sábado, 3 de junho de 2017

A nossa Ninfa representante das Águas de Caxambu na Exposição do Centenário da Independência de 1922


E lá estavam elas, as nossas águas no seu devido lugar: num palácio, Palácio das Grandes Industrias, no Rio de Janeiro. Elas participaram da exposição em comemoração do Centenário da Independência do Brasil, realizada no governo de Epitácio Pessoa e que aconteceu entre setembro de 1922 e março de 1923. Foi a maior exposição internacional realizada até hoje em terras brasileiras.

Ao todo participaram da exposição 14 países e as nossas águas novamente foram expostas para o mundo juntamente com os produtos da Argentina, America do Norte, Bélgica, Dinamarca, França, Inglaterra, Itália, Mexico, Japão, Noruega, Suécia e Tcheco-Eslováquia.  O Brasil teve 6.013 expositores, representando os estados da federação. Minas compareceu com 1.075 expositores. Três milhões pessoas passaram pelos estantes que ficavam abertos até às 22 horas.

A exposição foi dividida em pavilhões: Administração, Alimentação, Estatística, Agricultura e Viação, das Pequenas Indústrias, das Grande Indústrias, Caça a e Pesca, Cervejaria Antártica, Jóias, e um em Honra de Portugal. Ah, esqueci de dizer que tinha também um Pavilhão das Festas. E... era festa todo dia! Em diversos pontos da Exposição realizavam concertos, bailes, danças, exibição de filmes e a noite espetáculos de fogos de artifício. Como a Exposição foi até fevereiro, não faltaram comemorações carnavalescas à moda dos anos 20, com batalhas de confete e serpentina, corsos, passeadas e alegorias.


A exposição tinha do leve ao pesado (fotos cima). O carro decorado pela Floricultura de Barbacena, que ganhou medalha de ouro no corso realizado durante feira, e a gigantesca hélice de um navio, fabricado nos estaleiros do Rio. O Leite Moça  fez sua aparição no "Chalé Moça" e esta aí até hoje nas prateleiras dos supermercados.  Concorrência por concorrência o Elixir de Inhame Goulart ganhou medalha com o slogan:  "Depura o sangue". As nossas águas fariam o mesmo efeito. Os produtores se enfeitaram posteriormente com os títulos ganhos e que eram a melhor propaganda para seus produtos. Mas não acreditamos muito  na veracidade da Academia Scientítifica da Beleza, que foi agraciada com o Grande Premio na exposição. Eles prometiam... reduzir ou aumentar os seios em 3 seções de tratamento. E por correspondência! Eram ainda os velhos tempos, ah eram.

A nossa água ficou hospedada no Pavilhão das Grandes Indústrias. O prédio abrigava o antigo Arsenal de Guerra e foi restaurado para se transformar em área de 9.500m de exposição. Ele foi projetado pelos arquitetos Archimedes Memória e F. Cuchet. O Estande da Empresa das Águas estava uma uva! Decorado com a Ninfa e uma gráfico da venda de nossas águas. As estatísticas contavam 6 milhões de garrafas vendidas anualmente!

Estatísticas? Poucos se interessavam por elas, menos ainda a imprensa, que na maioria  noticiava as festas, os banquetes em homenagem a fulano e sicrano. O verdadeiro sentido da Feira foi esquecido, isto é, os expositores e seus produtos, bem como quem ganhou o que, em qual categoria.  Faltou objetividade. Pouco ficamos sabendo o que realmente foi mostrado na feira, a não ser sobre as delegações estrangeiras que tiveram destaque nos noticiários. Minas ficou muito bem posicionada. Seus produtos foram agraciados com 886 prêmios, à frente de São Paulo, com 579 e Bahia, 437. Ninguém, ficou sabendo, muito menos em Minas.

E nas nossas barbas...

E debaixo de nossas barbas receberam o Grand Prix, isto é, o Grande Premio, a água de "Luso"; e a "Vidago", da fonte Salus que ficou com a medalha de ouro. Todas duas de... Portugal. As nossas?

Ninfa ausente



Agora uma dúvida. Foi a nossa Ninfa "pessoalmente" lá, digo, a retiraram do Parque das Águas, ou fizeram uma cópia e colocaram no estande da Empresa, na feira? Pelo menos, para o seu pedestal, tentaram reproduzir o estilo da Cascata de Chico Cascateiro. Ah, talvez ela tenha aproveitando a estadia na cidade maravilhosa até que ficasse pronto o laguinho, onde hoje ela se encontra.


Fonte:
A Exposição de 1922 (RJ)- 1922a 1923
Ilustração Brasileira 1901-1958
Relatório dos Presidente dos Estados Brasileiros (MG) 1891-1930.
Ilustração portuguesa Edição Semanal "O Século"
Jornal do Comércio, 1923.
Fotos:
Careta, RJ, 1922
Arquivo privado

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