terça-feira, 24 de setembro de 2024

Cremeria Caxambu/ Caxambu da água com queijo



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O susto foi da resposta da tia Célia, nossa biblioteca familiar. --Tia, a senhora se lembra da Cremeria de Caxambu? De Angelo Pellizzone? -- Claro, a filha dele Nilda Pellizzone estudou comigo no Colégio Normal. A família morava na rua paralela à Camilo Soares, ali pelo lado de cima. Pellizzone era alto, de meia idade. Veio como foi. A família se mudou e nunca mais ouvimos falar. O Luiz (Ayres) namorou a vizinha deles, Maria Machado. Queijo era caro. O papai comprava manteiga lá quando fazia uns serviços extras e ganhava um dinheirinho. Só assim podíamos comer manteiga. A filha da tia Mariquita, a Luiza, trabalhou lá por algum tempo.

O pioneiro Sá Fortes

Mas antes temos que contar a história dos primórdios da indústria de laticínios no Brasil, cujo precursor foi Carlos Pereira de Sá Fortes, nascido no Alto da Mantiqueira, no município de Barbacena. Sá Fortes se formou pela faculdade de Medicina no Rio de Janeiro e, de volta à sua terra natal, em 1888, teve a iniciativa de fundar a primeira fábrica de laticínios do Brasil e da América do Sul, mais precisamente na serra da Mantiqueira, que tinha como produto queijos "do tipo holandês". A matéria prima vinha em parte das fazendas de propriedade de sua família. O maquinário foi importado da Holanda, bem como a mão de obra, e, como em muitos empreendimentos, não logrou êxito de imediato. Mas com esforço e dedicação, não desistiu da busca da qualidade empreendendo uma viagem à Europa, para aprender e ver de perto os avanços da indústria de laticínios. A fábrica da Mantiqueira foi a primeira formadora de mão de obra especializada, recebendo os interessados em conhecer as técnicas de industrialização do leite, matéria prima espalhada pelas fazendas. Os primeiros técnicos da fábrica da Mantiqueira criaram novos laticínios, gerando progresso na região. Em 1913 Sá Fortes teve a iniciativa de expandir a Companhia de Lacticínios da Mantiqueira, tornando-a subsidiária da Companhia Brasileira de Lacticínios, que tinha como sócios poderosos empresários, dentre eles Raul Leite.

Minas se reinventando no início do século

Com o fim da escravidão e a queda da atividade mineradora dos séculos passados, Minas agora tinha que se reinventar e se diversificar. As economias regionais, caso do sul do estado, se fortaleceram, se especializaram e se tornaram responsáveis pelo abastecimento regional e das grandes cidades, como Rio e São Paulo. Leite tinha de sobra. A mão de obra imigrante, incentivada pelos políticos para substituir não só a mão de obra escrava, mas também para "embranquecer" a população, foi fator de impulso para a economia. O Sul de Minas foi a principal região de imigração italiana no final do século, que veio trabalhar não somente na lavoura, mas também ocuparam os centros urbanos, oferendo seus serviços em atividades profissionais e comerciais. Foi o que aconteceu com Angelo Pellizzone, agora era chefe da confecção de queijos da cidade, e, mais tarde, substituído pelo dinamarquês Axel Sorensen.
Em 1924 Jaime Leite era o gerente e "guarda livros" da Cremeria, isto é, era quem fazia a contabilidade do estabelecimento.

A fundação

Jornal A Noite, 1921; Virgo Potens, Google, 2022.

A Cremeria Caxambu foi fundada por Raul Ferreira Leite e Angelo Pellizzone, italiano radicado no Brasil, e inaugurada em 1º de maio de 1921. Nos seus primórdios, ocupava um prédio com duas casas laterais (foto acima), hoje a Virgo Potens, na rua Dr. Viotti, 30, e tinha como gerente o capitão Arlindo de Mello  e o funcionário de origem italiana, Francisco F. Giglio.

Caxambu estava em ascensão como estância hidromineral e florescia com as reformas urbanas na administração do prefeito Camilo Soares (1909-1914), quando o centro da cidade foi embelezado, o Bengo canalizado e o Parque das Águas, a joia da cidade foi tratado como tal. A hidrópolis se tornou destino dos aquáticos, políticos e capitalistas, principalmente do Rio e São Paulo, o que possibilitou diversificar sua economia. Em 1928 a Cremeria de Caxambu constava na lista das "principais indústrias dos municípios e seu maiores estabelecimentos" junto com Empresa das Água de Caxambu. Portanto era água e queijo. 

