terça-feira, 13 de setembro de 2022

Alberto Pires Ribeiro, o primeiro morador oficial de Caxambu /Na pista dos primeiros caxambuenses/ Parte 1




Quem foram os primeiros caxambuenses? Ih, a história do povoamento de Caxambu é antiga, e começa por volta dos anos de 1700, quando os bandeirantes  paulistas se embrenharam sertão adentro a procura de ouro e pedras preciosas. Mas para contar a história toda, vamos pedir ajuda a outros historiadores que fizeram seus registros, como o baependiense Pelucio e o reverendo José do Patrocínio Lefort, guardião dos documentos eclesiásticos da cidade de Campanha

O primeiro registro oficial, onde foi citada a localidade "Caxambu", está no livro de lançamentos de impostos da Delegacia Fiscal da Comarca de São João del-Rei, relativo ao ano de 1715, do contribuinte de Baependi Alberto Pires "morador no Caxambu com quatro escravos"(1). O nome vem novamente aparecer Alberto Pires Ribeiro nos lançamentos dos impostos do triênio de 1717, 1718 e 1720, "após o nome de Anselmo Fernandes, este morador de Baependi" (Lefort).

Antes deste registro, existiu outro, um requerimento de Carlos Pedroso da Silveira que recebeu  uma sesmaria "na paragem do Caxambu", em parceria com seu genro Francisco Alves Correia, em 30 de setembro de 1706, que já fizemos menção no "Morte no Sertão/ Na pista dos primeiros Caxambuenses"

Vi o posto de abastecimento de víveres. Uma construção de adobe, com barrotes de palmeiras, amarradas com cipó à moda de peia, cobertura baixa de telhas feitas. Portas baixas de tronco de aroeira, formam o umbral e janelas abertas á guisa de clarabóia e apoio para prosa. Na frente junto ao tronco central, o local para o arreame das mulas. Água para os animais ficava no cocho de tronco escavado a machado e fogo pelas mão de escravos. O cheiro de couro das matulas sendo abastecidas impregando o ar, robustecido pelo cheiro de lenha queimada no pequeno fogão de barro de cupim... (1)

O primeiro caxambuense

Então o primeiro caxambuense, ou pelo menos o primeiro morador documentado foi Alberto Pires Ribeiro , que era filho de Francisco Alvares Correia e Maria Bicudo e foi casado com Lucrécia Leme. Todos esses nomes e sobrenomes são conhecidos nos livros da Genealogia Paulistana, mas também nos registros eclesiais de Baependi. Abaixo duas certidões de batismo de 1732, transcritas por Pelúcio e nela os nomes e lugares.



Há outros documentos que comprovam a ocupação do lugar. A 1° de janeiro de 1728, foi passada a sesmaria a Sebastião Fernandes Correa, "assistente no caminho velho... no ribeirão que corre por detrás do morro do Caxambu". Sebastião era casado com Ana Veloso.

De fato, há registros nos arquivos eclesiais de Baependi de Sebastião Fernandes Correa e sua mulher Guiomar Pires, (!!!!) quando batizou sua filha Ines, em 12 de abril de 1725, sendo os padrinhos Luiz da Silva e Lucrécia Leme.
Seguem outros assentamentos nos livros paroquiais de Baependi como "povoadores do Caxambu".

Em 1730 Manoel Arruda casado com Mecia de Toledo, a viuva Ana Moreira;
Em 1731 Joao de Vasconcelos, casado com Maria Leme do Prado;
Em 1732 Francisco de Arruda casado com Mariana da Luz;
Maria Leme, viúva, assistente em Caxambu, madrinha de Joana filho de Francisco Xavier e Teresa de Olvieira, juntamente com João Mel. Coimbra;
Em 1733: Luzia Pinheiro (solteira);
Em 1737: Sebastião de Brito casado com Juliana de Oliveira.

Do ano de 1747,  existe o registro: "aos vinte e nove dias do mês de novembro da era de 1747, faleceu da vida presente, com sacramento da penitência , Sebastião Correia, casado com Ana Veloso, de oitenta anos, morador no Caxambu, natural de Mogi (Mogi das Cruzes, SP) e foi sepultado nesta freguesia, digo nesta Igreja de N. S. de Monteserrate de Baependi". (certidão abaixo)


Certidão de óbito de Sebastião  Fernandes Correia
data de 1747

Ainda no ano de 1747, a 9 de julho, realizava-se o casamento de Matias Vieira e Custódia da Silva, sendo como testemunhas Luis Pereira e... "Estácio da Silva, morador no sítio do Caxambu".

A biografia de Estácio da Silva é um capítulo a parte. Ele foi casado com Vitória Vajano  que se enviuvou, voltando a se casar com João José Pinheiro. Em 29 de outubro de 1755, João Pinheiro   entra com um requerimento sobre a concessão de uma sesmaria no sítio chamado Mombasa, freguesia de Baependi. Mas... em 5 de outubro de 1756, Maria Vajano vem a falecer deixando o viúvo João José Pinheiro como seu herdeiro universal e um solene testamento, "um sítio no Caxambu, no Caminho Velho".

Testamento de Maria Vitoria Vajana

Ponto final? Não, ainda vamos contar muitas outras histórias.
Fonte:
(1) Guerino Casassanta, in apus Voz Diocesana 31.01.1956
(2) Projeto Compartilhar
Vasconcelos-Diogo, História antigas das Minas Gerais
Antonil, Culturas e Opulencia do Brasil, 1711
Arquivos Eclesiais de Baependi, in  Familie Search

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