sábado, 15 de fevereiro de 2025

Prédio do Isolamento/ "Caxambu um dos focos de propagação da lepra no mundo inteiro"/A polêmica crise sobre os casos lepra na cidade de Caxambu/Uma tentativa de resgate da história do prédio do Isolamento


Belizário Pena sendo retratado

Quando, em 1874, o médico e botânico norueguês Gerhard Henrik Armauer Hansen confirma que o causador da lepra era o Mycobacterium leprae, o estigma já havia se consolidado no imaginário popular. Acreditava-se que a doença era castigo divino, ou hereditariedade. Pela impossibilidade de cultivo em laboratório do agente causador, as pesquisadores tinham dificuldade de saber a forma exata de sua transmissão, ou do contágio, que supunham ser por mosquitos, como na febre amarela. A medicação veio somente na década de 1940, com o aparecimento das sulfonas. Na incerteza era recomendado o isolamento compulsório, oque causou traumas irreversíveis nas famílias, entes queridos separados de seus familiares, filhos criados em orfanatos, estigmatização. Não por acaso os prédios/hospitais eram chamados de "Isolamento". Caxambu teve o seu.

Ironias da história

Mas a história da povoação, que tinha o nome de "Águas Virtuosas", ou "milagrosas", está intrinsecamente ligada à doença, sim, sim à lepra. Ironicamente, os doentes acometidos da doença de Lázaro, foram quem melhor contribuíram para difundir o poder curativo das águas. Eles chegaram a acampar na área, hoje Parque das Águas, na busca da cura de suas feridas, sendo banidos, em 1847, por ordem judicial, tendo suas mais de 40 choupanas em volta dos, na época poços de água, queimadas. O futuro Parque da Águas de Caxambu assim ganhou fama muitos anos antes da sua Alteza real, a princesa Izabel fazer o uso de nossas águas. Muitas décadas se passaram e o mal de Lázaro ainda castigava o Brasil.

Embora presente a legislação sanitária de 1920, o isolamento dos doentes não foi posto em prática  por várias razões. A ausência de recursos e a falta ações coordenadas pelos estados, dificultavam o combate a doença. Assim, as providencias necessárias não foram tomadas para a separação social dos doentes, e abrigar os "isolados para sempre", uma política higienista praticada, antes de se ter conhecimento da disseminação da doença, bem como medicamento para combatê-la. 

Belizário Pena e a grande polêmica sobre os casos de lepra em Caxambu, no ano de 1926

O título do artigo citado publicado na revista carioca Brasil Contemporâneo de dezembro de 1926, onde Belisário Pena (1868-1939), médico sanitarista dava uma entrevista e o título estampava: "Caxambu um dos maiores focos de propagação da lepra do mundo inteiro". O entrevero e maus entendimentos foram tão grandes que Belizário foi obrigado a se retratar. 

Belisário cita o trabalho de doutorado do Dr Gumercindo do Couto e Silva sobre a lepra em Minas Gerais. Segundo ele era uma "immensa calamidade", e quem teria viajado o país podia avaliar "o espantoso desenvolvimento da terrível modéstia que assola o território e parece querer tragar a população num terrível sorvedouro". Esta era um a afirmativa sem bases concretas, uma vez que não havia estatísticas. E perguntava: - Por que é o sul de Minas a região mais castigada do Estado? E lá vinha uma explicação, que já tinha sido feito parte da história da hidrópolis Caxambu: - "Por ser ela onde se encontram quase todas as estanâncias de águas minerais, que foram sempre verdadeiros chamarizes de leprosos, esperançosos na cura ou melhora dos seus soffrimentos, não só as thermaes, de águas sulfurosas, para banhos, como as alcalinos-gasozas para uso interno". E continua: "Não há uma só dessas localidades, onde não seja avultado o número de leprosos vivendo, uns miseravelmente de esposas; outros, mais ou menos remediados, alguns quasi abastados, fazendeiros, sitiantes, criadores, fabricantes de queijos de maneira, fornecedores de leite, da carne de porco, toucinho e de produtos da pequena lavouras, exercendo outros ofícios de sapateiros, pintores, ferreiros, carpinteiros careiros, tropeiros, etc".

Em janeiro de 1927, o jornal baependiense O Patriota, bem como a Gazeta de Caxambu esbravejaram contra o médico. Eles saíram em defesa da economia local, já que o artigo dizia que mãos contaminadas estariam manipulando a confecção de queijos, doces e biscoitos "que saem de suas mãos", além de ocuparem os hotéis, casa de banhos, oque estaria facilitando a transmissão da doença. Ele comparava as estatísticas dos contaminados de São Paulo, as porcentagens populacionais, chegando a conclusão que somente a cidade de Caxambu teria 4.000 leprosos! Imaginem que a população da cidade, contada para o início da década de 1920 era de 5.000 habitantes. Isto é, a maioria estaria contaminada!

A notícia caiu como uma bomba no colo dos empreendores locais, dos hoteleiros. Logo quando Caxambu acabava ter recebido as reformas urbanas, e se projetava como uma das cidades mais belas e aprazíveis para os aquáticos. Era a catástrofe!

As afirmações eram baseadas em "provavelmente". "Enfim, as estâncias de águas minerais brasileiras todas sem exceção, tanto as de Minas, como as de S. Paulo e de Goyaz, tem sido provavelmente a origem de numerosos casos de lepra, sem explicação, e o ponto de partida da endemicidade o terrível mal em localidades, onde elle não existia". 

Belizário acusava o governo de Minas não ter interesse em tratar o caso como saúde pública e acusava  de "tolerância criminosa" por parte do poder público, e pedia que o governo fizesse um recenseamento "honesto" nos municípios de Passa Quatro, Pouso Alto, São Lourenço, Soledade, Lambary, Cambuquira, Caxambu, Baependy e Poços de Caldas, e que segundo ele, não seria de se espantar que "só nesses municípios encontrar 2.000 leprosos, senão ultrapassar esse número. (...) Não me surpreenderá que a cifra de leprosos de Minas atinja a mais de 11.000 casos portadores do mal".

Qualquer menção de insalubridade era motivo para espantar os aquáticos, e afetar a economia da povoação e assim Costa Guedes, comerciante e benemérito da cidade, já no ano de 1891, declarava que Caxambu estava livre da varíola, uma das mais temidas  doenças. As publicações eram feitas nos jornais da corte, Rio de Janeiro. A palavra de Costa Guedes era pregava com prego. Valia. Agora era vez de Rui Guedes, que o fazia no O Caxambuense.

Colonônia Santa Izabel/Betim

Em 1936 a cidade não tinha local para abrigar os doentes acometidos de lepra, já que a política era de "isolamento" dos pacientes. Então o chefe do sub-posto de Higiene de Caxambu, Dr Lysandro Guimarães escreve um comunicado ao prefeito, assegurando que Caxambu estava completamente livre da doença, e que em cooperação com a prefeitura, os doentes se encontravam internados na Colônia de Santa Isabel, em Betim. Foi a primeira colônia construída em minas gerais com o objetivo de abrigar e isolar pessoas diagnósticadas com hanseníase, que na década de 1930 chegou a abrigar quase 4.000 pessoas, dentre elas caxambuenses que chegavam de trens. Inaugurada em 23 de dezembro de 1931 a Colônia Santa Izabel em Betim, começou a receber os primeiros doentes, em 1932.  A colônia se achava próxima a estação da estrada de ferro. As prefeituras tinham que enviar verbas para a instituição para, praticamente,  ficarem "livres" de seus doentes. Assim também foi feito com os pacientes de Caxambú. Deles nada sabemos.

