Certidão de batismo e casamento de Bibiano José Ferreira |
Em 1862, nasceu Bibiano José Ferreira, filho de Cândido José Ferreira (?-?) e Ignacia Ribeiro de Lima(?-?), batizado, em 23 de dezembro, na Capela de Santo Antonio do Piracicaba, hoje município de Baependi. Ele foi batizado pelo avô João José de Lima e Silva (1798-1875) (meu tataravô) e Anna Francelina de Castilho (1809-1889) (mãe de um tio de Bibiano por parte de casamento com sua tia Thereza Ribeiro de Lima/Jesus, José Florencio Bernardes).
Mas que estaria fazendo Bibiano em nosso blog? Claro, que além do parentesco Bibiano... neto de João José de Lima e Silva, o mais antigo ancestral do ramo da Família Ayres, cujo nome apareceu no sensu da População de Pouso Alto, no ano de 1839. Bibiano foi um dos fundadores da Igreja Presbiteriana na região. Isto quer dizer então que achamos mais elo perdido dos Lima no Chapeo!
Bibiano José Ferreira e seu tempo/ a complicada teia dos apadrinhamentos/ seus avós, bisavós, as relações de parentesco e batizados na sociedade escravista de Baependi do século passado
Para entender os apadrinhamentos, os pais procuravam gente de posses e nome para batizar seus filhos, como foi aqui o caso de Bibiano. Dona Anna Francelina de Castilho era mãe de José Florencio Bernardes (?-?) este detentor de um grande plantel de escravos, proprietário de terras e eleitor da província. Só podia ser eleitor quem tinha "cabedal" isto é, dinheiro e posses comprovados.
E, ei, atenção! Florencio Bernardes foi padrinho também de Camilo Ferreira Junior (1858-?), filho de minha tataravó, a escrava Justiniana Maria da Conceição (1843-1914). Ainda, o avô de Bibiano, João José de Lima e Silva, portanto o avo de 5° geração de Loide Lima Loesch era, no ano de 1854, proprietário de minha tataravó, Justiniana Maria da Conceição. Não é sensacional? Ah, eu sei que é muita informação para entender, mas garantimos que as nossas famílias e seus ramos estão naquele passado interligadas umas nas outras. Vamos à frente.
Tanto os seus avós, como seus bisavós foram senhores de escravos na região do Chapeo e Piracicaba. Seu avô Candido José Ferreira tinha um considerável numero deles, atras de João José de Lima e Silva, seu bisavô (meu tataravô). Tanto que Bibiano foi padrinho, em 10 de outubro de 1880, de uma delas, Constância, filha de Romana, juntamente com Prisciliana Izidora do Espírito Santo; escravos estes pertencentes ao seu avô Cândido José Ferreira. Não esqueçamos que Prisciliana era casada com José Florencio Bernardes, que era tio por afinidade, por ter casado com sua tia, a Tereza Ribeiro de Lima, ele também proprietário de escravos. Então os parentes batizavam os escravos de Cândido José Ferreira. O batismo funcionava assim como uma "certidão de posse", um certificado emitido pela igreja, na sociedade escravista do Brasil Colonial. Rufino José de Lima, seu primo, e Fraujina Honorina de Jesus foram também padrinhos de mais uma filha da escrava Romana, em 13 de junho de 1883, a Marcolina. Nos meus arquivos de pesquisa, Cândido José Ferreira, avô o de Bibiano era quem mais possuía escravos depois de João José de Lima e Silva o seu bisavô , e José Florencio Bernardes, seu tio por afinidade.
Bibiano se casou, em 10 de abril de 1888, com Maria Eugenia de Jesus (?-?), na Capela de Nossa Senhora do Pinhal, sendo as testemunhas, Honório Ferreira Gomes e João Esau dos Santos.
São os seguintes descendentes de primeira geração de Bibiano José ferreira e Maria Eugenia de Jesus:
Brotero Ferreira (1890-?)
Analia Ferreira (1895-?)
Benvinda Ferrieira (1898-?)
Juventina Ferreira (1900-?)
José Ferreira /Vasconcelos (1903-?)
Prisciliana Ferreira (1906-?)
Pedro Francisco (?-?)
Esméria Ferreira (?-?)
