"Tudo ai era português, a começar da loja dos Guedes e terminar no sonhador que descobrira as fontes de águas mineral, o Venâncio, Depois começaram a emigrar de Baependi os italianos- e Caxambu se encheu dos Viotti. Os sírios, os libaneses, os humildes turcos chegaram depois e o Bechara, o José Calil, o Abdallah, os Sarkis, mascates de uma genialidade itinerante que punha no chinelo a matreirice mineira, foram os antecessores de meu pai no lugar." (1)
E acrescentaria à lista do jornalista David Nasser, ele que também era filho de imigrantes libaneses e que morou até os 14 anos na cidade, outros sobrenomes como os Rosentais, Diórios, Gadbens, Nimans, Nabors, Rafles, Abrahaos, o Zhoury, Dauannys, Canaans, Hadads, Matucks, Salluns, Arjas, Tabolares, Jamals, Baldis, Fares David e... os Serabions. Sem esses bravos imigrantes Caxambu não seria hoje o que ela é. Eles ajudaram escrever a história cultural, política e econômica da cidade.
Peixes, camarão e pertences p/ feijoadas. Pra Quintino Boaiuva, 345, tel: 341- 2949. Quem hoje tentar telefonar para a Casa Armenia, ou passar pela praça Quintino Bocaiúva para fazer a sua encomenda de bacalhau para Semana Santa, vai dar com a cara na porta, diriam os mineiros.
Numa de minhas viagens ao Brasil, fui comprar pão como de costume na padaria, e passando em frente à Casa Armenia, estava lá os pintores mudando a cor interna de suas paredes. Tudo vazio. A casa Armenia mudava de dono? Levei um susto. O filho de seu Anisio, o Serabion, havia falecido e a Casa Armenia fechava suas portas e com ela encerrava uma história de imigrantes.
Sobrevivente
Expulsão dos armenios da Turquia |
Na cidade conheceu Araja Missa Srkis, casaram e tiveram 6 filhos: Lucilia, Moisés, Luisa, Laila Serabion, Cecília a minha professora de educação física. Sua geração esta espalhada pelo Brasil afora.
Família Serbion/Jacob em várias comemorações, em Caxambu |
A Casa Armenia de nossa infância era o lugar onde comprávamos aquelas balas de leite, embrulhadas cudasdosamente em papeizinhos e que ficavam naquele vidro grande de rodar. La também comprávamos os ingredientes para o tradicional bacalhau da Semana Santa, bem como azeitonas grandes, pretas, mergulhadas num vidro grande, junto com as pimentas. Minha mãe contava, que seu Anisio comia uma colherada só de pimenta retirada daqueles vidros e não fazia careta. E quando íamos comprar as azeitonas, observámos o seu Anisio, e lembrávamos das pimentas ardidas. Ele ali sentado entre os sacos de arroz e batata...
Depois de publicado o texto, muitas pessoas recorreram aos seus baús de memória e nós aqui prontificamos publica-las, ja que o nosso Blog é interativo. Foi o caso de Newton Louis Rodrigues, num comentário publicar no Facebook informando que participou de rifas, promovidas pela Casa Armenia. Naquela época a propaganda tinha que ser feita de outro jeito e a criatividade não tinha limites. Então eles recorreriam às rifas. O mais interessante eram os "prêmios": bacalhau, azeite, vinhos e outros produtos importados e muito cobiçados, já que eram produtos exclusivos e caros.
Depois de publicado o texto, muitas pessoas recorreram aos seus baús de memória e nós aqui prontificamos publica-las, ja que o nosso Blog é interativo. Foi o caso de Newton Louis Rodrigues, num comentário publicar no Facebook informando que participou de rifas, promovidas pela Casa Armenia. Naquela época a propaganda tinha que ser feita de outro jeito e a criatividade não tinha limites. Então eles recorreriam às rifas. O mais interessante eram os "prêmios": bacalhau, azeite, vinhos e outros produtos importados e muito cobiçados, já que eram produtos exclusivos e caros.
A Casa Armenia ficava bem dizer, quase no fim da cidade, de quem ia em direção à Baependi, no entroncamento da estrada que dava para o Bairro Trançador, e fazia divisa com Estádio Rangel Viotti, conhecido como CRAC. Na pracinha havia outros dois estabelecimentos, o Mario Caetano do lado, José Caetano, de frente. Também havia o armarinho do Lourival, logo abaixo, onde comprávamos aqueles envelopes de figurinhas para colar num álbum, que ao ser completado, dava direito a uma colcha de chenil azul. Para a minha tristeza faltaram duas figurinhas difíceis. Não poderíamos esquecer dos picolés do seu Lourival, que tinha uma grande diversificação de sabores. Tempos de infância. Tudo ali nequele pequeno universo em torno da Casa Armenia...
Casa Armenia em 2011, foto abaixo, em 2013 |
Ao meu colega de Ginásio, Jacob Serabion, pelas informações.
Fotos:
Solange Ayres
Fotos antigas de Caxambu
Wikipedia
Fonte:
(1) O Cruzeiro, 1967
Nasser David, em Cadernos de Memórias de Getulio Vargas (fragmentos)
Notas:
Vários grifos meus
Excelente texto e homenagem.
ResponderExcluirPatrick Uanes (Filho Cecília Sarabion )
Excelente texto e homenagem.
ResponderExcluirPatrick Uanes
Patrick o Grande prazer foi meu de contar esta história . Saudações
ExcluirFiquei emocionado, eu agora imigrante na Bolivia, lembrando os tempos passados, meus avos e as coisas vividas em Caxambu, muito obrigadas pela emoção vivida nesse post.
ResponderExcluirMarcus Serabion Ferreira
Lembro perfeitamente do meu tio Anizio e da tia Arach(Araja), dela recordo das esfirras que sempre me oferecia e dele tecendo redes de pesca, onde eu ficava observando e ele me ensinando a tecer enquanto meu pai ia jogar futebol, lembro do sorriso farto da tia Arach.
ResponderExcluirLembro de ir na Casa Armênia e o sr. ANISIO, saboreando pepino com coalhada e oferendo para a gente!!! Saudades de minha madrinha Lucília e todos da família!!! Casa Armênia faz parte da vida de todos nos que vivíamos ao entorno...
ResponderExcluirFatima Aparecida Ayres
ResponderExcluirSaudades dos primos em especial de tia Araja!!!Tempo maravilhoso!!!
ResponderExcluirSaudades
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