A construção do prédio do Isolamento da cidade de Caxambu

Trem de doido/Estação final: Barbacena


O local já foi sede de escola para alfabetização de adultos, no início da década de 1960, onde Graça Pereira trabalhou, por pouco tempo como professora denominada Escola Cabo Luiz de Queiroz. Um relato mais antigo, de 1956, vem de Vander Silveira, seu marido. Wander menino costumava ir para para aquela parte da cidade para "escorregar na terra", e lembra que o prédio tinha grades. Ele afirma que ali era, praticamente, o "centro de triagem", uma primeira estação  para enviar doentes com problemas de saúde mental em direção ao Hospital de Barbacena. A expressão "trem de doido" não é uma expressão qualquer da mineirice, mas sim triste realidade. Os trens levavam os pacientes psiquiátricos e paravam em Barbacena para, literalmente, para "descarregar" os pacientes, e assim chamados de trem de doido, expressão que ficou na memória e virou expressão popular.


Escavando as camadas mais profundas da história deste prédio, soubemos que ali, nos seus primórdios, provavelmente logo após sua construção, que aconteceu em 1937, era estação de isolamento de fato, para pessoas portadoras de alguma doença contagiosa.


Sua construção iniciou-se em 1937, na administração do prefeito nomeado pelo interventor Benedito Valadares, no período da Era Vargas, o engenheiro Fabio Vieira Marques que ficou à frente da prefeitura de 1934 a 1939. Juntamente com o prédio do Isolamento, foi erguido o Mercado e concluído o calçamento e arborização da Avenida Camilo Soares.  Estávamos na era Vargas e o Estado Novo, e os projetos estavam no contexto das medidas para manter o controle sanitário, e muito criticado ao longo de sua existência. Entre 1920 e 1950 foram inaugurados quarenta asilos-colônia em todo o Brasil. 80% deles foram criados no governo Getulio Vargas. 


Predio ocupado pela prefeitura municipal

Assim chegamos ao final. O prédio ainda esta lá, agora com outras características urbanas, e hoje abriga uma creche administrada pelo poder municipal. Com as reformas o imponente prédio perdeu seu estilo original. Eu ainda me lembro de quando ia buscar leite no seu Zé Magana, que morava em frente daquele prédio pintado de amarelo, esquecido naquele canto da cidade. Ele ainda esta na minha memória...


Foto:
Google
Fonte:
CUNHA, Vivian da Silva in Isolamento Compulsório em questão. Políticas de combate à lepra no Brasil (1920-1941), RJ, 2005

FILHO, Ronaldo Manzi, in Hospital Colônia de Barbacena: Um passado que insiste em se repetir, Revista Ideação, RJ, 2019.

Correio da Manhã (RJ) 1940 a 1949

O Radical (RJ) 1932 1943

O Imperial (RJ) 1935 a 1939

O Jornal (RJ) 1920 a 1929

Diário da Manhã (ES) 1908 a 1926

A Noite (RJ) 1920 a 1929

Agradecimentos:

A Vander Pereira e Graça Pereira Silveira pelas suas, nossas memórias.

Julio Jeha, na eternidade

terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

Rufino Alves de Lima-neto/ Um baependiense em direção ao sul do país



Ah, recomeçamos com as nossas lembranças. A parentada vai aumentando e vamos acrescentando gente, fotografias, lembranças...

Rufino, nome dado em homenagem ao seu avô : Rufino José de Lima  casado com Rita Carolina de Castro, nascido no bairro Piracicaba, zona rural de Baependi. O avô era filho de João José de Lima e Silva e Joana Thereza Ribeiro de Lima, que foram avistados no sensu da cidade de Pouso Alto no ano de 1838.  Sim, seu João e dona Joana Thereza eram os mais antigos ancestrais da família Ayres, originada em Caxambu através do casamento de Maria de Lima, sua filha e José Fernandes Ayres conhecido Trançador-velho. Eram. Encontrei os bisavós de Rufino neto, João Jose de Lima e María Joana de Gouveia num testamento, em... Pouso Alto. (Confiram aqui o testamento com os nomes e datas).

Sua avó paterna Carolina de Castro  era neta de 5a geração do Capitão Mor Tomé Rodrigues Nogueira do Ó, (1674-1741), casado com Maria Leme do Prado (1686-1756), considerado o fundador da cidade de Baependi. Por vários casamentos formaram-se ramos e sub ramos das famílias, todos pertencentes aos Leme do Prado, Nogueiras, Bicudos vindos da Ilha da Madeira, Portugal. E coisa antiga que não acaba mais!

Sepultamento do pai de Rufino, José Ferreira Alves, Monte Belo,
Minas Gerais,1951

Voltemos ao nosso Rufino. Rufino era filho de José Ferreira Alves Junior (1873-1951), nascido em Areado e casado com Maria Rita Clementina (1882-1894), conhecida como Cota. Eles se casaram no limiar do século em Nova Resende, em 21 de fevereiro de 1900, e da união nasceram:

João Alves Ferreira (1903-1964);
José Alves Fortunado (1911-1983);
RUFINO ALVES DE LIMA (1920-1980);
Henriqueta Olimpia de Jesus (?-1978);
Juvenal Alves Ferreira (?-2008);
Antonio Ferreira (?-?);
Julia Orestes de Jesus (ß-?);
Maria Angusta da Conceição (?-?);
Rita Egídia de Melo (?-?).

Seu pai viveu e faleceu no bairro da Grama, na localidade denominada Juéria, distrito de Monte Belo, Minas Gerais. Encontramos uma foto de seu sepultamento. E que foto!


Casa da família de Rufino, no bairro Grama, na localidade de Juréia,
distrito de Monte Belo, Minas Gerais

Como podemos explicar a dispersão da família? Um dos argumentos foi migração da família se deu no contexto da expansão das lavouras de cafe pelo sul de minas junto com a expansão da malha ferroviária. Na localidade de Juréia, onde a família tinha casa (foto), antes era conhecida por Tuiuti, e entre 1938 a 1941 viveu uma época de desenvolvimento devido a conhecida Maria Fumaça, locomotiva movida a lenha, que fazia o transporte mercadorias, animais e gente de, e para a região de São Paulo. O município, cuja atividade econômica é ainda baseada agropecuária com a produção de queijos, doces, se situava exatamente do entroncamento de duas ferrovias, a linha Cruzeiro-Juréia, Estrada de Ferro Minas e Rio, e da Rede Mineira de Aviação, e o Ramal de Juréia, da Companhia Mogiana de Estrada de Ferro, ambas responsáveis pelo escoamento da produção leiteira, cafeeira e agrícola da região, e o transporte de passageiros entre os estados de São Paulo e Minas Gerais. E foi exatamente para lá que a família, que foi originada em Baependi, se mudou buscando novas possibilidades de sobreviver. Prova para os nossos argumentos é a foto da casa da família de Rufino neto, na Juréia, uma típica casa de fazenda, com curral apetrechos para o cultivo do campo. 

