sábado, 23 de dezembro de 2017

As pontes de ontem e hoje sobre o ribeirão Bengo da cidade de Caxambu


O princípio era o ribeirão Bengo dividindo o vale...  Então foram construindo as pontes. O Bengo sempre foi o divisor da povoação por séculos. As margens esquerda e direita se desenvolveram diferentemente.  Diversas pontes foram construídas, dentro e fora do Parque das Águas, ao longo dos quase dois séculos de existência da povoação. Muitas delas já não existem mais, outras foram reformadas, outras construídas. As pontes unem e uniram e são  as pontes de ontem e de hoje. E assim descreve Henrique Monat  em seu livro "Caxambu publicado, no ano de 1897.

O valle occupado pela povoação de Caxambu tem pouco mais de duos kilomentros de comprimento por quinhentos metros de largura e era a 890 metros acima do nível do mar; o Bengo afluente do Baependi, corta-o a principio de leste a oeste, depois de sul a norte, formando angulo reto; quase toda a povoação ocupa a margem direita; à esquerda, destaca-se isolado o Morro de Caxambu, com um bosque em sua fralda; no sopé o parque com as fontes virtuosas, o hotel da Empresa, suas dependência e poucos prédios mais. 



No primeiro plano diretor de Caxambu, de 1873,  assinado por Fulgêncio de Castro, já havia no centro da povoação duas pontes. Uma dentro do parque, que ainda não era parque e nem era cercado, e outra, onde é hoje a praça 16 de setembro (foto)

É pau, é pedra

As pontes sempre foram um desafio e um problema para a administração de Baependi, a qual a Caxambu estava subordinada. Elas não eram construídas para a eternidade, como as pontes dos romanos, feitas de pedra e cal. Nas Minas Gerais o material empregado era outro: pedras e madeira.  E todo ano as mesmas cenas. As torrenciais chuvas de verão não deixavam ponte em pé. E, exatamente na época das chuvas, é que a administração acordava para o mau estado de suas construções e anunciavam os consertos. Construídas por leigos, muitas vezes pelos empregados dos fazendeiros, e sem grandes cuidados, as pontes necessitavam de permanente manutenção, coisa que não se pensava na época, até que as primeiras chuvas de janeiro chegassem  e tudo ia por água abaixo, literalmente.

A rua da ponte

Em fevereiro de 1879 iniciaram a construção da ponte fora da área do hoje Parque das Águas, para qual foram foram necessários cerca de 37 carros, na época carroças, de pedra, material financiado pelos benfeitores locais, como o advogado e empresário Caetano Furquim  (1816-1879) - que veio a falecer em Caxambu -  e não viu o resultado de sua boa ação, e José Maria Costa Guedes, dono da Casa Guedes, no total de 162$600 Reis. Em 1880 a ponte já estava quase por desabar. As explicações recaiam sobre o terreno, tido como de "má qualidade". E enquanto a câmara de vereadores de Baependi discutia uma solução, a ponte era transposta pelos passantes de dedos cruzados. Era o balança mais não cai.

Em 1884 foram liberadas verbas para a contracto de uma ponte sobre o Bengo, não sendo especificado onde. O certo era que com a morosidade do poder público, os que tinham cabedal faziam as obras e consertos  à revelia da Câmara e... mandavam a conta. Eram pagos, que fazer.


A povoação cresceu, virou cidade e os dois lados do Bengo estavam agora unidos por diversas pontes, umas de design mais poético, outras menos. Algumas pontes foram registradas ao longo dos séculos, particularmente, as que se encontravam dentro da área do Parque das Águas. Numa delas Comendador J. Berla, diretor da Companhia Ferro-Carril Botânico do Rio de Janeiro, eternizado com seu cãozinho de estimação em pose para a revista Fon-Fon; numa outra donzelas de sombrinhas no verão (fotos ao alto). As mais belas, encontram-se no centro do Jardim, ornadas pelas obras de Chico Cascateiro, na Praça 16 de Setembro, no centro da cidade (abaixo).

Fotos:
Acima: Arquivo do Fotos Antigas de Caxambu.
Abaixo: as duas fotos superiores de autoria de Haroldo Kennedy, as duas abaixo, Solange Ayres.
Solange Ayres, Troncos sobre o Rio Bengo
Fonte:
MONAT, Henrique, in Caxambu, 1894.
O Baependiano
Agradecimentos:
Ao  ARQUIVO HISTÓRICO DO EXERCITO (AHEX), DIVISÃO DE HISTÓRIA E ACESSO A INFORMAÇÃO (DHAI), na pessoa de Major Ferreira Junior, que prontamente dispôs vários mapas para o nosso Blog.
Haroldo Kennedy que sempre dispõe suas fotos para as postagens do Blog da Família Ayres, histórias e memórias da cidade de Caxambu.
Revisão :
Paulo Barcala

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