Em 1931, sobrevoava o primeiro avião sobre a cidade de Caxambu. A aeronave não estava em tão grande altitude e assim a minha irmã Eny Ayres teve tempo de anotar o "numero da placa", digo, a matrícula da aeronave: KC 624. O avião era uma das 8 aeronaves que pertenciam ao Correio Aéreo Militar, procedente do Rio de Janeiro. pilotado pelo tentente O`Really.
Um objeto mais pesado que o ar
Sim, um objeto mais pesado que o ar ergueu, em 23 de outubro de 1906, por apenas 3 metros de altura, percorrendo uma extensão de 700 metros. Era o 14 Bis, pilotado por Santos Dumont. A partir desta data histórica os aviões se desenvolveram numa rapidez alucinante e de uma frágil máquina, em moderíssmos aviões.
Mas estamos ainda nos anos de 1930, e a aviação brasileira alçava seus primeiros vôos partindo do Campo dos Afonsos, no Rio de Janeiro. Hoje nos custa acreditar que aqueles "teco-tecos" podiam voar. E podiam!
E se escrevemos sobre o primeiro avião a sobrevoar a cidade, também teremos que falar, claro, sobre quem o pilotava, o Tentente O`Reilly. Aqui vai o seu curriculum.
Altamiro O`Reilly dos Santos, o nosso piloto-herói, nasceu, em 12 de maio de 1902, no Rio de Janeiro, entrou para o Exército, em 26 de dezembro de 1918, sendo declarado aspirante, em 7 de janeiro de 1922, e foi promovido a 2° Tenente, em 30 de abril de 1923 e novamente promovido a 1° Tenente, em 16 de abril de 1924. Servia como auxiliar de instrutor na Escola de Aviação e tinha acabado o curso de aperfeiçoamento, tendo conseguido o segundo lugar na sua turma. Ele foi também o um dos pioneiros do 1° pouso de um avião, em Resende, em 1931, a bordo do Curtis 269 da Escola de Aviação Militar do Realengo, que ocorreu na Fazenda Santo Amaro. Neste mesmo ano ele cortou os céus de Caxambu e foi fotografado. Eny Ayres adquiriu a foto de recordação, a qual ficou guardada durante décadas, nos arquivos da família.
Uma aterrissagem forçada
A sorte estava com o Capitão Barcelos...
A sorte estava como Capitão Antonio Alberto Barcelos de 33 anos de idade, que por várias vezes escapou de acidentes. Por uma ocasião, o avião em que viajara sofreu uma pane, ficando atolado num pântano. Os dois pilotos foram dados como mortos. Longas horas de angusta e a notícia: Ele tinha sobrevivido com apenas algumas escoriações, mas o colega falecera. Assim parece que o destino se repetia. O Capitão Barcelos, sobreviveu e uma ambulância foi enviada para o socorro dos pilotos.
... mas não com o Tenente O`Reilly
O Tenente O`Kelly não resistiu aos graves ferimentos e veio falecer. Não havia mais o que fazer. O corpo do piloto foi levado para a igreja de Passa Três, e às duas horas da madrugada compareceu o comandante da Escola de Aviação Militar Amilcar Pederneiras, para tomar as providencias necessárias à remoção do corpo e transportar o outro capitão ferido. Pederneiras estava arrasado com a morte do colega.
O´Reilly foi velado, na Igreja, pela população local, antes de ser transportado para o Rio de janeiro, e receber as últimas homenagens da família, sendo sepultado no cemitério São Francisco Xavier, no Caju. O`Reilly tinha apenas 29 anos e era casado com Nydia O`Reilly ha cinco anos. O casal não tinha filhos. O trágico acontecimento se deu nas vésperas de natal. As últimas palavras proferidas pelos pilotos que tinham as suas profissões dedicadas aos transportes aéreos: " - Os pilotos nunca dizem "até a volta", quando sobem num avião, dizem apenas "adeus"".
Altamiro O`Reilly Santos, adeus!
Um objeto mais pesado que o ar
Sim, um objeto mais pesado que o ar ergueu, em 23 de outubro de 1906, por apenas 3 metros de altura, percorrendo uma extensão de 700 metros. Era o 14 Bis, pilotado por Santos Dumont. A partir desta data histórica os aviões se desenvolveram numa rapidez alucinante e de uma frágil máquina, em moderíssmos aviões.