Indo mais para o sul...

Rufino e mais dois de seus irmão foram ainda mais para o sul, em direção ao estado do Paraná, tambem seguindo a expansao do cultivo do cafe, nas conhecidas „terras roxas“, no Parana, ideal para o cultivo da rubiacia. Ele faleceu aos 60 anos de idade em consequência de um tumor cerebral seguida da parada cardíaca, no hospital Nossas Senhora das Graças, em Mamburé, distrito de Curitiba, Paraná, em 3 de janeiro de 1980, igualmente com seu irmãos, Jose Goncalves da Costa, falecido em Barbosa Ferraz, Parana;  José Alves Fortunato, falecido em Campo Mourao, no Paraná, assim como seu Rio, Benjamim José de Lima, profissão lavrador, que faleceu em Congonhinhas, também no estado do Paraná. 
Rufino foi casado Luiza e ainda não sabemos se deixou descendência. Se não fosse o Família Search, não teríamos podido recuperar as histórias.

Fotos:

Arquivo privado da família de Rufino Alves de Lima, publicadas no Familie Search
Agradecimentos:
Julio Jeha, sempre, na eternidade.

sábado, 8 de fevereiro de 2025

Quase chegando a Cabral! Descobertas sensacionais dos ancestrais da família Ayres!




Para a minha alegria e surpresa achei mais ancestrais da família Ayres na localidade de Pouso Alto. O sensu da povoação, datado de 1839, nos indicou o caminho. João José de Lima e Silva e sua família constaram como moradores do quarteirão 2, fogo 17.  Assim eram os... endereços da época. 

Bem, depois muitas buscas, o família Search nos ajudou. Percorrendo os arquivos paroquiais de Pouso Alto, achei! Tinha perdido a esperança de encontrar qualquer pista de nossa família, quando constatei com tristeza, na época de minhas pesquisas iniciais, que a igreja Matriz de Pouso havia sofrido um terrível incêndio e os documentos paroquiais viraram cinza.

Mas... num testamento achado no dia 2 de fevereiro de 2025, mudou o curso de nossa história. Maria Antonia de Gouveia deixou seus bens para... João Jose de Lima e Silva, seu único filho. Também ficamos sabendo que ela foi casada com João Jose de Lima, que na data de 1842, já era falecido, isto é, pai de João José de Lima e Silva.

Os antepassados Maria Antonia e Gouveia já moraram em Pouso Alto desde 1799, data de falecimento de seu pai, Luis Soares da Costa, casado com Joana Rodrigues de Gouveia.  E… voltando aos arquivos do censu de Pouso Alto de 1838, a confirmação: Maria Antonia Gouveia, mãe de João Jose de Lima e Silva morava próxima do filho. Ela tinha a companhia de Manoel, 40 anos, e outro Manoel, escravo forro de 58 anos, e mais 16 escravos. Um outro Manoel, seu sobrinho, herdou parte da herança deixada por ela, junto com seu único filho João José de Lima e Silva. Acredito que a escravaria do pai foi passada de herança para o filho e... Justinianna Maria da Conceição, minha avó de 3° grau, escrava poderia estar no seu plantel. Aqui a certidão de nascimento de Camilo, datada de 1858, filho de Justinianna, escrita erroneamente como "Justina", escrava de... João José de Lima. Nota: tia Célia Ayres de Lima/Araujo,  nossa biblioteca familiar, conheceu o ... "tio Camilo". Ah, nossas conversas, nossas lembranças.

Certidão de batismo de Camilo, filho de Justinianna, minha avó de 3° grau,
mãe de Sabina Maria da Conceição, minha bisavó, mãe de minha avó Gervásia Ayres de Lima 
e mãe José Ayres, meu pai.

Tem mais! Depois do achado, as pesquisas continuaram e encontrei o óbito de João José de Lima, o pai de João José de Lima e Silva, que faleceu em 30 de julho de 1838, em Pouso Alto.

Assim sendo, os bisavós de nosso mais antigo ancestral, até agora João José de Lima e Silva, por parte materna, isto é, de dona Maria Antonia de Gouveia , que perdeu o sobrenome "Gouveia" adotou o "Lima" do marido, são originários de São Simão de Litém (São Simão), Leiria, Portugal.

Ah, estamos quase chegando ao Cabral! Sério! Os meus antepassados pelo lado de vó Gervásia datam de... 1550. Quase lá!

Arquivos:
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Agradecimentos:
Em memória a Julio Jeha. Ele diria: Bravo, você chegou de fato ao Cabral!

segunda-feira, 13 de janeiro de 2025

Conflito no Ermelino Matarazzo/Francisco Matias Silva Ayres , trineto de José Fernandes Ayres é assassinado em São Paulo


Uma violenta cena de sangue verificou-se sábado cerca de umas 20:30 horas em frente ao prédio 165 da rua Dois, na localidade de Ermelino Matarazzo em São Paulo...

E lá vamos escrevendo a biografia dos parentes antigos. Hoje vamos contar a história de um assassinato no bairro Ermelino Matarazzo, em São Paulo acontecido no ano de 1961 envolvendo Francisco Martins Silva/Ayres . Ele foi morto à facadas, segundo o jornal Diário da Noite, por uma rixa antiga, que ocasionou uma violenta contenda de tapas e pontapés, sendo Matias esfaqueado na barriga. Quando a briga foi apartada pelos policiais, o corpo de Matias estava lá estirado no chão. Cenas de sangue! Gravemente ferido, foi socorrido no posto de saúde do Tatuapé, vindo a óbito, quando deu entrada na sala de curativos. Foi uma curta carreira como motorista falecer aos 23 anos de idade. Os outros participantes também foram parar na unidade de atendimento e liberados, sendo  encaminhados para o plantão policial da Zona Leste. Interrogados Luiz Batista Lima, Davi Menachos, Orbelio Matias Ramos e Manoel Domingos Menachos negaram a participação no homicídio, apontando o autor dos ferimentos fatais um caminhoneiro foragido da cena do crime. Não podemos saber hoje quais os motivos da briga que causou a morte de Francisco, e nem se o culpados foram punidos. 

Quem era Francisco?

Francisco Matias da Silva Ayres era filho de Izolina Matias e Francisco Tomé da Silva filho, e neto  de Maria Ayres de Lima , que era filha de José Fernandes Ayres, o Trancador-pai que hoje é nome de bairro na cidade de Caxambu, portanto trineto do velho Trançador. A minha tia avó Mariinha, como era chamada, a partir da união com o pousoaltense Francisco Thomé Ribeiro da Silva Filho , perdeu o Ayres, e assim como os filhos passou a assinar Silva. De uma procura ocasional acabou virando pesquisa e história. A certidão de óbito de Francisco me surpreendeu, e a curiosidade coçou aqui os meus dedos para procurar mais informações sobre o ocorrido. E não e que achei? Fica aí a quem interessar.

