Manoel Fernandes de Lima, fotografado em data desconhecida. Foto: Arquivo privado de Maria de Lourdes de Deus |
Manoel Ayres de Lima, nascido no ano de 1866 filho de José Fernandes Aires, Trançador-pai aqui escrito com "i" e Maria Lima de Souza, batizado a 7 de setembro de 1866 sendo os seus padrinhos Manoel de Seixas Baptista e sua esposa Dona Ignacia Germana Seixas.
O pai escolheu um homem na época "ilustre" para ser padrinho de seu filho, o político Manoel de Seixas Baptista, vereador da cidade de Baependi nos anos de 1870/80. E como era comum dar nome do padrinho à criança batizada então Manoel batizou "Manoel". O padrinho Manoel era também tio de um outro conhecido político, o ex-deputado da província, José Pereira de Seixas, diretor do então Colégio Sao Vicente, no ano de 1887. Manoel de Seixas Baptista devia ser "importante figura" na época pois participou da comissão de comércio para a preparação das festividades da visita da princesa Izabel à Baependi e Caxambu no ano de1868. Na comissão contava com outros "proeminentes políticos" da época, bem como o clero, e toda série de patentes, Alferes, tenentes, bem como comendadores e suas respectivas esposas e filhas.
Livres?
Quase 20 anos do nascimento de Manoel, em 1888 a Princesa Izabel assina a Lei Área, libertando os escravos de seus grilhões, mas não da pobreza. Sem perspectivas de trabalho os ex-escravos vagavam entre o desemprego e a pobreza absoluta. Muitos ficaram onde estavam: nas fazenda de seus antigos donos, agora como "livres". A tão querida liberdade não trouxe imediata felicidade a eles. Livres eles agora podiam contrair casamento, como foi o caso de sua esposa. Ironias da história ele, neto de um senhor de escravos, foi casar justamente com uma descendente deles. Assim aconteceu a grande mistura racial do Brasil se espelhando e alguns ramos de nossa família.
E o "proeminente" padrinho não ajudaria o afilhado e ele continuaria pobre como tantos outros apadrinhados. Manoel Fernandes casou-se até agora em data e local desconhecidos. Também não sabemos que profissão ele exercia. Sua esposa, Elisa Candida/Anna Elisa de Lima nasceu por volta de 1861. Elisa, conta a neta, Maria de Lurdes, era filha de escravos.
O casal teve somente 3 filhos: Maria Elisa Lima, nascida em 2 de marco de 1897, apadrinhada pelo comendador Joaquim Pereira Alves Madeira, proprietário de terras na região de Baependi e a protetora Nossa Senhora de Aparecida, Joao de Deus, nascido em 8 de fevereiro de 1902, batizado por Bonifácio José da Silva e Thereza Contestina Soler e Sebastiana Fernandes de Lima, nascida em 9 de outubro de 1904, batizada pelo Capitão João Baptista Siqueira.
Tragédia
Casados, Manoel e Elisa, ela agora livre, fundaram uma pequena família, cercada de tragédias.
Em 1906 falece Elisa de uma lesão no coração, aos 45 anos. Se não bastasse a infelicidade, falece também Manoel, dois anos após sua esposa, deixando 3 crianças sem pai nem mãe. Diante do sofrimento alheio Maria José de Lima, a irmã de Manoel e tia das crianças levou o pequeno João para ser criado junto com seus outros... 11 filhos. Assim João cresceu na família Rodrigues de Freitas. O destino e as histórias das duas meninas, espalhadas pelo mundo, Maria Elisa que tinha 9 anos e Sebastiana com apenas 2 anos de idade quando perderam sua mãe, ainda esta para ser contado. Sabe-se que elas foram parar no Rio de Janeiro e lá cresceram e fundaram suas família, onde hoje vivem os seus netos e bisnetos.
Laços de famíliaEm 1906 falece Elisa de uma lesão no coração, aos 45 anos. Se não bastasse a infelicidade, falece também Manoel, dois anos após sua esposa, deixando 3 crianças sem pai nem mãe. Diante do sofrimento alheio Maria José de Lima, a irmã de Manoel e tia das crianças levou o pequeno João para ser criado junto com seus outros... 11 filhos. Assim João cresceu na família Rodrigues de Freitas. O destino e as histórias das duas meninas, espalhadas pelo mundo, Maria Elisa que tinha 9 anos e Sebastiana com apenas 2 anos de idade quando perderam sua mãe, ainda esta para ser contado. Sabe-se que elas foram parar no Rio de Janeiro e lá cresceram e fundaram suas família, onde hoje vivem os seus netos e bisnetos.
Em sua curta estada na terra, Manoel como filho mais filho mais velho, foi ser padrinho de casamento do irmão José Ayres de Lima, o Trançador-filho e Gervásia Maria Ayres. Pelo lado de Gervásia, a apadrinhou o tio dela, Camilo Ferreira Junior, (que fora escravo de João José de Lima e Silva, o avô de Manoel) como vemos na certidão acima e abençoado pelo vigário Marcos Pereia Gomes Nogueira.
Os avós, o passado
Os avós de Manoel Fernandes de Lima, João José de Lima e Silva (1798-1875) e Maria de Souza Lima foram contados no sensu populacional da cidade de Pouso Alto, no ano de 1839, (vide acima), no endereço Quarteirão 2, Fogo 17, sendo este o mais antigo registro da Família Ayres até agora encontrado. Nele ainda não constava o nome de sua sua mãe, Maria de Lima de Souza, provavelmente nascida posterior a esta data. A família se mudou nos anos de 1850 para a região do Chapéu, município de Baependi e lá trabalharam na terra, como todos os agricultores da região, cultivando fumo, café. João José de Lima e Silva e alguns de seus filhos e genros foram possuidores de escravos e com certeza, assim como outros cultivadores de terras, vendiam os seus produtos para Corte do Rio de Janeiro, transportados través da Estrada Real, em lombo de mulas, chamados "Tropeiros". Mas a prosperidade teve fim. Vários fatores conduziram os seus filhos e netos à pobreza: Com a morte dos pais, as terras herdadas foram divididas e a economia familiar esfacelada. A abolição prometia liberdade para os escravos, mas os agricultores sem alternativas para a imediata substituição de mão de obra na lavoura, foram obrigados a se desfazerem de suas propriedades como foi um clássico exemplo na família, o caso de José Florencio Bernardes, casado com sua tia Thereza Ribeiro de Lima. Ele colocou a propriedade à venda em 1886 coincidindo exatamente com o fim da escravidão.
Algumas dúvidas ainda por esclarecer...
Manoel faleceu às 5 horas da tarde no dia 27 de abril de 1908, como consta na certidão abaixo, como "solteiro". Segundo nossas pesquisas até o momento, não foi encontrado sua certidão de casamento, colocando em dúvida se ele era mesmo oficialmente casado com Elisa. Por ter sido "confessado e encomendado, provavelmente sofreu de doença prolongada, pois houve tempo do padre João de Deus fazer-lhe visita no leito de morte.
Os tempos passam, a história fica, seus descendentes estão ainda aí para contar e recontar as histórias.
Vejam na árvore genealógica a relação de parentesco
Projeto compartilhar, inventario de Lucinda Meireles Siqueira
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