Os presbiterianos no Sul de Minas
Para entender os apadrinhamentos, os pais procuravam gente de posses e nome para batizar seus filhos, como foi aqui o caso de Bibiano. Dona Anna Francelina de Castilho era mãe de José Florencio Bernardes (?-?) este detentor de um grande plantel de escravos, proprietário de terras e eleitor da província. Só podia ser eleitor quem tinha "cabedal" isto é, dinheiro e posses comprovados.
E, ei, atenção! Florencio Bernardes foi padrinho também de Camilo Ferreira Junior (1858-?), filho de minha tataravó, a escrava Justiniana Maria da Conceição (1843-1914). Ainda, o avô de Bibiano, João José de Lima e Silva, portanto o avo de 5° geração de Loide Lima Loesch era, no ano de 1854, proprietário de minha tataravó, Justiniana Maria da Conceição. Não é sensacional? Ah, eu sei que é muita informação para entender, mas garantimos que as nossas famílias e seus ramos estão naquele passado interligadas umas nas outras. Vamos à frente.
Tanto os seus avós, como seus bisavós foram senhores de escravos na região do Chapeo e Piracicaba. Seu avô Candido José Ferreira tinha um considerável numero deles, atras de João José de Lima e Silva, seu bisavô (meu tataravô). Tanto que Bibiano foi padrinho, em 10 de outubro de 1880, de uma delas, Constância, filha de Romana, juntamente com Prisciliana Izidora do Espírito Santo; escravos estes pertencentes ao seu avô Cândido José Ferreira. Não esqueçamos que Prisciliana era casada com José Florencio Bernardes, que era tio por afinidade, por ter casado com sua tia, a Tereza Ribeiro de Lima, ele também proprietário de escravos. Então os parentes batizavam os escravos de Cândido José Ferreira. O batismo funcionava assim como uma "certidão de posse", um certificado emitido pela igreja, na sociedade escravista do Brasil Colonial. Rufino José de Lima, seu primo, e Fraujina Honorina de Jesus foram também padrinhos de mais uma filha da escrava Romana, em 13 de junho de 1883, a Marcolina. Nos meus arquivos de pesquisa, Cândido José Ferreira, avô o de Bibiano era quem mais possuía escravos depois de João José de Lima e Silva o seu bisavô , e José Florencio Bernardes, seu tio por afinidade.
Bibiano se casou, em 10 de abril de 1888, com Maria Eugenia de Jesus (?-?), na Capela de Nossa Senhora do Pinhal, sendo as testemunhas, Honório Ferreira Gomes e João Esau dos Santos.
São os seguintes descendentes de primeira geração de Bibiano José ferreira e Maria Eugenia de Jesus:
Brotero Ferreira (1890-?)
Analia Ferreira (1895-?)
Benvinda Ferrieira (1898-?)
Juventina Ferreira (1900-?)
José Ferreira /Vasconcelos (1903-?)
Prisciliana Ferreira (1906-?)
Pedro Francisco (?-?)
Esméria Ferreira (?-?)
Os presbiterianos no Sul de Minas
E o tempo passou, os escravos foram libertos, causando grandes mudanças na política e na economia da região. O caro tabaco, vendido na Corte do Rio de Janeiro, já tinha perdido sua pujança e os fazendeiros reclamavam a falta de braços para tocarem suas lavouras. Embora o comércio de produtos através das tropas e tropeiros entre as fazendas do Sul de Minas, Rio e São Paulo ainda florescia, a economia não era mais a mesma, nem as crenças religiosas. Muitas mudanças estariam ainda por vir. Bibiano vivenciou a transição do século, a passagem da sociedade escravista para a de cidadãos livres. Então quais motivos Bibiano teria trocado sua crença religiosa?
A expansão da comunidade presbiteriana no Sul de Minas se deu ao longo da Estrada Real. Fulgêncio Batista descreve a rota daqueles que pretendiam chegar a Caxambu, em 1873. Conhecidos núcleos protestantes no arraial de Pouso Alto, passando pelo Sengó, e chegando a Caxambu. A partir de 1880, o acesso ao Sul de Minas foi facilitado pela ligação das povoações através dos trilhos. O trem chegou a vizinha Soledade de Minas, em 14 de junho de 1884. A viagem seguia partir daí nos cavalos e carroças faziam o percurso até Caxambu, que teve que esperar até 1891, quando o trem chegou à povoação, pelos trilhos da Viação Férrea Sapucai. Os trens então trouxeram os pastores presbiterianos para o Sul de Minas.
