradecimentos a Julio Jeha.


domingo, 5 de agosto de 2018

A primeira missa na capela Nossa Senhora dos Remédios / Um copo d'agua no Casarão Guedes




A primeira missa conventual na nova capela Nossa Senhora dos Remédios foi celebrada por José Silvério Nogueira da Luz, o primeiro pároco oficial. O dia 10 de outubro 1886, um domingo.   Conventual vem de convento e se refere à missa que faz parte do Oficio Cotidiano, ou missa da comunidade celebrada diariamente.

Como não havia ainda casa paroquial, José Silvério Nogueira da Luz ficou hospedado na casa de.... José Maria Costa Guedes por cerca de dois anos, "mantido sob subscripção popular". Isso mesmo, naquele casarão pertencente ainda hoje à família Guedes, que, por consciência de história e memória, o tem preservado por gerações. 

Naquela manhã  dominical, os fiéis acompanharam o padre com banda de música até a capela, segundo noticiou O Baependiano. Havia uma bucólica pracinha arborizada, harmonizando com a silhueta da igreja e o casario ao redor. A pracinha foi patrocinada por Costa Guedes, que mandou mover e remover terra, modelando a colina e plantando árvores. Com um pouco de fantasia refazemos as cenas da comitiva em cortejo, atravessando o largo da igreja. No final, "depois da missa o acompanham até-la (o Casarão Guedes), havendo depois um copo d'agua". No dicionário Houaiss, a expressão "copo d'agua" significa "pequena reunião com doces, bebidas etc., oferecida por amigos, para homenagear alguém". Assim era.
Fonte:
O Baependiano
Agradecimentos: 
Julio Jeha