Fonte:
Diário da Noite (SP) 1927 a 1980.
Agradecimentos na eternidade a Julio Jeha.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

Julio Cesar Jeha (1954-2024)/ O último texto não corrigido

 


É com imenso pesar que noticiamos a partida de Julio Jeha  no dia 8 de dezembro de 2024, em Belo Horizonte, grande colaborador do blog Família Ayres, histórias e memórias da cidade de Caxambu e Baependi. Julio era caxambuense, professor aposentado de literatura americana pela UFMG,  filho do Cesar Jeha (1925-1992) e Marina Levenhagen de Mello (1919-); neto de Domingos Gonçalves de Mello (1889-1961), conhecido como Mingote e Henriqueta Levenhagen de Mello (1889-1970), fundadores do Hotel Glória, hoje Glória Resort de Caxambu. Seus antepassados fizeram parte da história da cidade quando construíram o hotel. Nele aconteceram inúmeros eventos políticos e culturais de vulto para a cidade. 

Das memórias visuais e lembranças que tenho de Julio de Caxambu, aliás era conhecido entre os jovens da época por "Julião" pelo seu tamanho, vivia passeando de carro pra cima e para baixo, em direção à Baependi, nas tardes de domingo, dirigindo um veraneio, carro chiquérrimo, naqueles tempos. 

Em tempos digitais nos descobrimos virtualmente, e desde então não paramos de nos comunicar, aliás, quase diariamente. Inclusive nos encontramos aquí na Alemanha, e fomos de visita à cidade de Aachen. Eu vivia insistindo  para que Julio recuperasse a monumental história do Hotel Glória, mas infelizmente não deu tempo, agora não poderá mais ser possível, pois o nosso arquivo se foi. Ao seu companheiro de vida Mauricio Dias Correia e sua mãe, dona Marina Jeha meus, nossos sentimentos.
Julio, fica prometido, brindaremos com uma Taittinger lá na eternidade quando o tempo chegar.

Bodas de ouro de Domingos Gonçalves de Mello e Henriqueta Levenhagen




Foto:
Arquivo privado de Julio Jeha e Mauricio Dias Correia



domingo, 17 de novembro de 2024

Chácara das Uvas no roteiro turístico da cidade de Caxambu na década de 1950/ Só saudades


 A minha querida prima de segundo grau, Jacqueline Diorio, filha de Sylvio Ayres Diorio, o Sylvinho, já  falecido, me enviou está preciosidade. A saudade mata a gente.

domingo, 10 de novembro de 2024

José Joaquim de Sousa Pacheco/ um veterano da guerra do Paraguai sepultado em Caxambu



A postagem poderia ser iniciada com a frase: "Antonio Claret, um detetive no cemitério", por ter achado tantos pedaços de nossa história espalhados pelas lápides. O penúltimo foi o jazigo de Benedito Alves de Belém, outro veterano da Guerra do Paraguai, um pernambucano que faleceu em Caxambu, aos 100 anos de idade. Nós demos a ele dignidade: seu túmulo foi restaurado à expensas de Claret, e escrevemos sua história. Agora essa. Ai Claret!

Sim, sim, um português foi defender a bandeira do Brasil na contenda da Tríplice Aliança. Joaquim José de Souza Pacheco foi para guerra juntamente com o companheiro Antonio José de Castilho Junior, o avô  do padre Castilho da cidade de Caxambu. Ambos eram muito jovens quando ingressaram no exército de Voluntários de Pátria indo combater na Guerra do Paraguai (1865-1870). Sabemos que Castilho participou de combates, foi ferido, voltou como herói, e por um decreto imperial conseguiu o posto de fiscal da cidade de Baependi, já Pacheco construiu sua carreira como comerciante na cidade de Conceição do Rio Verde, e veio a falecer em Caxambu onde foi sepultado. 

Igreja de São Martinho de Recezinhos, Penafiel, Portugal, construída em 1568,
onde Joaquim José Souza Pacheco foi batizado, em 1846.

A guerra e os portugueses na guerra

A guerra do Paraguai foi o maior conflito armado da América do sul. Seu início se deu quando Solano Lopes na sua visão expansionista, invadiu o Mato Grosso e a Argentina. O império do Brasil e as repúblicas da Argentina e Uruguai se uniram para enfrentar o Paraguai. Ela teve início em fins de 1864 e terminou, em 1870, com a derrota devastadora para o Paraguai, com um custo altíssimo de civis mortos, entre 50 a 90% da população masculina. O Brasil não saiu melhor, pois endividou-se com os bancos ingleses, oque causou um grande desgaste político e acelerou da queda da monarquia. A Argentina foi a que mais levou vantagens, conseguindo a ampliação de seu território. O pequeno Uruguai, saiu como entrou, sem nada ganhar além das vidas perdidas. 

Devemos lembrar que o Conde D`Eu, consorte da Princesa Isabel, personagens do império, e que em Caxambu foram eternizados com nomes de fontes do Parque das Águas, estava à frente das tropas brasileiras, quando assumiu o comando, substituindo Caxias, praticamente no último ano da guerra, em fevereiro de 1869, e foi o responsável por escrever um dos mais vergonhosos capítulos da história do império. Na Batalha de Acosta Nü, acontecida em agosto de 1869, 3.500 crianças, recrutadas como soldados pelo exército paraguaio, foram cachinadas por 20 mil soldados. Sem palavras.

Até então a campanha militar dos portugueses na Guerra do Paraguai é ainda desconhecida. Portugal tentava manter-se "neutro", assim como todos os países europeus, posição que perdurou durante todo o conflito. Documentações diplomáticas comprovam a intervenção do governo brasileiro em convocar cidadãos portugueses para que acompanhassem os militares no Brasil. Passados o ardor patriótico dos primeiros meses da guerra da convocação voluntária de brasileiros para ingressarem nos batalhões da Guarda Nacional, e de Voluntários da Pátria, muitos cidadãos portugueses foram encorajados a se engajarem, voluntariamente, com o objetivo a troco de dinheiro, substituindo brasileiros que não desejavam ir para a guerra. Assim de alguma forma José Joaquim de Souza Pacheco foi para a guerra, e ainda bem que voltou, senão não estaríamos aqui contando as histórias.

De volta à Portugal/ A genealogia dos Souzas e Pachecos


Recezinhos de São Martinho, Penafiel, Portugal

Perambulei (virtualmente) muitos dias pelas ruas da velha São Martinho de Penafiel, antigo Recezinhos, na província Entre Douro e Minho, próximo a cidade do Porto, norte de Portugal, local de nascimento de José Joaquim de Souza Pacheco. Pensei encontrar a pequena localidade no estado que Pacheco a deixou há quase 165 anos, quando tudo ainda estava nos primórdios, paisagens bucólicas, casas antigas, alguma lembrança do passado... ledo engano! Hoje a Recezinhos de São Martinho tem não somente ruínas (foto), mas casas chiques, dizendo muito da situação econômica da região que até hoje é ainda baseada na agricultura, e principalmente no cultivo de uvas.

