domingo, 22 de maio de 2022

O seu Joaquim Roque que vive em mim ha onze mil quilômetros de distancia


 



Os ensinamentos de seu Joaquim Roque o preto velho, filho de escravos, morador da região do Chapéu, Baependi vive em mim. Ele era exímio confeccionador de cercas de bambu, quando ainda não existiam muros, casas cercadas de arame farpado, nem cerca elétrica.

Hoje, após 57 anos desta foto, onde se vê o milharal plantado, me bateu uma imensa saudade e num outro verão, em outro país, plantei os meus milhos em sua memória. 

Eu o acompanhava seu trabalho no denominado "condomínio da família Ayres", na antiga rua Quintino Bocaiuva, 113, Caxambu. Memórias. No final de outubro era o tempo de plantio, quando chovia torrencialmente e os dias se tornavam quentes e úmidos, ideal para o crescimento das plantas. Ele conhecia as melhores fases da lua para plantar. Três a quatro grãos eram jogados numa cova rasa, cavada por uma enxada num só golpe. Depois os grãos eram cobertos pela terra fofa e recebiam um leve aperto com os pés. Semanas depois, voltava ele para capinar o mato crescido.

Era mês de janeiro e o milharal da foto estava em flor, as espigas com seus cabelos loiros ou ruivos cresciam depois das chuvas torrenciais do mês de dezembro e janeiro. A foto foi feita pelo meu padrinho Jorge, que sempre vinha no mês de janeiro, data de meu aniversário.


Salve seu Joaquim Roque. O senhor esta em minhas, nossas lembranças.

Foto: 
Arquivo privado da família Ayres

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