Queijo, saúde e política

Raul Leite devia conhecer bem as qualidades da cidade para escolher Caxambu
para instalação de sua cremeria. Em 1915 era visto no Parque das Águas,
gozando de uma estação de veraneio (o terceiro sentado da direita para a esquerda).

Raul Ferreira Leite nasceu nos Matos de Passa Tempo, termo da Vila de Oliveira, comarca de São João Del Rei. Em 1886 graduou-se em farmácia e, em 1912, formou-se em medicina. Iniciou sua carreira como comerciante de laticínios no Rio de Janeiro. Raul Leite era da safra de médicos empreendedores. Ele foi o fundador e proprietário da Leiteria Bol, criada em 1913, que funcionava na Rua Gonçalves dias, no Rio de Janeiro. Já nessa ocasião, seu estabelecimento funcionava sob rigorosas condições de higiene. Ao instalar sua leiteria, impermeabilizou as paredes com ladrilho e esmalte, tornando-se modelo para as casas similares  na cidade e adotando o sistema de pasteurização do leite. A leiteria Bol vendia, além do leite pasteurizado e homogeneizado, manteiga fresca, fabricada com creme pasteurizado. Raul também  fundou, em 1921, o Laboratório Raul Leite, a maior organização químico-biológica da América do Sul, que em poucos anos era o orgulho da indústria farmacêutica brasileira. Raul Leite editava um almanaque em que tratava de temas como aleitamento materno e cuidados com a saúde, e conseguia atingir milhares de famílias com suas publicações. Participava  ativamente da Ação Integralista surgida em 1930, fazendo parte da Câmara dos 40 criada. O Integralismo tinha simpatia pelo fascismo internacional, de tendências  autoritárias e antiliberais, e serviu de suporte a Getúlio Vargas, até romper com ele por divergências políticas.

Caxambu na década de 1930

Anúncio da Gazeta Popular,1931

Na década de 30 a Cremeria de Caxambu floresceu. Estávamos na Era Vargas. Em 1931 Raul consegue a isenção de impostos para importação de maquinário, data de sua expansão. No mesmo ano, a Cremeria participa da Feira internacional de Amostras, no Rio de Janeiro. O Jornal do Comércio noticiava que o empreendimento processava 19 mil litros diários de leite! Com o aumento de capital, a fabricação foi  ampliada em "larga escala". Segundo o jornalista, os excelentes produtos já estariam substituindo com vantagem os similares estrangeiros. Em onze anos já ocupava "vasta casa", noticiava o Jornal do Brasil. Foi a pioneira na fabricação de queijos tipo Gorgonzola e Roquefort. 

No documento acima podemos ver como era ela nos seus primórdios, antes de se transformar na "vasta casa" (foto ao alto), citada pelo jornal. Os produtos eram queijos, lactose, leite em pó e condensado, além de outros derivados do leite. A estrutura da região, composta de pequenas fazendas baseadas na pecuária, fornecia matéria prima para o fabrico de queijos. Se nos séculos passados, a produção sul-mineira era transportada no lombo de muares, agora chegava rápido aos seus destinos, pois tinham a ajuda dos trilhos de ferro. 

Em 1933 o número de sócios e assistentes da Cremeria se multiplicou tanto na quantidade como na qualidade. O time de especialistas preocupados com a qualidade dos seus produtos era Paulo Ganns, professor de química orgânica do curso de Química Industrial e Agrícola Floriano de Azevedo, M. Rangel, Lélio Carlos, Julio Vieira de Mello, John C. Kerk Vliet e J. Moreira Vasconcelos. A direção do empreendimento estava confiada ao farmacêutico professor Francisco A. Panza, tendo Raul Leite, na parte industrial, Angelo Pellizzone como queijeiro mestre, Paulo Ganns professor e químico assistente do Instituto de Química do Rio de Janeiro, o professor e bacteriologista dr. Marcos Magalhães. Era a primeira vez no Brasil que uma indústria de laticínios se orientava como rigorosa organização científica, o que já era comum em todos os países adiantados. A filosofia da higiene e saúde fez parte do discurso nacionalista na primeira metade do século XX, justificando assim tantos "doutores" que se ocupavam da Cremeria. Era sinal de que eles levaram a sério suas tarefas e assim colheram, por algum tempo, os frutos de seu trabalho. Os que trabalhavam na produção tinham que apresentar "exames de sanidade", isto é atestado de boa saúde.

Na Feira Internacional de Amostras realizada no ano de 1932, no Rio de Janeiro, o trabalho dos cremeiros recebia só elogios. Quase todos os produtos eram fabricados por maquinários e primava pela higiene, garantindo a qualidade para os consumidores. Os produtos eram também apresentados em feiras agropecuárias de São Paulo. Caxambu exportava não somente água mineral, mas também queijo.