E foi no final do século XIX, no início de 1903, que foram iniciados os trabalhos da comunidade evangélica no Chapeo, hoje bairro de Baependi. Sim, sim na pequena comunidade do Chapeo, situada num dos caminhos alternativos da Estrada Real viu outras crenças ocupar o espaço espiritual de seus habitantes.
Em 1904, foi celebrada a primeira Santa Ceia, no Piracicaba. Em 1906, o diácono foi recebido, no Recreio, por 15 pessoas, entre as quais diversas residentes no Chapeo. Em 1907, o Reverendo Manoel Antonio de Menezes assumiu os trabalhos na região. Foi agosto de 1908 foi celebrado o culto na casa de Bibiano, pelo Rev. Alvares Reis com a presença da esposa e seus quatro filhos.
Mas o marco histórico para o Chapeo tinha acontecido poucos meses, quando a comunidade recebeu a visita do Reverendo Erasmo Braga. Quem era Erasmo Braga?
Erasmo Braga (1877-1932) - foto de 1901, iniciou os estudos em teologia aos 16 anos tornando-se pastor e professor. Foi líder presbiteriano e com grande esforço ativou a cooperação entre as igrejas evangélicas do Brasil, na década de 1912, nas área de literatura, educação crista e teológica. Para ele os evangélicos deveriam se unir e vincular sua fé às mudanças sociais do país. Erasmo se destacou como um dos maiores líderes evangélicos de seu tempo. E foram tempos difíceis, pois dos seus primórdios até o estabelecimento definitivo do trabalho dos eclesiais na região, as reuniões dos presbiterianos se davam em residências particulares para evitarem que fossem... apedrejados.
Já no início do trabalhos, em 1906, eles contavam com 85 membros, num total de 6.500 membros em todo o Brasil. Uma vitória para a comunidade presbiteriana do Chapeo, cercada pelos católicos da região da Capela de Santo Antonio do Piracicaba e da Igreja Matriz Nossa Senhora de Mont Serrat de Baependi. Podemos então dizer que uma das primeiras células presbiterianas na região surgiu então no Chapeo, posteriormente, foram se organizando em Piracicaba, Sengó, município de Pouso Alto.
A comunidade presbítera florescia. Em 1913, noticiava o jornal O Puritano que as obras estavam adiantadas: "Ja foram levantados os alicerces e quase toda a madeira esta no lugar. Em breve será inaugurado o pequeno Templo". Bibiano foi quem fez doação do terreno de 35m de frente e fundos para a construção do salão de cultos e um cemitério.
Com o pequeno templo de pé, a Igreja Presbiteriana ganhava adeptos e também os seus primeiros diáconos. Foram eles Marciano Martins de Castro, Adolfo Martins e o próprio Bibiano José Ferreira.
A partir do núcleo presbiteriano do Chapeo, partiram eles para organizar a Igreja Presbiteriana de Caxambu. Ah, mas essa é outra história.
Arquivo privado da Igreja Presbiteriana.
Fonte:
DIAS, Carlos Alberto - A FÉ NO CAMINHO DAS ÁGUAS: UMA ABORDAGEM HISTÓRICA DO PRIMEIRO CENTENÁRIO DA IPS CAXAMBU - MG, Universidade presbiteriana Mackenzie - Escola Superior de Teologia, 2010.
School of Theology
Site da Igreja Presbiteriana de Caxambu
Igreja Presbiteriana de Pinheiros, SP
PARANHOS, Paulo, Ruim Mais vai / O desenvolvimento da estrada de ferro no sul de Minas Gerais e a chegada do trem a Caxambu.
MATOS, Alderi Sousa, BREVE HISTÓRIA DO PROTESTANTISMO NO BRASIL.
Wikipedia
Familia Search
Agradecimentos:
Ao meu antigo colega de escola, Carlos Alberto Dias da Igreja Presbiteriana de Caxambu, por fornecer à nossa pesquisadora, Graça Pereira Silveira, preciosas informações e rico material fotográfico, em visita à sua residência no mês de abril de 2018, em Caxambu.
Agradecimentos:
Ao meu antigo colega de escola, Carlos Alberto Dias da Igreja Presbiteriana de Caxambu, por fornecer à nossa pesquisadora, Graça Pereira Silveira, preciosas informações e rico material fotográfico, em visita à sua residência no mês de abril de 2018, em Caxambu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário