-Deve ser aqui mesmo. Veja no mapa, Julião!
-Ah, veja você Sebastião!
É melhor o João ver..."
E com estas falas, abre-se a cena da peça, Pluft, o fantasminha, de Maria Clara Machado (1921-2001), encenada pela primeira vez em Caxambu no... Teatro da Escola Wenceslau Brás, conhecida por Funabem, no ano de 1977. O prólogo se passa à frente das cortina, como se vê na foto, quando os 3 marinheiros, bebados e cantando, abrem a cena.
O diretor era José Dantas Filho, que também fazia o papel do Pirata-Perna-de-Pau, terror da criançada, quando entrava em cena. O cenário quase surreal foi concebido por Carlos Figueiredo pintado por ele e José Dantas Filho. José Pereira Dantas fazia o suporte técnico, coordenando a confecção do cenário, que ele montava e desmontava. Foi ele quem abriu dois buraquinhos nos olhos do Capitão Bonança (foto abaixo), para acompanhar as cenas escondido. Os olhos se moviam... Mágico!
A trupe era composta por Lucimere Ferreira (mae fantasta) ; Tania Pertele (Pflut, o fantasminha) ; José Dantas Filho (Perna de Pau); Gina Pertele (Maribel) e Matilde (tio Gerúndio). Solange Ayres, Flavia Salum, Carlos Figueiredo faziam os piratas Sebastião, Julião e João.
Derramando o mar todo pelos olhos
A peça foi encenada pela primeira vez pelo grupo O Tablado no Rio de Janeiro, em dezembro de 1955 e se tornou um clássico da literatura infantil. A história conta o rapto da Menina Maribel pelo Pirata Perna-de-Pau. Ele esconde a menina num sótão de uma casa abandonada, onde vivia uma família de fantasmas. A trama principal é o pirata tentando achar o tesouro escondido do Capitão Bonança, avo de Maribel.
A poesia do texto se concentra na amizade da Menina Maribel com o Fantasminha Pflut. Uma das cenas mais poéticas se dá quando Pflut se surpreende com as lágrimas derramadas por Maribel com medo do pirata. "Que lindo, que lindo, que lindo... Mamãe, mamãe, acode! A menina esta derramando o mar todo pelos olhos". A mãe explica que gente é diferente de fantasma, e Pflut diz que também queria chorar e a mãe retruca sem dó: "Fantasma não chora, Pflut, senão derrete".
Tudo isso aconteceu no Teatro da antiga Funabem há... 41 anos. Uau, o tempo passa.
Nem com todo o mar derramado de lágrimas poderíamos imaginar o abandono que a antiga escola poderia sofrer. Revitalizar aquele espaço é reconstruir sua história, ou muitas histórias. A despeito de toda a simpatia que o Pflut nos causa, que os fantasmas que talvez ocupem aquela antiga escola sejam espantados, e que o espaço volte a ser ocupado por muitas trupes de teatro.
Fotos:
Arquivo privado de Solange Ayres.
Fotografias: Lucinha Baião
Cartaz confeccionado por Carlos Figueiredo
Agradecimentos:
Julio Jeha
Parabéns pelas histórias de nossa querida caxambu. Vejo e recordo com muita saudade.
ResponderExcluir