Que-Bocó das Minas

Em  agosto de 1932, o Jornal do Comércio publica uma solicitação de uma marca incomum de queijo: Que-Bocó, feito por Raul Leite, e em junho de 1933 pede registro de marca Lebel para a classe 41. Era o time tentando inovar. No mesmo ano a Cremeria é obrigada a pagar uma multa no valor de 50$ na recebedoria do Distrito Federal relativa a impostos federais atrasados.

Rua da Conceição, 28/Cronologia dos acontecimentos

Em 1933 Alvaro de Carvalho, morador do sobrado onde funcionava o depósito da Cremeria de Caxambu, no Rio, levou um susto. Houve um principio de incêndio, provocado por uma lata de parafina quente. O incidente não causou estragos maiores, pois o fogo foi apagado pela corporação da estação central. O tenente Duque Cesar não teve muito trabalho, já que os empregados contiveram o início do incêndio. Foi assim que ficamos sabendo que a Cremeria de Caxambu tinha um dos seus endereços comerciais na Rua da Conceição, 28, no centro do Rio de Janeiro. (façam uma visita virtual, a rua continua como no início dos anos de 1930, inclusive o sobrado)

No mesmo ano, o Jornal do Brasil tecia elogios aos queijos. A reportagem visita a Cremeria e relata seu desenvolvimento desde sua inauguração há 11 anos, e destacava o queijeiro italiano Pellizzone, que se orgulhava de sua origem italiana e do seu trabalho. Mas em janeiro de 1934, a Cremeria aparece na lista de falências, concordatas e liquidações, do Jornal do Comércio do Rio de Janeiro.  O Banco do Brasil igualmente faz uma cobrança pública, cujos títulos deveriam ser pagos em 15 dias. Em 25 de setembro de 1934, a Cremeria ainda se fez presente no  Pavilhão Mineiro da Feira Internacional de Amostras, no Rio .

Em 1934, em meio a dificuldades econômicas, ela ainda inovava na produção de queijos e seus derivados com uma grande diversidade, como Provolone, Fontina, que era a especialidade da Cremeria, Parmesão, Prato, Golf, dentre outros, além da manteiga, leite condensado e lactose. O empreendimento logrou ter seus produtos representados em todos os estados da União graças aos trilhos da Rede Mineira de Viação. Existiam pontos fixos de vendas no Rio de Janeiro, como na rua dos Andradas, 117, na rua do Ouvidor, em São Paulo, Rua Benjamim Constant, 50 (faça uma visita ao tempo), e em Santos.

No início de 1937, parecia que a crise tinha sido superada, e na Era Vargas, a Cremeria estaria consolidada tendo ainda Raul Leite à frente do empreendimento. Segundo o jornal Imparcial de 11 de novembro eles trabalhavam alguns milhares de litros de leite provindos das fazendas próximas. No período do verão, considerado de alta  estação, trabalhavam 30 pessoas, podendo chegar a 50, dependendo da produção. Na época estava a cargo da fabricação de queijos não mais Pellizzone, mas Sebastião de Almeida, tendo dr. Paulo Ganns como químico. Joaquim Ferreira Leite, rico fazendeiro, dono de terras entre Caxambu e Conceição do Rio Verde era um de seus fornecedores. Ele tinha a vantagem da principal estrada de ligação entre as cidades atravessar suas propriedades, facilitando assim o escoamento do leite que rapidamente podia ser trabalhado. Tudo parecia que ia bem até que...

A Era Vargas/Queijo e política/O fim da Cremeria Caxambu Ltda

Nas tabelas do IBGE de 1937, constavam os três principais produtos industriais de Caxambu: águas minerais, queijos e manteiga, significando 79,7% de sua produção e empregava  10 pessoas com um lucro de 418.284 contos de réis.