Mas estamos ainda nos anos de 1930, e a aviação brasileira alçava seus primeiros vôos partindo do Campo dos Afonsos, no Rio de Janeiro. Hoje nos custa acreditar que aqueles "teco-tecos" podiam voar. E podiam!
E se escrevemos sobre o primeiro avião a sobrevoar a cidade, também teremos que falar, claro, sobre quem o pilotava, o Tentente O`Reilly. Aqui vai o seu curriculum.
Altamiro O`Reilly dos Santos, o nosso piloto-herói, nasceu, em 12 de maio de 1902, no Rio de Janeiro, entrou para o Exército, em 26 de dezembro de 1918, sendo declarado aspirante, em 7 de janeiro de 1922, e foi promovido a 2° Tenente, em 30 de abril de 1923 e novamente promovido a 1° Tenente, em 16 de abril de 1924. Servia como auxiliar de instrutor na Escola de Aviação e tinha acabado o curso de aperfeiçoamento, tendo conseguido o segundo lugar na sua turma. Ele foi também o um dos pioneiros do 1° pouso de um avião, em Resende, em 1931, a bordo do Curtis 269 da Escola de Aviação Militar do Realengo, que ocorreu na Fazenda Santo Amaro. Neste mesmo ano ele cortou os céus de Caxambu e foi fotografado. Eny Ayres adquiriu a foto de recordação, a qual ficou guardada durante décadas, nos arquivos da família.
Uma aterrissagem forçada
O feito de ter sido o primeiro a sobrevoar a cidade, tem aqui que ser escrito duas vezes. Duas vezes o seu destino estaria ligado à cidade de Caxambu.
Num dia de dezembro, mas precisamente 23 de dezembro de 1931, o Tentente O`Reilly subiu no avião como sempre sorrindo e bem humorado para pilotar, trocando de lugar com o Capitão Barcelos, que tomou o assento traseiro, na posição de "observador", que hoje seria o "co-piloto". O avião de treinamento da marca "Morane 147", de fabricação francesa da década de 1920, partiu de Resende em vôo experimental e deveria seguir em direção ao seus hangares, no Campo dos Afonsos, Rio de Janeiro, quando, à altura do quilometro 91 da Rede Sul Mineira, o motor sofre uma pane. Era 18:30 da tarde e eles sobrevoavam a cidade de Passa Três.
O`Reilly era conhecido por suas manobras espetaculares nas exibições aéreas do Exército, daquelas que "causaram horror a multidão", escrevia um jornal, referindo-se às perigosas manobras, quando se ouvia aquele ohooo!! ao voar sobre as cabeças dos espectadores. Mesmo na situação que se encontrava, não perdeu a calma e o sangue frio, qualidades exigidas para um piloto de sua categoria, pois tinha enfrentado outras situações mais graves. Ele ainda tentou planar para fazer uma aterrissagem, mas o terreno era curto para a manobra, e com a velocidade que o avião tocou no chão, rodou desgovernado indo chocar-se a uma elevação próxima a linha férrea. No impacto a fuselagem ficou retorcida e o avião totalmente destruído. Os pilotos foram encontrados desacordados pelos funcionários da Light, Companhia Elétrica, que trabalhavam próximo ao local e prestaram os primeiros socorros. O`Reilly estava em pior estado, pois sua cabeça foi de encontro à fuselagem e sangrava muito sendo seu ventre atingido pelo motor. O Capitão Barcelos tinha o rosto coberto de sangue e sofrido escoriações pelo corpo...
Num dia de dezembro, mas precisamente 23 de dezembro de 1931, o Tentente O`Reilly subiu no avião como sempre sorrindo e bem humorado para pilotar, trocando de lugar com o Capitão Barcelos, que tomou o assento traseiro, na posição de "observador", que hoje seria o "co-piloto". O avião de treinamento da marca "Morane 147", de fabricação francesa da década de 1920, partiu de Resende em vôo experimental e deveria seguir em direção ao seus hangares, no Campo dos Afonsos, Rio de Janeiro, quando, à altura do quilometro 91 da Rede Sul Mineira, o motor sofre uma pane. Era 18:30 da tarde e eles sobrevoavam a cidade de Passa Três.