Joaquim José de Souza Pacheco nasceu 28 de março  de 1845,  e foi batizado em 7 de março  de 1846, na igreja de Recezinhos (foto). Ele era filho de Antonio Souza Pacheco e Maria Rosa Machado. Na localidade há um grande número de sobrenomes Souza Pacheco desde os anos de 1700. Para aquelas bandas há até um rio chamado Souza. E para mergulharmos na genealogia, Souza é topônimo relacionado às Terras de Sousa e as famílias que habitavam às margens do rio Souza, do latim Saxa, seixos: pedras. O primeiro a ter o sobrenome, segundo genealogistas, o nobre Dom Egas Gomes de Sousa, um nobre militar nascido em 1035. Assim a localidade se chamou Terras de Souza, na freguesia de Novelas, em Penafiel, perto de onde nasceu o nosso veterano. Já o Pacheco vem do latim Pacieco significa "aquele que vem de Espanha", e teria surgido na Península Ibérica. A primeira pessoa registrada com o sobrenome de Pacheco, em Portugal, teria sido Fernão Rodrigues Pacheco. Outra personalidade histórica foi Duarte Pacheco Pereira (1460-1533), que participou das negociações do Tratado de Tordesilhas, assinado em  22 abril de 1529, entre o a coroa portuguesa e espanhola, para dividir as terras "descobertas e por descobrir", resultantes da viagem de Cristóvão Colombo. Chega! Voltemos ao nosso Pacheco.

Porque tanto portugueses resolveram partir para a colônia? Uma de muitas explicações foi a limitação do desenvolvimento econômico, de estruturas agrárias tradicionais de Portugal. Na falta de industrialização que pudesse absorver a mão de obra, muitos foram tentar sua sorte além-mares. O Brasil exercia um atração para os portugueses. Um mundo, que apesar de desconhecido atraía gente de toda a idade. Minas Gerais, particularmente, atraiu os que estavam a procura de ouro e fortuna.

Em alguma data que ainda não pudemos identificar, Pacheco imigrou para, ainda colônia Brasil, vindo a residir primeiramente em Baependi, depois na povoação de Contendas, hoje Conceição do Rio Verde. Na ocasião eclodia a guerra do Paraguai. Não sabemos também se Pacheco foi convocado, ou se apresentou voluntariamente para compor o exército dos Voluntários da Pátria na Guerra. Ele fazia parte do exército da Guarda Nacional, e no decorrer de sua carreira, obteve a patente de "alferes" e mais tarde a de "major".


Em 13 de junho de de 1873, três anos após o fim da guerra, casa-se no altar privado de Antonio José de Seixas, seu sogro, em 13 de junho de 1873, em Baependi com Silvéria Candida de Seixas, conhecida como Tuca, tendo como testemunhas José de Seixas Batista e Zeferino José da Motta. Da união nasceram: Maria Pacheco (1874-?); Antonio Pacheco (1875-?), Joaquim Pacheco (1876-?), Augusto de Souza Pacheco (1877-?); Ovidio de Souza Pacheco (1883-?9 Alzira Seixas Pacheco (1883); Cincinato de Souza Pacheco (1885-?). Eurico de Souza Pacheco casado com Adolphina de Souza Pacheco (batismo 1911 menina Sylveria).Teodomiro de Souza Pacheco . (?-1950). 

Em 1874 aparece como "negociantes de fazendas, ferragens, armarinho, etc" no Almanak Sul Mineiro de Conceição do Rio Verde com o nome da razão social "Seixas Pereira e Pacheco". Era a oportunidade que o português teve de começar a vida nos negócios com a ajuda da família de sua esposa.

Contendas/ justificando o nome

Seguimos algumas pistas de sua residência em Conceição. Em 1883 um fiscal da cidade comunica à câmara de Baependi, a qual a povoação estava subordinada, por uma denuncia anônima, que o Pacheco teria fechado um terreno à margem do Rio verde, que ficava entre a sua horta, e um terreno do logradouro público. O fiscal solicitava a comissão informar a Pacheco para  que a contenda se resolvesse "seja tudo de harmonia com o direito". O caso, ou a "contenda" justifica o nome da cidade. Em 1758 o lugar foi denominado Contendas, exatamente devido as brigas entre os fazendeiros pela posse de terras. Posteriormente passou a chamar Águas de Contendas, e em 1948, o distrito passou a pertencer a Conceição do Rio Verde.  Pacheco então honrou a tradição. 

Almanak Sul Mineiro, 1883/Conceição do Rio Verde
Não só de contendas vivia Conceição. Além de ser "homem de negócios", com os títulos militares, Pacheco era uma autoridade na cidade. Ele tinha a patente Alferes da Guarda Nacional, e posteriormente foi promovido a Major pela sua participação no Exercito de Voluntários da Pátria. Pacheco era exaltado pela suas "brilhantes qualidades cívicas que o exornão  o seo carácter de cidadão de uma Patria Livre, a quem já prestou. V. S. valiosos serviços nos campos memoráveis do Paraguay". Ele auxiliava a justiça pública no serviço de segurança da pequena povoação. Em 1883 deu apoio ao segundo cadete Nicolao Antonio de Tassara de Padua, quando descobriam o autor do roubo feito por José Antonio de Campos, na igreja Matriz e o levaram para prisão.

Joaquim José de Souza Pacheco na década de 1880 figurava no Almanak Sul Mineiro como comerciante na cidade de Conceição de Rio Verde. Eram os famosos armarinhos onde eram vendidos "fazendas" tecidos, bem como produtos alimentícios. O sal era produto de destaque pra o rebanho de bovinos, e a carne produzida era destinada aos mercados do Rio de Janeiro. Em 1882 fez um requerimento à câmara de Baependi pedindo revisão dos pesos e medidas para a cobrança de impostos. Como negociante solicita a reformulação dos pesos e medidas como forma de cálculo dos impostos. Na época as unidades eram de varas, covados, balança e marcos, que caíram em desuso pela reforma. 

Almanack Sul Mineiro, 1884/Conceição do Rio Verde
Em 1883 arrematou serviços na cidade, aprovados pela câmara de Baependi. Isto queria dizer que ele prestava serviços de manutenção de água, luz, logradouros públicos, consertos da ponte sobre o rio  Verde, que foi várias vezes destruída por enchentes. Como era comum, investidores locais executavam os serviços, a serem reembolsados, posteriormente, pelos cofres da Província. Reconhecido como veterano da guerra, solicita Pacheco, em 1883, sua inscrição eleitoral, em Conceição, o que lhe daria direito de participar das eleições. Poderia ser eleitor somente aqueles que tivesse posses financeiras, ou no caso dele, patente militar, mas houve a imposição  de  que se naturalizasse, oque seria "um processo sumário", já que fora oficial do exército dos Voluntários da Pátria. 

Estrada Minas -Rio/ Estação de Contendas (Conceição do Rio Verde)



No dia 23 de junho de 1883 chega bufando o trem de lastro à Conceição do Rio Verde. A locomotivas Buarque de Macedo n° 8, em homenagem a Manuel Buarque de Macedo, ministro da Agricultura do Império, e seus 3 vagões de passageiros eram esperados ao som da banda de música e mais 3.000 pessoas que compareceram ao evento. O percurso de Cruzeiro até Três Corações do Rio Verde tinha uma extensão de 170 km e o maquinário correu numa média de 52 km por hora. Estava presente  o engenheiro chefe da estrada sr. Staley, bem como todas autoridades politicas da corte, Cruzeiro e claro, Pacheco que era o secretário da comissão da organização do acontecimento histórico para a cidade. Não faltou neste dia o baile no final na casa do sr. Barbosa, o anfitrião da festa, com comes e bebes.

Em 1900 Pacheco tinha seu título de major e residia em Caxambu, pois achamos diversos registros paroquiais que comprovam sua estada definitiva na cidade.