Mas as aparências enganavam. Já no dia 16 de junho de 1937, o juiz Brotero Antonio do Pilar Cobra, juiz de direito da Comarca de Baependi, abriu processo para a dissolução e consequente liquidação judicial da Cremeria, a pedido pelo próprio Raul Ferreira Leite, com fundamento no artigo 336 do Código Civil. O motivo alegado era a sociedade não podia preencher o intuito e fim social decorrente da situação  de concorrência e da retirada de pessoa encarregada da parte técnica, além sucessivos prejuízos nos balanços anuais. Os sócios cotistas Angelo Pellizzoni, que agora residia em Itanhandu, Paulo Ganss, Noeme Salles Ganns, Aureliano Machado, Floriano Peixoto de Azevedo, João Edmundo Moreira de Vasconcelos, Mario Cesar de Freitas Rangel, Julio dos Santos Vieira de Mello, residente no Rio de Janeiro, e José Sebastião Gama, residente em São Paulo foram convocados a se manifestarem juridicamente. O  jornal O Imparcial não fez jus ao seu nome, pois o empreendimento já  apresentava problemas para fechar suas contas. Não podemos detectar aqui quais as reais causas  do seu fracasso, que outrora tinha conseguido tanto sucesso. Os problemas administrativos podem ter sido causados pela ausência de gerenciamento, já que que Raul Leite tinha não somente inúmeros empreendimentos, mas também estava profundamente envolvido nas questões políticas nacionais.

Coincidentemente nesta data foi instaurado o Estado Novo (1937-1945) deflagrando uma ditadura no governo Vargas que aboliu as liberdades democráticas, os direitos de políticos e civis. Muitos dos integralistas foram perseguidos, presos e torturados, perdendo seus cargos públicos, dentre eles Raul Leite, que foi preso em sua casa. Em 27 de maio de 1938, a Associação Integralista Brasileira passou à ilegalidade juntamente com outros partidos, devido ao Golpe  de 1937 e a instalação do estado de exceção. Em 1938 Plínio Salgado envia uma carta a Getulio, com cópia a Raul Leite, fazendo um desabafo, relatando o trabalho que desenvolveu para o país, mantendo escolas, assistência médica, exames de analise clínica para os pobres e premiando alunos de medicina. Estava ressentido quanto ao tratamento "sem qualquer respeito" a que fora submetido durante o tempo que permaneceu preso. Raul teve papel de destaque no movimento, participando de um dos seus principais órgãos, a Câmara dos Quarenta, criada em 1936. Faleceu de um ataque cardíaco, em 23 de janeiro de 1939, em visita a uma fazenda na Bahia, talvez segundo sua enteada, em consequência do sofrimento nos dias de prisão (1). Seu corpo embalsamado foi velado na Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro do qual era membro destacado.

Um edital de 1° de abril/ Quatrocentos e trinta e nove contos/A liquidação/
Um bairro chamado Pelizzone

Cremeria Caxambu, década de 1930/Arquivo privado da família Sorensen

Parecia mentira, mas não era. No dia 1 de abril de 1939 os bens da Cremeria Caxambu Ltda são colocados no pregão para serem  leiloados e assim pudemos ter, através da lista de bens, a dimensão do trabalho de Raul Leite e seus parceiros econômicos. Houve um enorme investimento financeiro e tecnológico para  modernizar e produzir com qualidade e foi não somente uma perda econômica para cidade, mas uma perda inestimável de conhecimento. Todo o tipo de maquinário elétrico, inclusive caras máquinas importadas da Alemanha e Suíça, um  arsenal técnico que significou anos de aprimoramento de trabalho, estava sendo vendido. Tudo, tudo.

E a Cremeria de Caxambu? Após a liquidação ela continuou a funcionar, agora sob nova direção. Em 1940, o jornal Nação Brasileira exalta as qualidades e belezas da cidade dando destaque à Cremeria, dentre os 78 empreendimentos que compunham o quadro econômico da cidade. Ela foi adquirida pelo dinamarquês Axel Sorensen (1896-1963) que a administrou  até o ano de 1945 trazendo para trabalhar Emil Jensen. Segundo Julio de Almeida Lima, genro de Axel, os fornecedores de leite naquela época eram Juca Leite, Jordão e Comendador Pereira. 

Sorensen vendeu a Cremeria, e aqui aparece o penúltimo protagonista, Heitor Levy, que adquiriu as instalações e continuou a fabricar queijos. Ele foi proprietário da Casa Levy, uma loja de armarinhos de Caxambu que imprimiu inúmeros postais da cidade com sua marca. Levy sofreu um grave acidente e teve que abandonar o negócio. 

Se em 1931 o Diário de Notícias faz referência ao efeito positivo do empreendimento para a cidade: "Desde que Leite e Pellizzoni construíram a Cremeria na vargem da estação, multiplicaram-se rapidamente as construções particulares, embelezando aquela zona, que é mais um ornamento de graça para a nossa encantadora cidade". Anos mais tarde, porém, a vizinhança começava a estranhar o empreendimento. Curiosamente, o jornal Correio da Manhã, de 1935, noticiava o carnaval de Caxambu, e a saída dos cinco blocos carnavalescos que iriam percorrer a cidade com concentração no... Bairro Pelizzone.