O`Reilly era conhecido por suas manobras espetaculares nas exibições aéreas do Exército, daquelas que "causaram horror a multidão", escrevia um jornal, referindo-se às perigosas manobras, quando se ouvia aquele ohooo!! ao voar sobre as cabeças dos espectadores. Mesmo na situação que se encontrava, não perdeu a calma e o sangue frio, qualidades exigidas para um piloto de sua categoria, pois tinha enfrentado outras situações mais graves. Ele ainda tentou planar para fazer uma aterrissagem, mas o terreno era curto para a manobra, e com a velocidade que o avião tocou no chão, rodou desgovernado indo chocar-se a uma elevação próxima a linha férrea. No impacto a fuselagem ficou retorcida e o avião totalmente destruído. Os pilotos foram encontrados desacordados pelos funcionários da Light, Companhia Elétrica, que trabalhavam próximo ao local e prestaram os primeiros socorros. O`Reilly estava em pior estado, pois sua cabeça foi de encontro à fuselagem e sangrava muito sendo seu ventre atingido pelo motor. O Capitão Barcelos tinha o rosto coberto de sangue e sofrido escoriações pelo corpo...
A sorte estava com o Capitão Barcelos...
A sorte estava como Capitão Antonio Alberto Barcelos de 33 anos de idade, que por várias vezes escapou de acidentes. Por uma ocasião, o avião em que viajara sofreu uma pane, ficando atolado num pântano. Os dois pilotos foram dados como mortos. Longas horas de angusta e a notícia: Ele tinha sobrevivido com apenas algumas escoriações, mas o colega falecera. Assim parece que o destino se repetia. O Capitão Barcelos, sobreviveu e uma ambulância foi enviada para o socorro dos pilotos.
Fotos ao Alto, Tenente-Aviador Altamiro O`Reilly Santos, abaixo o avião Morane 147, e o Capitão-Aviador Barcelos |
O Tenente O`Kelly não resistiu aos graves ferimentos e veio falecer. Não havia mais o que fazer. O corpo do piloto foi levado para a igreja de Passa Três, e às duas horas da madrugada compareceu o comandante da Escola de Aviação Militar Amilcar Pederneiras, para tomar as providencias necessárias à remoção do corpo e transportar o outro capitão ferido. Pederneiras estava arrasado com a morte do colega.
O´Reilly foi velado, na Igreja, pela população local, antes de ser transportado para o Rio de janeiro, e receber as últimas homenagens da família, sendo sepultado no cemitério São Francisco Xavier, no Caju. O`Reilly tinha apenas 29 anos e era casado com Nydia O`Reilly ha cinco anos. O casal não tinha filhos. O trágico acontecimento se deu nas vésperas de natal. As últimas palavras proferidas pelos pilotos que tinham as suas profissões dedicadas aos transportes aéreos: " - Os pilotos nunca dizem "até a volta", quando sobem num avião, dizem apenas "adeus"".
Altamiro O`Reilly Santos, adeus!
Na foto, as homenagens dos colegas, representado na cadeira vazia por uma coroa de flores. Assim a história é escrita. O Campo de Pouso de Caxambu, inaugurado, em 1932, recebeu o nome em homenagem ao aviador do exercito, o 1° Tenente aviador: O`Reilly dos Santos. O`Reilly recebeu também homenagens, em Rezende, em 29 de setembro de 1941, e um avião foi batizado como seu nome.
Salve!
Aqui para a eternidade, minha irmã Eny Ayres e sua caligrafia, no dia que adquiriu a foto. Salve!
Na próxima postagem, vocês irão conhecer a Campo de Pouso de Caxambu. Aguardem!
Foto:
Arquivo privado da Família Ayres
Jornal Correio da Manhã, 1955
Fonte:
(1) Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica - Idéias em destaque- n° 40, 2013.
Aragão, Isabel L.,Correio Aéreo Militar (CAM): uma história de pioneirismo, 2012.
Força Aérea Brasileira: A saga dos bandeirantes que criaram as rotas aéreas pelo interior.
Correio da Manhã,1955
Jornal Catholico, 1933
Bento, Claudio Moreira, Cel. em Resende-RJ- História Militar 1744-2001-Memória
A Crítica, RJ 1920-1930
Diario da Noite, RJ, 1931
Diário de Noticias, RJ
Muito bacana !!
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