Destacamos dois de seus filhos: Antonio de Souza Pacheco também seguiu carreira militar, capitão do exercito em 1919. Ele foi casado com Alcina Azambuja (1902), em Santa Vitoria do Palmar, Rio Grande do Sul, e faleceu na cidade de  Porto Alegre, Rio Grande do Sul, em 16 de dezembro de 1944, e Theodomiro Souza Pacheco, casado com Maria Faria de Pacheco. Theodomiro ingressou na faculdade de Direito de São Paulo cursando de 1911 a 1915, com locação de grau em dezembro de 1916. Exerceu a advocacia até 1950. Faleceu em São Paulo em 30 de julho de 1950.


Joaquim José de Souza Pacheco faleceu em 1908, às quatro horas da manhã, em Caxambu, aos 56 anos de idade, e foi sepultado no Cemitério da Paróquia de Nossa Senhora dos Remédios. Pacheco deixou grande descendência espalhada por Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul. Muitos de seus ancestrais ainda vivem em Portugal.

Fonte:
O Baependiano O Patriota (MG)
Diário de Minas (MG) 1866 a 1875.
A Actualidade: órgão do Partido Liberal (MG) 1878 a 1881.
Jaceguai, Artur (Almirante), in Reminiscencias da Guerra do Paraguai. Biblioteca do Senado.
Diário de Minas (1866 a 1875).
ABPF - Regional Sud de Minas. História e noticias da Regional Sul de Minas.
Noticiador de Minas (MG) 1868 a 1871.
Pharol (MG) 1876 a 1933.
CAMPOS, Bruno do Nascimento, inTropas de Aco: Os caminhos de Ferro no Sul de Minas (1875-1902).
SANTOS, Gerada, in A população da cidade de S. Martinho de Penafiel nos séculos XVII e XIX (17900-1807).
CHIAVENATO, Julio José in Genocídio Americano: A Guerra do Paraguai.
Arquivo Público Mineiro
Arquivo Nacional do Porto/ Tombos
Arquivo Distrital de Vila Real
CUNHA, Afonso Henrique Carvalho in, A Emigração para o Brasil no distrito de Vila Real (1838-1860). Universidade do Minho.
AH Aventuras na histórias web Ha 151 anos, mais de 3 mil crianças eram mortas na Batalha de Acosta Nu.
PAULA, Edgley Pereira, in A Guerra do Paraguai na imprensa portuguesa (1864-1870): entre a neutralidade oficial e o apoio à causa brasileira, Universidade de Coimbra, 2022.
Folhinhas de Laemmert - Chronica dos principaes acontecimentos concernentes á actual Guerra do Paraguai, 1865.
Foto:
Arquivo privado de Antonio Claret Maciel realizada no cemitério de Caxambu na dada de 2018.
Foto da Igreja de São Martinho de Recezinhos: Ecoreabilita, web.
Agradecimentos a Julio Jeha, sempre
Nota:
Antonio Maciel Claret, advogado, formado em 1975 pela Universidade de São Paulo. Autor dos livros: A Família Maciel em Baependi e a Saga do Tenente José Francisco Maciel, em 2016, e Memórias da Fazenda da Roseta e do Barão de Maciel, em 2019.

Solange Ayres, Licenciada em História pela Universidade Federal de Minas Gerais, e desde 2013 escreve o Blog Família Ayres, histórias e memórias da cidade de Caxambu e Baependi, juntamente com Graça Pereira Silveira, professora aposentada do ensino fundamental de São José dos Campos, São Paulo.


domingo, 13 de outubro de 2024

Benedicto Alves do Belém/Um pernambucano herói da Guerra do Paraguai sepultado em Caxambu/ Comemorar ou esquecer




E lá foi o Antonio Claret Maciel escarafunchar as pedras, as lápides do cemitério de Caxambu. Por uma triste razão: ele compareceu ao sepultamento de sua irmã e resolveu percorrer a parte mais antiga de nossa última estação. Na quadra 27, túmulo 25, estava escrito:

Jazigo Perpétuo Benedito Alves do Belem hum veterano da guerra do Paraguae. De Deus eterno a eterna recompensa. 
Os túmulos falam!

Tomei emprestado as palavras de Paulo Roberto de Freitas Costa em sua tese de doutorado: Guerra do Paraguai: os caminhos da memória entre a comemoração e o esquecimento para esclarecer os nossos propósitos: não deixar cair no esquecimento Benedicto Alves do Belem. Quem iria saber se não estivessem as palavras talhadas em pedra e o Claret não perambulasse por lá... 

No dia 10 de julho de 1870, o governo de D. Pedro II realizou no Rio de Janeiro a "festa do Barracão", para comemorar a vitória do Brasil e lembrar os mortos na Guerra do Paraguai e celebrar as tantas vidas que pereceram em solo paraguaio. A memória foi protagonizada por Caxias e o conde D'Eu. O reverso das medalhas que ornamentavam os peitos nobres era visto pela ruas de Niterói, Salvador, Recife e São Paulo e do Desterro, onde soldados doentes e mutilados, egressos dos campos de batalha, mendigavam, provocavam desordens públicas e davam-se em espetáculos. Nas províncias, viúvas e órfãos suplicavam ao rei uma reparação pela perda do arrimo de família. Nas secretarias do governo, nas salas dos presidentes de províncias e nas redações de importantes jornais, era grande o volume de ofícios e petições requerendo pagamento de indenização ao governo. Veteranos da campanha reivindicavam soldos atrasados, lote de terras, empregos públicos, decorações e títulos honoríficos. Nas prisões públicas encontravam-se ex-escravos reconduzidos ao cativeiro pelos seus senhores. Na ilha de Bom Jesus ficava o suntuoso Asilo dos Inválidos, um lugar de ressentimento. 

Certidão do cartório de Caxambu 
Assim a história que procuramos narrar, transita por dois caminhos: o da comemoração e o do esquecimento.

Desde o início de nossas pesquisas, acreditávamos que Benedicto teria feito parte do batalhão de soldados chamados "Voluntários da Pátria" da província de Minas Gerais. Sabíamos da existência de voluntários de cidades mineiras, particularmente da região sul do estado. Aiuruoca foi a que enviou maior número de voluntários, 95; Baependi, 21, dois deles identificados por nós: José Eufrásio de Toledo e Antonio José de Castilho Junior, avô do nosso querido padre Castilho, pároco de Caxambu; Campanha, 51; Itajubá, 11. Suspeitávamos que Benedicto poderia ter sido arregimentado na região, quando achamos sua certidão de óbito da paróquia Nossa Senhora dos Remédios, assinada pelo pároco João de Deus, em que constava que ele era "preto" e que teria morrido de marasmo senil (desnutrição causada pela idade). Tínhamos também uma certidão de batismo de 1907, em que ele constava como padrinho de batismo,  o que comprovava sua possível residência na cidade. Claret então solicitou no cartório civil a certidão de óbito (foto) de Benedicto, o que deu ruma reviravolta em nossas pesquisas e nos trouxe uma surpresa: ele não era de Minas Gerais e sim de Pernambuco

O alistamento

O decreto de 7 de janeiro de 1865 assinado pelo imperador D. Pedro II apelava para o patriotismo dos cidadãos para pegar em armas e lutar na Guerra do Paraguai, determinando a criação de corpos para o serviço da guerra em circunstancias extraordinárias denominado Voluntários da Pátria, e listava as vantagens como chamariz para aqueles das camadas mais baixas da sociedade pudessem se candidatar. Não sabemos (até agora) em quais condições Benedicto foi compor o exército de voluntários: se ele era "liberto" e se alistou por conta própria, ou se foi obrigado, como aconteceu em muitos casos. Uma explicação para que o império tenha arregimentado negros escravos em caráter emergencial e conceder-lhes alforria pelo decreto de 6 de novembro de 1866 foi a falta de voluntários brancos. Muitos dos fazendeiros "compravam" praticamente sua vaga, enviando seus escravos. A eles era dada a carta de alforria, e assim, talvez, Benedicto fora servir as tropas do império na contenda da Tríplice Aliança.