O que antes era fonte de elogios, agora tinha votos contrários. Com a expansão da cidade, foram construídas residências no seu entorno, e exatamente por isso se tornou um problema. Segundo Julio Almeida Lima, naquela parte da cidade havia muito movimento de tropas de burros transportando leite. O barulho das latas era grande. Havia muitas reclamações contra do cheiro exalado na fabricação de caseína, proteína do leite, "que ia longe, fervendo naqueles recipientes de cobre até virar pó (leite em pó). Cheirava queijo até no Ginásio". O empreendimento parecia que não teria mais futuro e foi pedida a suspensão dos seus trabalhos.


Notícia do Jornal O Patriota de 1948

Citamos o penúltimo protagonista, pois o último foi a Indústria Caxambuense Sallum Ltda a ocupar o local, onde era fabricado o "Guaraná Caxambu". As instalações foram vendidas para a família de José Sallum  e foram transformadas em fábrica do guaraná Guaranita. Posteriormente foi ocupada por uma instituição católica se transformando na escola Virgo Potens. No antigo prédio da Cremeria agora funcionava a instituição escolar foi declarada por decreto de utilidade pública, assinado em 1963 pelo governador Magalhães Pinto. 

O humor centenário

Para tentar encerrar o texto, numa segunda bateria de perguntas à minha tia,  na tentativa de identificar os fotografados acima, quem era quem. -- Tia, a senhora conhece os fotografados? A tia Célia, já com dificuldades de enxergar devido a uma catarata, retrucou: -Não consigo reconhecer ninguém. Seu pai conhecia. Só conseguiremos saber quando você levar a foto para ele lá no além. Risos gerais. Do sr. Pelluzzoni, posso agora entender a resposta lapidar de tia Célia sobre o seu paradeiro: "-Veio como foi e nunca soubemos do seu paradeiro". 

Fonte:
Diário da Noite, Rio de Janeiro, 1931
Gazeta Popular (SP) 1931 a 1938
Vida Doméstica (RJ) 1920 a 1962
Almanak Lammert - Administrativo, Mercantil e Industrial (RJ) - 1891 a 1940
O Paiz (RJ)  1939 a 1934
A Noite
O Campo (RJ) 1930 a 1952
O Malt 1904
Para Todos (RJ) 1919 a 1958
Vida Doméstica (RJ) - 1920 a 1962
O Imparcial (RJ) - 1935 a 1939
Nação Brasileira (RJ) - 1923 a1947)
Correio da Manhã (RJ) - 1936 a 1939
Jornal do Brasil (RJ) - 1930 a 1939
A Offensiva (RJ) 1936
O Jornal (RJ) 1920 a 1926
Il Pasquino Coloniale, 1936
CASTRO, Luciano in, A indústria de transformação no Sul de Minas Gerais, 1907-1937
MAGALHÃES, Maria das Graças Sandi, USF, in Higiene e cuidados com a criança: As lições dos Almanaques de Farmácia 1920-1950
GOMES Angela Maria de Castro, in Escrita de si, escrita da história, FGV, 2004.
Wikipedia
Serie Entrevista IX - Sra. Liden Maria de Olveira Carvalho in  Memória e História da política Nacional por Jorge Figueira, in blog (1)
CHEIBUB Ana Maria de Souza Santos, in O III congresso sul americano de química e a importância da química no Brasil na década de 1930, 2013.
Furtado Mucio in, Queijos Semicurados, maio 2019
ALBUQUERQUE Luiza Carvalhaes, in Carlos Pereira de Sá Fortes - Fundador da indústria de laticínios no Brasil, in Ciência do leite, web, 2012.
RIBEIRO, José, in História de nossa terra: A fábrica da Mantiqueira, in Barbacena on-line, 2022.
 
Indicador Agro Pecuário, industrial e bancário de Minas Gerais
Foto:
Dom Quixote, 1918
Revista Fon-Fon
Cremeria, 1930, arquivo privado da Família Sorensen
 
Agradecimos:
Agradecimentos muitíssimos especiais e piedosos a Julio Jeha, que intermediou nosso contato com a família Sorensen na obtenção de preciosas informações que agora fazem parte deste texto. A Julio,  e Erik Sorensen em entrevista telefônica Brasil/Alemanha em 2022.
A minha inesquecível tia Célia Ayres de Lima e seu ácido humor. 

Um comentário:

  1. Parabens, Solange,belíssimo texto .. Bela história sobre o passado de Caxambu..."Os mortos vivem na memória dos vivos " Abç

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