Minas na guerra
 
De Minas alistaram-se 2.541 voluntários, dos quais 1.459 se apresentaram em Ouro Preto, outros 349 em Uberaba e 733 foram diretamente para a Corte, no Rio de Janeiro. Depois seguiram até Uberaba, ponto estratégico de convergência das tropas vindas de diversas partes do Brasil. De lá partiram em um percurso de mais de 1.700 km, a pé e de barco, numa marcha prevista para 90 dias, mas que durou 540. Os militares enfraquecidos por fome, doenças e perseguição das tropas paraguaias, em junho de 1867, foram obrigados a recuar, no episódio conhecido como a Retirada da Laguna, que foi descrito por Alfredo d'Escragnolle Taunay (1843-1899). Em 1879, com a guerra terminada, os sobreviventes que faziam parte do 17° batalhão puderam voltar para casa, onde foram recebidos como heróis.

Nota do jornal O Baependiano de 1889
Havia uma forte presença de negros e mestiços nas fileiras do exército brasileiro, mas que até então não era aberto a escravos. A Constituição Imperial garantia que os seus respectivos proprietários não poderiam ser expropriados, que teriam que lhes dar a alforria antes de se alistarem, como no anúncio ao lado. O capitão Eugenio de Carvalho, natural de Tamanduá, hoje Itapecerica, se prontificou a ir e liberou cinco escravos para a contenda. Estava de passagem por Caxambu, como noticiou o jornal O Baependiano. Era comum que os escravos acompanhassem seus ex-senhores para prestar todo tipo de serviço, inclusive pegar em armas. Em 1867, os primeiros escravos libertos foram enviados ao front de guerra. Terminada a campanha, os ex-escravos, ainda que livres, teriam que prestar serviços ao seus antigos proprietários. Ao se alistarem escolhiam, ou eram induzidos a adotar, outro sobrenomes, portanto não sabemos se Benedicto realmente tinha sobrenome "Alves de Belém". Seria o mesmo Benedicto?

Maldita Guerra atrasa-nos meio século!(1)

A guerra travada entre  Argentina, Brasil e Paraguai foi o maior conflito internacional ocorrido na América Latina. Durou de 1864 a 1870. Os protagonistas dessa triste campanha militar foram Solano Lopez, que tinha um sonho expansionista de formar o "Grande Paraguai", abrangendo terras argentinas de Corrientes e Entre Rios, estendendo até o Rio grande do Sul e Mato Grosso. Foram cinco anos de lutas, durante os quais o Brasil enviou 150 mil pessoas entre mulheres, crianças e escravos. Desses, 50 mil não voltaram para casa. Os números são ainda controversos pela falta de pesquisa, arquivos perdidos. Morreram acometidos de fome, cólera, tifo e toda sorte de pestilências. Entre os que conseguiram retornar, estavam os mutilados, que tiveram de suplicar por suas pensões.

Com a guerra, a população do Paraguai sofreu uma violenta redução. Em 1870 havia um homem para cada 28 mulheres. Os três países perderam vidas entre civis e militares. Das 180 mil almas enviadas para a guerra, mais de 50 mil não voltaram; fora 18 mil argentinos e mais de 28 mil paraguaios cujo paradeiro ninguém tem notícia. Com o apoio da Tríplice Aliança, a Inglaterra aumentou sua influência na América do Sul. A indústria paraguaia foi dizimada, aldeias inteiras destruídas, terras abandonadas, vendidas, transformadas em latifúndios. A Argentina foi a principal beneficiária, anexando parte do território paraguaio. O Brasil, por sua vez, que financiou a empreitada através do Banco de Londres, viu suas despesas subirem às alturas, o que provocou uma crise financeira. 

O verdadeiro herói / Enquanto isso em Pernambuco

Em 1865 é organizado o primeiro batalhão de Voluntários da Pátria de Pernambuco, com 789 homens e em 26 abril embarcaram no vapor São Francisco em direção ao Paraguai. Ao percorrem as ruas, recebiam chuvas de flores das janelas. Flores...

Encontramos vários relatórios nos jornais, e um deles "— O (navio) Cruzeiro do Sul,  entrado no norte trouxe para a corte: de Pernambuco o 4° batalhão de artilharia a pé, com 147 praças e 10 oficiais, uma companhia de artífices com 24 praças e um official, uma companhia de cavalaria com  38 praças e 3 officiaes, o 2° batalhão de voluntários do Recife com 463 praças e 34 oficiais". Eram contingentes arregimentados e  levados de navio até a capital, Rio de Janeiro, de ondeseguiram para Montevidéu. 

Se Benedicto foi mesmo "listado" em Pernambuco, infelizmente não temos a menor pista. Para citar um exemplo, Ouricui, uma povoação encravada no coração do interior de Pernambuco, enviou 405 ouricuourenses para formar o 7° batalhão Corpo Voluntários da Pátria. Apenas 40 retornaram à região. Os números de soldados enviados, mortos, feridos é ainda controverso entre os historiadores. As fontes primárias são escassas e há necessidade de pesquisas. Não sabemos até agora qual o real status de Benedicto, sua situação como cidadão, se sofreu ferimentos, se teve família na cidade, se recebeu alguma pensão por ter lutado na guerra. Com muita sorte, Benedicto Alves do Belém conseguiu chegar são e salvo, vindo a falecer em Caxambu. Isso sim é que é ser herói, pois nos cinco anos de combates, enfrentando mais que lutas corpo a corpo contra o "inimigo". Na verdade os inimigos foram as longas marchas pela província, doenças, como a epidemia de varíola que assolou os soldados, fazendo as primeiras baixas antes mesmo de participarem de qualquer luta, a não ser pela própria vida.

Enquanto isso em Baependi / Uns lembrados, muitos esquecidos/ O veterano Antonio José de Castilho Junior

Após o término da guerra em  1881, o sr. Cornélio Pereira Magalhães, baependiano, membro da Assembléia Provincial, propôs uma emenda para um pequeno aumento do ordenado do fiscal da Câmara Municipal de Baependi, Antonio José de Castilho Junior, que era avô do padre Castilho, pároco muito querido na cidade de Caxambu, e  que prestara serviços militares na Guerra do Paraguai. Castilho, segundo O Baependiano "tomou parte nos combates mais mortíferos e mais notáveis daquela guerra tremenda, onde recebeu vários ferimentos".

Este emprego é exercido por um cidadão destino (apoiado do Sr. A. de Mattos), que durante a guerra do Paraguay prestou à pátria os mais relevantes serviços; foi um dos primeiros que marcharam para o Paraguay, alli fez toda a campanha, tomou parte nos combates mais mortíferos e mais notáveis daquela guerra tremenda onde recebeo vários ferimentos. Voltando este cidadão para a cidade de Baependi, a câmara municipal interpretando fielmente o espírito desse grande e imortal decreto do ministério de 31 de agosto de 1864 o nomeou imediatamente para exercer o cargo de fiscal que essa ali vago, visto ser elle um moço  pobre e que tinha sérios deveres a compara com sua família, segundo o espírito da lei, ter direito a preferencia. 

A solicitação se baseava no artigo 9° do decreto de 7 janeiro de 1865, que estabelecia a preferência na ocupação de empregos públicos por voluntários que haviam servido cinco anos na guerra. Esse era o menor dos problemas. Havia casos e casos. A falta de documentos comprobatórios agravava o descaso com os soldados que serviram na campanha. O labirinto para garantir os seus direitos, assim como os de seus familiares, era imenso e era pedido na burocracia governamental. As vozes dos inválidos, viúvas e órfãos foram sufocadas nas pilhas de requerimentos e petições dirigidas ao monarca, pleiteando promoções na carreira militar, bem como reajuste nos soldos, gratificações, empregos públicos, pensões, pedidos de muletas, passagens para locomoção, esmolas, condecorações. Era a indigência da administração imperial. Mas em Baependi, o apadrinhado do sr. Mattos  teve sorte, e foi nomeado para exercer cargo de fiscal na cidade.

Preto ou pardo?



A burocracia definiu Benedicto como "pardo", já a igreja tinha-o como "preto". Há vários sobrenomes "Alves de Belem" em diversas cidades, como Uberaba, Campanha, Araguari, Manaus, Pernambuco e... Tamanduá, hoje Itapecerica, onde o capitão Eugenio de Carvalho (acima) nasceu, e muitos sobrenomes como "Angola", "Benguela", "Cabinda" indicando a origem dos escravizados da região, mas não temos nenhuma prova de uma possível ligação com os respectivos nomes. Também folheei vários jornais da época, mas não encontrei nenhuma homenagem póstuma ao Benedicto; ao contrário, somente referiam-se aos generais e ao alto comando das tropas. 

Benedicto faleceu em 15 de outubro de 1927, com cerca de 100 anos, acometido de marasmo senil, sendo seu atestado assinado pelo médico, o dr. Mario Mihward, e assinado pelo escrivão Martinho Candido Vieira Lício, no estado de solteiro, na antiga Santa Casa de Caridade, fundada pelo padre João de Deus, ao lado da Igreja Santa Izabel da Hungria, em Caxambu (foto abaixo). 

Curiosamente, alguém ou alguma entidade de Caxambu, no final dos anos de 1920, mandou fazer uma lápide digna, esculpida em pedra ardósia, em sua homenagem. Como historiadores de plantão, o Claret e eu resolvemos não somente restaurar o Jazigo, como escrever sua história. Claret tomou providencias técnicas (e financeiras) e resolveu restaurar tudo por conta própria, preservando a originalidade do jazigo. Ainda bem, assim pudemos recuperar sua história e memória. Agora esperamos entregar aos cidadãos de Caxambu este monumento, e encaminharemos em breve para o Patrimônio Histórico o seu tombamento.


Notas finais sobre a festa do Barracão/ Um circo de cavalinhos

"O sublime sempre anda do lado do ridículo. Antes só podiam entrar os que tinha recebido cartão de convite. A maior parte d'eles, porém não comparecera. Depois entrou tudo. Pretos com saburás, sujeitos em mangas de camiza, muita gente sem gravata, todos entraram. No interior do barracão, que estava bem illuminado, encontrei várias rodas de meninos de collégio jogando o cabra-cega." 

A festa do Barracão, assim denominada pelo jornal A Comédia Popular, comemoração  oficial do acordo de paz da Guerra do Paraguai, em 1870. A construção do tal barracão foi dado de incumbência aos parentes, genros do ministro, barão de Muribita que esperavam ter lucro com a venda dos ingressos. As arquibancadas cobertas foram construídas ao lado do templo da Vitória, e eram destinadas ao público esperado para a festa, com a presença de dom Pedro II, Conde d'Eu e a digníssima princesa Izabel.  Mas o fiasco de público fez com que Sua Alteza liberasse a entrada para evitar olhar para as arquibancadas vazias. 

A festa foi tema de diversos jornais cariocas. Escrevia A Vida Fluminense: "Preparam-se coisas do arco da velha. No Campo de Santana perto da Casa da Moeda formigam os operários, os empreiteiros, e os artistas encarregados de levantar o grande templo de papelão destinado ao Tedéum que ali tem de ser cantado; noutros lugares erguem-se arquibancadas e galerias a imitação de um circo de cavalinhos."

Assim ocorreram as comemorações em que foram lembrados os nomes dos "heróis", o generalato, a nobreza, e a grande maioria dos verdadeiros heróis foi esquecida. Mas quem ganhou ou perdeu a guerra? Perderam (ou ganharam) os generais a guerra sozinhos?, pergunta Bertolt Brecht.

Foto:
Do arquivo privado de Antonio Maciel Claret
Fonte:
Barão de Cotegipe para o barão de Pennede, Rio de janeiro 12 de maio de 1866 (1)
Familie Search
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Jornais de Ouro Preto: Órgão do Partido Conservador (MG) 1884 a 1947.
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PARENTE, Marilia, in De Ouricuri para a Guerra do Paraguai: os voluntários que o povo esqueceu, Curiosamete, Internet.
Chronica dos principaes acontecimentos   concernentes á actual Guerra do Paraguay, in Folhinhas de Laemmert, 1865.
O Baependiano: Folha Scientifica, Literaria e noticiosa (MG) 1877 a 1879.
SILVA, Wellington Barbosa in Em nome da patio e da glória: a formação do 1° Corpo de Voluntários da Pátria (Pernambuco, 1865), Universidade Federal Rural de Pernambuco.
Jornal do Recife (PE) 1858 a 1938.
A Vida Fluminense (RJ), 1870.
Diário do Rio de Janeiro (RJ) 1870.
O Correiro Paulistano (SP) 1870.
A Comédia Social: Hebdomadario Popular Satírico (RJ) 1870.
Agradecimentos: 
Julio Jeha, sempre
A Antonio Claret Maciel, historiador por hobby, que sempre curioso, nos presenteia com coisas, documentos, fatos, lápides e a gente é fisgado no anzol da vontade de contar as histórias. E de lascar!

Nota:
Antonio Maciel Claret, advogado, formado em 1975 pela Universidade de São Paulo. Autor dos livros: A Família Maciel em Baependi e a Saga do Tenente José Francisco Maciel, em 2016, e Memórias da Fazenda da Roseta e do Barão de Maciel, em 2019.
Solange Ayres, Licenciada em História pela Universidade Federal de Minas Gerais, e desde 2013 escreve o Blog Família Ayres, histórias e memórias da cidade de Caxambu e Baependi, juntamente com Graça Pereira Silveira, professora aposentada do ensino fundamental de São José dos Campos, São Paulo.